Um pouco da história da Igreja Metodista

Autor: Autor Desconhecido

O Metodismo, nome derivado do “método” com que os estudantes da Universidade de Oxford organizaram suas vidas, surgiu na Inglaterra no século XVIII, como fruto de uma marcante experiência religiosa, pela qual passou o Reverendo João Wesley. A Igreja Metodista, que hoje é uma das maiores Igrejas evangélicas do mu ndo, nasceu como um movimento de renovação da Igreja Anglicana. A John Wesley e a seu irmão Carlos, juntaram-se outras pessoas, todas elas imbuídas do mesmo propósito: transformar a Igreja e a sociedade inglesas, espalhando a santidade bíblica por toda a terra.
Os efeitos imediatos desse movimento de renovação se fizeram perceber nitidamente na realidade social e política daquele tempo, pois a alguns dos mais angustiantes problemas que afligiam o povo, os primeiros metodistas procuraram dar resposta. Questões como a desassistência dos filhos dos mineiros de carvão, bem como a escravidão de seres humanos são apenas algumas das muitas questões que podem ser mencionadas, quando se pretende expressar a intesidade dessa preocupação.
Especialmente importante foi a presença evangelizadora dos metodistas na Inglaterra do século XVIII, não somente nessa época, mas também até os dias atuais. A começar por seu fundador que, na impossibilidade de pregar o Evangelho num templo da Igreja Oficial, ocupou o túmulo de seu próprio pai e fez dele seu púlpito para falar da boa nova de salvação. Os metodistas têm enorme desejo de levar adiante a mensagem de Cristo – O Evangelho do Reino de Deus. Sobre cada um deles pesa a urgente chamada de anunciar, a tempo ou fora de tempo, a redenção da humanidade por meio de Jesus Cristo.
A salvação que Deus opera no coração crente, por meio de Cristo, é compreendida pelos metodistas, todavia, de uma forma integral: compreendem que Deus quer redimir a pessoa como um todo; é exatamente por isso que os metodistas têm se empenhado no mundo inteiro por edificar templos para a Pregação da Palavra libertadora de Deus, mas, também, criam instituições sociais, a fim de dar continuidade, desta forma, à mensagem redentora do Evangelho. Hoje, pode-se contar um amplo número de creches, asilos, orfanatos, hospitais, escolas e universidades, entre outros, que os metodistas têm edificado pelo mundo inteiro.
O Metodismo, como organização religiosa, chegou ao Brasil vindo dos Estados Unidos da América em princípios do século XIX, mais especificamente 1835, por obra do Reverendo Fountain Pitts; a este somaram-se os Pastores Daniel Kidder e Justin Spaulding com seus respectivos familiares. O trabalho missionário sofreu, entretanto, uma interrupção, sendo continuado, somente, depois da guerra civil norte-americana por meio dos Missionários Junius Newman e João J. Ramson, os quais fundaram uma missão em 1876 na cidade do Rio de Janeiro.
A Igreja Metodista passou a ser autônoma da Igreja mãe em 1930, quando foi declarada oficialmente sua autonomia. Quatro anos depois, foi eleito o primeiro bispo brasileiro: o Reverendíssimo Bispo César Dacorso Filho.
Hoje, contam-se cerca de 120 mil metodistas em todo o Brasil, dos quais 53 mil residem na área do Estado do Rio de Janeiro (1ª Região Eclesiástica), presidida pelo Bispo Paulo Tarso de Oliveira Lockmann.

Comunidade Missionário à Serviço do Povo

A opção de pensar ser uma Comunidade Missionária a serviço do Povo tem na Herança Metodista a sua vocação, sua diretriz. Claro que não é uma volta aos inícios do Metodismo na Inglaterra simplesmente, mas uma atualização nos princípios do MOVIMENTO METODISTA, diante da realidade de que hoje somos chamados a sermos Igreja de Jesus Cristo.
Vários documentos metodistas nos orientam neste aspecto, tendo por base o LIVRO No. 1: a Bíblia Sagrada, instrumento a comunicação da Palavra de Deus. Ela não pretende esgotá-la, mas aponta dentro de nossa tradição wesleyana a base do Quadrilátero: Razão, Experiência, Tradição e Criação.
É importante ressaltar que no livro “Wesley e o povo chamado metodista”, escrito pôr Richard P. Heitzenrater ( Editeo/Pastoral Bennett, 1996 – Rio de Janeiro), na reflexão sobre a Missão do Metodismo, os metodistas na década de 1730, quase todos homens da universidade, haviam gasto boa parte de seu tempo, dinheiro e energia no ministério de misericórdia para com o pobre – educando as crianças nos albergues, levando alimento aos necessitados, fornecendo lã e outros materiais com os quais as pessoas pudessem fazer roupas e outras coisas duráveis para usar ou vender. Esta ênfase particular em amar o próximo e seguir o exemplo de Cristo, continuou a caracterizar o metodismo, quando ele experimentou o reavivamento.
O tema “Comunidade Missionária a Serviço do Povo” é provocado por uma profunda reflexão que a Igreja Metodista viveu no ano de 1982, quando aprovou o Plano para a Vida e Missão da Igreja ( PVMI ), e declarou o seu entendimento do que vem a ser participar da Missão de Deus.
Duncan Reily diz que “a Igreja Metodista vem buscando, especialmente a partir de 1974, um direcionamento pastoral que se formaliza nos seus ‘planos quadrienais” (A história da Igreja, São Paulo, Imprensa Metodista, 1993). É importante destacar que estes planos rediscutiram a visão antropológica bíblica, que aponta para uma concepção de integralidade do ser humano. A salvação precisa ser vista de modo integral, quer seja na concepção humana, como também na realidade social, expressão do resgate da CRIAÇÃO com um todo. Portanto, ser Igreja Metodista: uma comunidade missionária a serviço do Povo, busca ter esta dimensão.
Lembremo-nos de que o Rev. H. C. Tucker, ao adquirir a propriedade do Instituto Central do Povo em 1906, faz uma opção clara de estar ao lado dos mais excluídos, ou seja, a serviço do povo empobrecido, quer seja na área de educação popular, quer na área da ação social – saúde e outras realidades – , e especialmente, na área celebrativa e cúltica – Igreja São João, afirmando assim o Deus Javé, Deus da Vida Abundante, humanizado em Jesus Cristo.
Segundo o PVMI, a Igreja Metodista, em sua vocação, entende a SANTIFICAÇÃO como expressão das obras de piedade – vida devocional – , e de misericórdia – solidariedade aos mais excluídos(as). O plano traz, assim, em seu viver prático a concepção de que “a Missão de Deus no mundo é estabelecer o Reino de Deus. Participar da construção do seu Reino em nosso mundo, pelo Espírito Santo, constitui-se na tarefa evangelística, e eu acrescento, e de ação social da Igreja”.
O Colégio Episcopal em seu relatório ao XV Concílio Geral (1991) diz que Dons e Ministérios: Espiritualidade e Serviço, é um estilo de vida comunitária e uma estruturação missionária da Igreja. Desta forma o tema: Igreja Metodista, uma comunidade missionária a serviço do Povo, não nasce como uma expressão de lobby promocional, nem como expressão de marketing, mas é uma vivência nos 262 anos de existência do metodismo – 24 de maio de 1738, marca de uma experiência de Avivamento Genuíno da Graça redentora de Deus para nossas vidas, tornando-nos instrumentos da vontade de Deus. Este movimento marcou a vida social da Inglaterra, onde realizou a expressão de Wesley: “Reformar a Nação, particularmente a Igreja e espalhar a santidade bíblica pôr toda a terra”.
Hoje nós temos várias iniciativas no campo das Obras de Misericórdia. Já citei o Instituto Central do Povo, que tem 94 anos de existência – Educação Popular e Ação Social (cerca de 500 crianças em tempo integral – cinco refeições por dia). Há outras instituições regionais e locais na área de ação social: Instituto Ana Gonzaga – lares sociais e outras iniciativas na promoção da vida; Lar Ana Gonzaga e Instituto Carlota Pereira Louro, que trabalham com a terceira idade; o Centro de Recuperação de Toxicômanos em Cabo Frio; e o EVANGEMED – demonstração de carinho e solidariedade através dos profissionais da saúde. Temos as Pastorais Sociais: Pastoral de Combate ao Racismo, Pastoral Carcerária, Pastoral de Juventude em Conflito com a Lei e Pastoral de Favela. Existem outros trabalhos sociais em nossa Região movidos pelas igrejas locais. A Igreja da Rocinha possui um Centro Comunitário que atende a várias crianças da favela por meio da sua Creche e Escola Susana Wesley e possui parcerias com outras entidades de promoção social. As Associações Metodistas de Ação Social (AMAS) são presença significativa no avanço missionário de nossas igrejas: Igreja de Copacabana, Igreja de Vital Brasil, Igreja de Realengo, Igreja Central de Niterói e outras iniciativas que nossas comunidades metodistas espalhadas por este Rio de Janeiro realizam, demonstrando o AMOR DE JESUS através de seus atos de solidariedade.
A imagem de Deus precisa ser recuperada na vida das pessoas que estão à margem da sociedade (cf. Mc 10. 46-52), dando-lhes dignidade à sua existência, proporcionando o exercício da cidadania plena, onde a vida possa ser desfrutada em Cristo Jesus na sua integridade. Esses serviços buscam dar esta dimensão do amor de Deus revelado em nossos atos de carinho.
Falar de uma Comunidade Missionária a SERVIÇO DO POVO, diz de uma confissão de fé que rege nosso caminhar como comunidade e que busca uma realidade de vivência comunitária. Aí está o desafio em nossa pluralidade; vivermos em comunhão em nossa diversidade de ver e agir, fruto da criatividade de Deus, que institui como centro de nosso Culto de Louvor ao Deus da Vida, a Santa Ceia do Senhor – Eucaristia. Ela é o oferecimento de sua AÇÃO de GRAÇA, Jesus Cristo, nosso parâmetro para que o dom e a prática de nosso ministério, leigos e leigas, os pastores e pastoras, seja fortalecida pela oração comunitária, pela partilha da Palavra, pela Comunhão do Pão e do Vinho, tornando assim a Igreja Metodista um instrumento de comunicação da unidade e da força da Graça de Deus, ou seja, uma comunidade a serviço do povo.

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