Resgatando a Reforma

Autor: Elvis Kleiber

O Brasil vive um momento político diferente em sua história. Os problemas ainda são muitos, mas não faltam expectativas e sinais positivos de que estamos em direção a um avanço político e social que poderá promover o tão sonhado crescimento econômico com geração de empregos e renda para a população. O desespero das antigas negociações com o FMI (fundo monetário internacional) parece não ser mais nosso algoz cativeiro, e aos poucos o país conquistas novos mercados por meio das exportações e se mostra como uma forte liderança entre as demais nações em desenvolvimento. É bem verdade que nossa política social considerada o carro chefe do atual governo ainda não decolou, mas todos nós sabemos que as transformações que tanto queremos não ocorrerão nos próximos quatro anos. Por outro lado, há de se continuar promovendo reformas no país. Além das reformas tributárias e da previdência social é necessário que se faça entre outras a reforma política que acabe com a vergonha das mudanças de partido que hoje ocorre entre os políticos com a mesma freqüência como quem troca de roupa. Precisamos estar atentos para as conveniências pessoais na mudança de muitos deles e darmos nossa resposta nas próximas eleições por meio de uma varredura política.

As Igrejas e templos religiosos de todas confissões no Brasil também vivem dias de reforma. Trata-se das reformas de seus estatutos e regimentos internos para se adequarem ao novo código civil. Estas instituições perante a nova lei são consideradas associações e portanto estarão enquadradas a certos dispositivos legais que farão o estado ter uma maior fiscalizações sob sua vida econômica e seus associados ganharão uma maior autonomia no amparo legal de seus interesses. Apesar da polêmica inicial que a lei ocasionou, é possível admitir que as Igrejas que são administradas com transparência e seriedade não devem ter sua rotina alterada. Porém as fraudes e sonegações estarão sujeitas a maior rigorosidade por parte da justiça. O certo é esta reforma também levará algum tempo para ser mais bem assimilada pelos fiéis.

Como vemos, as reformas levam um tempo para promoverem mudanças em nossa vida. E muitas vezes com o tempo estas mudanças podem sofrer transformações contrárias ao seu propósito original. Um claro exemplo disso é quanto à reforma religiosa promovida em 31 de Outubro de 1517 por Martinho Lutero, quando este fixou as 95 teses na porta da Igreja do castelo de Wittenberg. Nelas, condenava os abusos do sistema das indulgências convidando todos a um debate sobre o assunto. Passados 486 anos as indulgências deram lugar aos “símbolos de fé”. São flores, óleos, arcas, água, e outros apetrechos litúrgicos dos chamados encontros de consolidação, de multiplicação e uma “nova visão” de Igrejas em células que parece reivindicar uma nova ordem messiânica para a próxima reforma religiosa entre as Igrejas já reformadas. Alegro-me em poder comemorar esta reforma acreditando ainda que só a graça de Jesus e a revelação das escrituras são suficientes para salvar o homem. Deus possui decretos infalíveis e irrefutáveis. Colocar sobre o homem a responsabilidade de aproximar-se Dele sem sua soberana escolha e ação é negar-lhe o poder e a glória que o faz ser Deus. “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia”. (Rm.9:15,16)

Elvis Kleiber Fernandes de Carvalho
É pastor da Igreja Congregacional da Federação (Salvador/Ba)
e-mail: elvis kleiber@ig.com.br

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