Autor: Fernando Fernandes
1 Tessalonicense 2.1-16
Introdução:
Este início de século tem se marcado, de um lado, por um ceticismo que ignora as coisas de Deus e da espiritualidade e, de outro lado, por um misticismo exagerado que resgata os postulados das religiões espiritualistas, das seitas orientais e do esoterismo.
Se não bastasse, ainda contemplamos com pesar um segmento populacional intermediário, que opta pelo sincretismo religioso e que expressa sua fé a partir da fusão de práticas conflitantes e irremediáveis, tais como orações para descarrego, banho de sal grosso, copo com água benta, rosa vermelha, moedas de um centavo como amuleto da sorte na carteira para atrair prosperidade e fita preta com sete nós, entre outras práticas, como se fosse possível conciliar macumbaria com cristianismo evangélico.
Em meio a essa turbulência religiosa, prova inconteste da necessidade de missionários atuantes no mundo de hoje, todo cristão verdadeiro é desafiado à proclamação do evangelho autêntico. O mundo precisa ouvir o evangelho em sua essência, ouvindo de nós a mensagem que proclame unicamente a Cristo, o único suficiente Salvador, encarnado, morto, vencedor, e que ressuscitou dos mortos para conceder vida eterna aos que nele crêem.
Vejamos no texto de 1 Tessalonicense 2.1-16,algumas das características que devem se destacar em nossa proclamação missionária.
A primeira característica de uma mensagem missionária é que ela…
1. É vinda de Deus – vs. 1 e 2:
Paulo compreendia que o trabalho da pregação não era vão, ou seja, não era esvaziado de sentido, e mesmo que maltratado e perseguido por pessoas inescrupulosas e de atitudes insolentes, não desanimava.
O desânimo não abatia o coração do apóstolo por que ele tinha plena consciência de que mensagem que proclamava era o Evangelho do Cristo de Deus, ou seja, a Boa Notícia do ano aceitável da salvação de Deus para o mundo, Isaías 61.2.
Somente a igreja de Jesus Cristo, consciente do seu papel como agência implantadora no reino de Deus na Terra, liberta da ganância do proselitismo, do tradicionalismo embotador e do preconceito sociocultural, é habilitada para a proclamação da verdadeira mensagem Evangelho de Deus para o mundo.
Isto por quê? Por que somente uma igreja santa, revestida no poder e na unção do Espírito Santo, e que vivencia o milagre de ser o Corpo Vivo de Cristo, tem a mensagem da salvação que responde as questões dos céticos, que preenche o vazio dos espiritualistas e que elimina as discrepâncias e aberrações do sincretismo.
Somos desafiados a proclamação de Cristo Jesus, a mensagem que vem de Deus, por que somente Cristo tem sentido e eternidade espiritual.
Igreja; proclamemos a Cristo, a mensagem que não se desvanece com as pressões do mundanismo e nem perde o seu significado com o passar do tempo.
Outra característica da mensagem missionária é que ela…
2. Deve ser proclamada segundo a vontade de Deus – vs. 3 e 4:
O comunicador do evangelho deve ser aprovado por Deus, isto é, deve passar pelo crivo do Deus inspirador da mensagem.
Vale ressaltar que não sou contra o preparo teológico e nem esposo a idéia de que o Espírito fala indiscriminadamente. Até creio que o espírito fala, mas não podemos usar a soberania do espírito Santo para justificando a negligência do pregador.
Observando o texto, vemos que Paulo utiliza expressões tais como erro, no original “planetas errantes”, pensando em uma mensagem sem propósito e sem direção definida. O apostolo ainda usa o termo imundícias, se referindo as
práticas imorais que são comuns nas religiões e seitas pagãs, e dolo, que tem a idéia de “pegar com uma isca”.
Com estas expressões, Paulo está combatendo o uso de subterfúgios e de promessas absurdas para atrair as pessoas. O apóstolo deseja mostrar que não deve ser assim a transmissão do evangelho, visto que Deus não usa e nem aprova a utilização de tais métodos na proclamação do evangelho da salvação em Jesus.
Fica evidente no texto, verso 4, a confrontação dessas metodologias com a expressão “aprovados por Deus”, indicando que antes de receberem o privilégio da proclamação do evangelho foram testados, burilados e aquilatados pelo próprio Deus, como em um processo seletivo para a averiguação do caráter do pregador e da autenticidade da sua pregação.
Nem sempre teremos a aprovação humana na proclamação do evangelho puro e cristalino, mas como afirma o texto, não devemos servir aos interesses humanos, antes, devemos estar motivados pela vontade de Deus.
Nossa proclamação missionária deve sempre iniciar com a expressão “assim diz o Senhor”, Zacarias 1.3, mesmo que colecionemos críticos, inimigos ou correligionários indiferentes, para que possamos encerrar com o oráculo profético; “o Senhor o disse”, Isaías 40.5.
Uma terceira característica da mensagem missionária é que ela…
3. Deve ser proclamada com amor – vs. 5-9:
Não podemos aniquilar as nossas emoções e os nossos sentimentos na pregação do evangelho, como nos obrigaram a fazer durante séculos.
Segundo George Barna, no livro o Marketing na Igreja, o produto mais raro e mais procurado pela humanidade em tempos de pós-modernidade é o relacionamento fraterno e sincero. Este tipo salutar de relacionamento deve ser encontrado na igreja, na prática da comunhão cristã.
Sentimento é sintoma de vida. É coração pulsante. Amor é ação que reflete a síntese entre razão e emoção. Amor é vontade propulsora que se expressa pelo toque, pelo olhar, pela palavra ou pelo afago.
Paulo fala deste amor usando a figura da “ama que acaricia”, que aquenta e que afaga junto ao seio, os seus filhos. Fica patente a sua grande afeição por aqueles irmãos desde quando ainda eram simples ouvintes da mensagem. Na verdade, Paulo tinha grande afeição por aqueles irmãos, isto é, tinha uma disposição altruísta em partilhar com eles a vida, por serem “muito amados” do apóstolo. A idéia do texto é a de um amor idêntico à manifestação de amor e de cuidado que se dedica a crianças indefesas.
Amar o pecador não é ser conivente com o pecado cometido. O cristão que assume o seu papel na proclamação do evangelho deve apresentar sua mensagem com sincero amor, com afeição genuína e com dedicação extrema, em defesa do pecador escravizado pelo pecado, testemunhando a sua própria libertação do
pecado e a vida abundante que recebeu em Jesus Cristo.
A quarta característica, que é de extrema relevância, ressalta que…
4. Devemos proclamar a mensagem que vivenciamos – vs. 10-12:
Falarmos daquilo que é comum em nosso cotidiano. Falamos da vida. Da nossa vida, da vida alheia, porém, muitas vezes nos esquecemos de falar da vida abundante que recebemos em Jesus. Na verdade, deveríamos falar muito mais com as nossas vidas do que com palavras sem vida que proferimos.
Não podemos fugir da nossa responsabilidade de uma vida pautada nos padrões da Palavra de Deus. No texto em pauta, o apóstolo Paulo alista o desafio do padrão da vida cristã nas expressões “santa”, “piedosa”, “agradável a Deus”, ou seja, uma vida justa e correta segundo as leis humanas, e “irrepreensível”, ou seja, sem falta, inculpável. Pois bem, santidade, piedade, honestidade e probidade devem ser marcas latentes e indeléveis de um cristão verdadeiro e missionário.
Amados, não estamos comunicando apenas fatos, ensinos conceituais ou eventos extraordinários. Estamos proclamando vida e salvação. Temos sim o compromisso de ser exemplo para os nossos ouvintes, a fim de que creiam, de que se entreguem de corpo e alma, como escrito no original, a Jesus Cristo.
As pessoas que nos ouvem proclamar o evangelho devem perceber que nossa mensagem e nossa conduta diária são interativas, interligadas e convergentes no ideal de nos identificarmos com o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
No verso 11, Paulo fala que agiu tal qual um pai age para com o seu filho. A figura do pai gera revolta ou o desejo de imitar. É referencial. Se praticamos a mensagem que pregamos, somos como que plasmadores de uma geração futura que pautará a sua existência de forma agradável a Deus. Serão dignos de Deus, como afirma o verso 12.
A quinta e última característica da proclamação missionária é a sua…
5. Atuação efetiva na vida daqueles que a aceitam – vs. 13-16:
Discursos vazios, contraditórios, prepotentes e ofuscados pelo orgulho do preletor não servem para a comunicação do evangelho da salvação em Cristo Jesus.
O apóstolo Paulo não tem dúvidas quanto ao operar da mensagem proclamada.
Paulo tinha convicção de que proclamava a Palavra de Deus e isso se comprova na expressão do verso 13, que indica que os ouvintes receberam a mensagem como realmente ela é; a “Palavra de Deus”. É interessante notar que o termo utilizado por Paulo é o mesmo que aparece em João 1.1 e 14, que apresenta a Jesus como o verbo, o logos, de Deus.
Amados, a nossa mensagem é Jesus. Só Jesus é a Palavra viva, eficaz, eterna e penetrante de Deus, que salva, liberta, regenera e transforma o homem pela sua atuação eficaz e pela manifestação do seu poder salvador e regenerador.
A nossa mensagem evangelizadora deve desencadear uma ação efetiva, como que um efervescer que provoca transformações na essência e na consistência da vida daqueles que aceitam a Jesus como o seu único e suficiente Salvador.
Conclusão:
Pois bem, amados, para este tempo conturbado e massificado pelo ceticismo, pelo espiritualismo, pelo esoterismo, pelo sincretismo e pelo evangelho de peculiaridades esdrúxulas, devemos proclamar a mensagem pura, límpida e poderosa do evangelho de Jesus Cristo.
Nossa mensagem deve ser o próprio Jesus Cristo, a Palavra viva poderosa de Deus, que atua na vida de quem crê, promovendo a reconciliação com o Criador e a restauração das mazelas espirituais causadas pelo pecado.
Somos desafiados por Deus para a proclamação missionária. Fazer missões é promover a paz. É proclamar Palavra de Deus ao mundo, a partir do testemunho pessoal e segundo a vontade de Deus, demonstrando o amor com que Deus tem nos amado em Cristo, Romanos 5.8.
Se assim fizermos, alcançando os objetivos de Deus, de certo multidões e multidões, pelo poder do Espírito Santo, que torna eficaz a proclamação missionária, o evangelho há de operar salvação e há de possibilitar que milhares e milhares de pessoas migrem das profundezas do inferno para o reino do Filho amado, Jesus.
Somos proclamadores da mensagem missionária. Que, pela graça de Deus, jamais negligenciemos este compromisso.
Amém.
Faça um comentário