Pregando sobre a esperança

Autor: Frederick Buechner




Se os pregadores decidem pregar sobre a esperança, que eles então preguem sobre aquilo que eles mesmos esperam.

Eles esperam que as palavras de seus sermões tragam algum tipo de entendimento e completude aos corações das pessoas que os ouvem e ouvem seus próprios corações. Eles têm esperança que as orações públicas que eles oram sejam ouvidas e atendidas, e a mesma esperança quanto às orações privadas da congregação.

Eles esperam que de alguma forma os hinos entoados, as ofertas em dinheiro e as trocas de votos pela paz sejam de alguma forma aceitáveis aos olhos Daquele em cujo nome as coisas são feitas. Eles esperam que o sacramento do pão e do vinho sejam mais do que exercícios mecânicos.

Eles esperam que todos aqueles que vêem a igreja semana após semana possam encontrar alimentos para seus espíritos o tanto quanto se tivessem ficado em casa lendo um livro ou fazendo exercício. No centro de suas esperanças está a esperança de que Deus ao qual eles gritam realmente exista.

E no coração do coração está Cristo – a esperança de que ele realmente é aquilo que eles por anos estão dizendo que ele é. Que ele realmente conquistou o pecado e a morte. Que nele e por meio dele nós também temos a chance de conquistar o pecado e a morte. “Se Cristo não ressuscitou da morte, então a nossa fé é fútil e ainda estamos em pecado”, escreveu São Paulo aos Coríntios. “Se nós esperamos em Cristo apenas para esta vida, somos dentre todas as pessoas as mais miseráveis”. Se os pregadores vão falar sobre a esperança, que falem honestamente assim como Paulo falou da desesperança. Que reconheçam a escuridão e a miserabilidade da condição humana, incluindo suas próprias condições, sobre as quais a esperança traz ainda um raio de luz.

E que eles falem com igual honestidade sobre suas próprias razoes para ter esperança – não a justa doutrina oficial, razões bíblicas, mas as razões profundamente enraizadas em suas experiências diárias. Eles têm esperança de que Deus existe porque de tempos em tempos durante anos a fio eles creram que foram tocados por Deus. Que os pregadores falem daqueles tempos com candura, concretude e paixão sem as quais a eloqüência homilética e as técnicas do mundo têm pouco valor.

Eles crêem que Jesus é a ressurreição e a vida porque naqueles poucos e preciosos momentos de suas pequenas mortes e ressurreições encontraram Cristo. Que falem desses momentos não como palestrantes ou propagandistas, mas como seres humanos falando dos seus próprios corações a amigos mais chegados que num determinado ponto saberão se estão dizendo a verdade ou apenas papagaiando.

O problema com muitos sermões não é tanto que os pregadores estão fora da realidade com aquilo que acontece no mundo ou com os livros ou a teologia. Eles estão fora da realidade com aquilo que está acontecendo em suas próprias vidas e nas vidas do povo ao qual pregam. Seja o tema esperança, fé ou caridade ou qualquer outra coisa, que falem da viva verdade de suas experiências sobre esses assuntos relevantes. Que tenham a coragem se ser eles mesmos.

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