Por que sou Fundamentalista?

Autor: Luiz Antonio Ferraz




Por que Sou Fundamentalista? Evangélico ou Fundamentalista?

Introdução
É preocupante a maneira como as pessoas usam e abusam do termo evangélico. Consideram evangélicos todo aquele que diz: "Senhor, Senhor!" (Mt.7:21). Mas o termo já está tão desgastado e deturpado como o outrora honroso título de "cristão". Vê-se com freqüência reportagens na TV sobre a guerra dos "cristãos" [ou protestantes] da Inglaterra contra os católicos da Irlanda. O mundo do Oriente erradamente considera todos os ocidentais como cristãos. Mas não podemos rejeitar o termo "cristão" somente porque ele é usado distorcidamente por crentes professos. Ele é nosso por direito, pois nos foi dado pejorativamente, quando os oponentes do cristianismo o rejeitavam. Hoje todos, que se dizem cristãos, aceitam o uso do termo. Mas os verdadeiros cristãos são aqueles que seguem a Cristo e seus ensinamentos expostos na Bíblia Sagrada, sem nada omitir ou acrescentar à Escritura. Então os cristãos professos deveriam rejeitar o termo, porque eles não são seguidores de Cristo.
Entretanto para não ser confundido com um cristão professo, prefiro identificar-me como cristão fundamentalista. Os cristãos liberais detestam o termo fundamentalista, por considerarem anti-social, anti-intelectual e radical.
O fundamentalismo não está em alta ultimamente, por causa da importância que a imprensa tem dado ao termo para se referir aos fundamentalistas islâmicos. A idéia que se tem de um fundamentalista, é de um fanático, ultrapassado, radical, inflexível e ignorante. Portanto os cristãos professos não gostam se ser enquadrado nesses termos.
Não me importo se ser classificado de fanático radical, e não tenho receio de usar o termo. Identificar-se como fundamentalista hoje, é expor-se como ignorante, separatista e ultrapassado, mas é também demonstração de coragem e amor à causa da verdade. Este termo é de grande significância histórica para os verdadeiros cristãos, que defendem e praticam a verdadeira fé cristã. Precisamos declarar a pleno pulmões: Não somos protestantes, não somos evangélicos; somos cristãos fundamentalistas!

O Surgimento do Liberalismo Teológico
O Dicionário Aurélio define evangélico como "Relativo ou pertencente a certos grupos religiosos, não ligados ao protestantismo histórico, que afirmam seguir os Evangelhos com especial rigor e fidelidade." De acordo com esta definição, qualquer grupo, que, originalmente, não faça parte do protestantismo histórico é considerado evangélico, porque são seguidores do evangelho.
Mas nos séculos XVII e XVIII a igreja evangélica [protestante e não-protestante] foi infectada por várias formas de incredulidade. O deísmo inglês, o naturalismo francês, e o racionalismo alemão começaram a invadir gradualmente a igreja professa, particularmente seus institutos de ensino. Durante o papado de Pio X muitos professores foram expulsos das universidades católicas porque rejeitavam a autoridade da Escritura e da Igreja Católica. O papa Pio X passou a chamá-los de "modernistas". O liberalismo moderno atravessou o Atlântico, infectando colégios e seminários teológicos vinculados a igrejas, nos Estados Unidos da América.
A partir daí, os protestantes passaram também a empregar o termo modernistas àqueles que rejeitavam a Bíblia e a autoridade da Escritura e defendiam a supremacia da razão humana sobre a revelação bíblica. A teologia liberal dos modernistas mudou a autoridade da Bíblia para a experiência humana (razão e opinião) e para os sentimentos humanos. Passaram a defender a imanência divina em detrimento de sua transcendência divina para ensinar que Deus habita dentro do mundo e não à parte ou acima do mundo, levando à uma noção de panteísmo e à paternidade universal de Deus, com um conceito de fraternidade universal entre os homens e um universalismo teológico, valorizando, assim, as religiões pagãs.
O liberalismo teológico, por defender a existência inata de uma bondade humana, trouxe um otimismo humanístico, servindo de base ao progresso social, ao estado ético da perfeição humana, dando apoio filosófico à teoria da evolução e apoio político ao socialismo marxista.
Na verdade o liberalismo surgiu no Éden, quando Satanás levantou a dúvida: "É assim que Deus disse…?" O liberalismo tem produzido um evangelho social, acerca do qual podemos mencionar três resultantes:
1- uma falsa ciência: a teoria da evolução,
2- uma falsa filosofia: o marxismo,
3- uma falsa teologia: outro evangelho!
Com o surgimento dessas doutrinas satânicas, batistas e protestantes, nos EUA, levantaram-se contra o modernismo, posicionando-se ao lado da verdade bíblica. Desse modo tanto protestantes quanto batistas, foram chamados de fundamentalistas. Mas quem primeiro usou o termo foi Curtis Lee Laws, editor do jornal batista Watchman Examiner, de Nova York. A intenção do autor era destacar verdades fundamentais do cristianismo, que os modernistas estavam rejeitando ( Ef.2:20; 1Co.3:11).

As Diversas Fases do Fundamentalismo
George Dollar divide o fundamentalismo em três períodos:
(1) De 1875 a 1900, no qual líderes conservadores levantaram a bandeira contra o modernismo dentro das denominações. (2) De 1900 a 1935, no qual esses líderes deixaram suas denominações para formarem igrejas e grupos separados. Eles foram os arquitetos da separação eclesiástica. (3) De 1935 a 1983, no qual a segunda geração de fundamentalistas continuou a batalha de fora das principais denominações, e teve que lutar contra o movimento neo-evangélico (Dollar, A History of Fundamentalism in América, 1973).
Entretanto para facilitar o exame sobre o fundamentalismo, aceitaremos sua classificação em quatro fases distintas, as quais veremos a seguir:
Fase Inicial em 1920 O Surgimento do Fundamentalismo Histórico
Inicialmente o fundamentalismo defendia apenas três pontos fundamentais, que às vezes, eram descritos como "os três R": a Ruína do homem no pecado; a Redenção através do sangue de Cristo; a Regeneração pela ação sobrenatural do Espírito Santo. Como já vimos quem primeiro usou o termo foi Curtis Lee Laws, editor do jornal batista Watchman Examiner, de Nova York. No mesmo ano, em 1920, o batista John Roach Straton deu ao seu jornal o nome de O Fundamentalista. Consideravam-se fundamentalistas aqueles que se opunham às doutrinas dos liberalismo [ou modernismo] teológico, e embora o termo fundamentalismo ainda não houvesse sido cunhado, seu espírito podia ser visto entre aqueles que defendiam os fundamentos da fé fora das igrejas e dentro das denominações. Desde 1878 os batistas e independentes pré-milenistas clamavam contra o modernismo. Então em 1919 fundaram a Associação Mundial dos Fundamentos Cristãos, tendo William B. Riley como presidente. Essa Associação passou a fazer conferências bíblicas, apresentando os cinco pontos do fundamentalismo que incluía:
(1) Inerrância das Escrituras: cremos na inspiração verbal-plenária da Escritura;
(2) Nascimento Virginal de Cristo: cremos que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo;
(3) Expiação Vicária de Cristo: cremos que Cristo morreu pelos [em lugar de os] pecadores;
(4) Ressurreição Corpórea e Segunda Vinda [pré-Milenial] de Cristo: cremos que Cristo está vivo e voltará; (5) Historicidade dos Milagres: cremos em todos os milagres relatados na Bíblia.
Os presbiterianos, em 1916, apresentaram os mesmos pontos fundamentais acima, unindo o quinto ponto, o da historicidade dos milagres, com o quarto, o da ressurreição corpórea. Mas os fundamentalistas pré-milenistas tendiam a colocar no quarto ponto, o da ressurreição corporal e segunda vinda de Cristo, a doutrina pré-milenial, mudando a historicidade dos milagres de quarto para um quinto ponto, ou até mesmo a doutrina pré-milenial como o quinto ponto, conforme vemos acima.
Em 1923 Machen, um líder presbiteriano, em seu livro Christianity and Liberalism chamou a nova religião naturalista de liberalismo, mas posteriormente seguiu a moda mais popular, chamando-a de modernismo.
As maiores batalhas eclesiásticas ocorriam nas denominações Presbiteriana do Norte e Batista do Norte nos EUA. Em 1921 os batistas criaram a Federação Nacional dos Fundamentalistas dos Batistas do Norte e a Associação Fundamentalista e em 1923 a União Bíblica Batista. As batalhas centralizavam-se nos seminários, nas juntas missionárias e na ordenação de ministros. No entanto as verdadeiras fortalezas dos fundamentalistas eram as igrejas batistas do sul e as incontáveis novas igrejas independentes espalhadas pelo sul, centro-oeste, leste e oeste dos EUA.
Embora o fundamentalismo inicial tenha sido divulgado através do cinco fundamentos, é um erro pensar que apenas estes cinco pontos faziam parte do fundamentalismo. De 1910 a 1915 foi publicado em 12 volumes uma obra chamada Os Fundamentos que já combatia uma lista enorme de doutrinas heréticas.
Esta obra teve sua origem entre pessoas das escolas bíblicas e eclesiásticos independentes, associados, mais tarde, com o Instituto Bíblico de Los Angeles e Instituto Bíblico Moody. Seus autores iniciais eram batistas, presbiterianos, anglicanos e outros independentes, dos EUA, da Inglaterra, Escócia e Canadá.
Os oitenta e três artigos abrangiam os seguintes temas:
(1) uma declaração e defesa apologética das principais doutrinas cristãs (ex. Deus, a revelação, a encarnação, a ressurreição, o Espírito Santo, a inspiração);
(2) uma defesa da Bíblia contra a alta Crítica alemã;
(3) uma crítica a movimentos considerados não-cristãos (ex. filosofia moderna, ateísmo, romanismo, eddyismo, mormonismo, racionalismo, darwinismo [que deu origem ao Processo de Scopes em 1925], espiritismo, socialismo);
(4) uma ênfase dada à evangelização e às missões;
(5) vida piedosa como demonstração prática de defesa da verdadeira fé.
Fim de 1920 até 1940 O Surgimento dos Fundamentalistas do Sul
Os fundamentalistas fracassaram na tentativa de expulsar os modernistas de qualquer denominação. Além disso eles perderam a batalha contra o evolucionismo. Agora lutavam entre si, dentro das denominações, embora os ortodoxos fossem a maioria. Por isso os fundamentalistas saindo de suas denominações, passaram a fundar novas denominações. Em 1932 foi fundada a Associação Geral das Igrejas Batistas Regulares, em 1936 a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, em 1938 a Igreja Presbiteriana Bíblica, em 1947 a Associação Batista Conservadora dos Estados Unidos.
George Marsden faz o seguinte comentário sobre este fato: "Na década de 1930, quando se tornou dolorosamente claro que reforma a partir de dentro não poderia evitar a expansão do modernismo nas principais denominações do Norte [dos Estados Unidos], mais e mais fundamentalistas começaram a fazer da separação [da maioria das denominações da América] um artigo de fé. Embora a maioria que tinha sustentado o Fundamentalismo nos anos de 1920 ainda permanecesse em suas denominações, muitos batistas dispensacionalistas e alguns poucos presbiterianos influentes estavam exigindo separatismo. (Marsden, Reforming Fundamentalism: Fuller Seminary and The New Evangelicalism, Grand Rapids; Eerdmans, 1987, p7).
Além do separatismo esses "novos" fundamentalistas defendiam o cristianismo verdadeiro, baseado numa interpretação literal da Bíblia. George Dollar dá a seguinte definição ao Fundamentalismo: "Fundamentalismo histórico é a interpretação literal de todas as afirmações e atitudes da Bíblia e a aguerrida denúncia-exposição de todas as afirmações e atitudes não bíblicas." (Dollar, A History of Fundamentalism in América, 1973). [O amilenismo e pós-milenismo rejeitam a interpretação literal da Escritura, especialmente das profecias. Alegorizam a Escritura para harmonizá-la com seus ensinamentos. Por conseqüência negam o reinado futuro e literal de Cristo sobre a terra].
Neste período o termo fundamentalista veio a significar todos os protestantes ortodoxos, das denominações recém estabelecidas das igrejas do sul [fora das grandes denominações do norte], e das igrejas independentes em todas as partes dos EUA.

De 1940 a 1970 O Surgimento dos Evangélicos
A partir de 1940 os fundamentalistas começaram a se dividir. Nesta divisão havia aqueles que, voluntariamente, mantinham o uso do termo, por continuarem a defender as doutrinas fundamentais da fé. Do outro lado havia aqueles que passaram a rejeitar o termo por considerá-lo indesejável, por entender que o termo carrega conotações de "divisão", "intolerância", "tolice" e atitude "anti-intelectual", despreocupado com os problemas sociais.
Este segundo grupo queria reconquistar a comunhão com os protestantes das grandes denominações do norte, presbiterianos, batistas, metodistas e episcopais. Este grupo passou a ser chamado de "evangelicais" ou "evangélicos". A partir de 1948 alguns passaram a ser chamados de "neo-evangélicos".
A partir daí o termo fundamentalismo passou a representar um significado contraste, não somente contra o liberalismo ou modernismo, mas contra o evangelicalismo ou neo-evangelicalismo.
O contraste entre fundamentalistas e evangélicos foi institucionalizado pelo surgimento de organizações. Os fundamentalistas fundaram em 1941 o Conselho Americano de Igrejas Cristãs, de caráter separatista. Os evangélicos, em 1942, fundaram a Associação Nacional de Evangelicais, que aceitava todos os protestantes e todas as denominações. O termo fundamentalista continuou sendo usado pelas igrejas que compunham o Conselho Americano de Igrejas Cristãs e por diversas igrejas sulinas e independentes não incluídas no grupo. O Instituto Bíblico Moody e o Seminário Teológico de Dallas, usavam o termo com orgulho. O Conselho Internacional das Igrejas Cristãs, fundado em 1948, procurou dar ao termo aceitação mundial, em oposição ao Conselho Mundial de Igrejas.
Os fundamentalistas e evangélicos, de 1950 a 1960, tinham muita coisa em comum. Ambos criam nas doutrinas tradicionais da Bíblia, promoviam a evangelização e missões, defendiam uma moralidade contra o fumo, a bebida, o teatro, o cinema, o jogo de baralho. Os fundamentalistas, no entanto, eram mais fiéis ao cristianismo bíblico. Militavam contra a apostasia nas igrejas, contra o comunismo, contra os vícios pessoais e eram menos dispostos a conformar-se com a respeitabilidade social e intelectual. Opunham-se ao evangelho ecumenizado de Billy Graham, rejeitavam o liberalismo do Seminário Teológico Fuller.
Na América do Norte e na Inglaterra, aqueles que não eram nem fundamentalistas nem evangélicos, tendiam a considerar os dois grupos como fundamentalistas. Este engano continua existindo hoje, pois muitos acreditam que todos os evangélicos são fundamentalistas, o que não é a verdade. Esta noção equivocada deve-se àqueles que defendem uma atitude não separatista, de caráter ecumênico entre as denominações. Mas os verdadeiros fundamentalistas se destacam por sua atitude de separação: "…saí do meio deles, e apartai-vos…" ( 2Co.6:17) e …sai dela, povo meu" (Ap.18:4).
Embora os neo-evangélicos se considerem fundamentalistas, a história demonstra que de fato não são.
O neo-evangelicalismo tem sempre apoiado os cinco fundamentos, com exceção do dispensacionalimo. Até mesmo os idólatras romanistas e os sabatistas legalistas concordam com os cinco fundamentos. Todos os demônios também crêem! É certo que os cinco fundamentos são indispensáveis, mas estão longe de serem suficientes. Assim os neo-evangélicos, que não são fundamentalistas da antiga linha, que defendia muito mais do que apenas os cinco fundamentos, se declaram fundamentalistas somente porque aceitam os cincos pontos do fundamentalismo. Ao invés de admitirem que não são fundamentalistas e admitirem que têm repudiado a fundamento bíblico, eles têm feito concessões e transigências contrárias à palavra de Deus. Eles estão tentando redefinir o fundamentalismo de modo que o mesmo se ajuste às suas condições e na tentativa de adaptar o fundamentalismo às suas crenças, eles têm afirmado que o fundamentalismo histórico não passou de uma mera exaltação dos "cinco fundamentos".
O surgimento do evangelicalismo e do neo-evangelicalismo é a prova de que o fundamentalismo foi além de apenas defender os cinco pontos fundamentais. A separação entre fundamentalistas e evangélicos é prova incontestável de que havia diferenças gritantes entre esses dois grupos. Até mesmo antes de 1930 o fundamentalismo não foi conformista, mas depois desta data o fundamentalismo tornou-se ainda mais separatista. O Dr. Cloud citando John Ashbrook informa que este autor definiu o fundamentalismo como "a crença, a proclamação e o guerrear pelas doutrinas básicas do cristianismo, levando a uma atitude de separação escriturística daqueles que as rejeitam." (ASHBROOK, John, Axioms of Separation, nd, p.10).
Hoje aqueles que negam o guerrear contra o erro e o separar-se, características do Fundamentalismo Histórico, estão tentando reescrever a história, isto é, falsificá-la, a fim de tornar o movimento evangélico ecumênico aceitável, até mesmo por aqueles que, hoje, se declaram fundamentalistas.
A história, no entanto, mostra que a nota chave do neo-evangelicalismo foi o repúdio ao separatismo e a outros aspectos considerados negativos da antiga linha do fundamentlismo. Na sua história do Seminário Teológico Fuller, Reforming Fundamentalism, o historiador George M. Marsden torna claro que os antigos líderes de Fuller estavam conscientemente recusando os aspectos "negativos" da linha antiga do fundamentalismo histórico. O próprio título do livro de Marsden é evidência do caráter do Fundamentalismo Histórico, de estar em guerra. Está claro, para os historiadores honestos, que o fundamentalismo de cinqüenta anos atrás, isto é, da década de 1940, era caracterizado por guerrear, caracterizado por ter a disposição de lidar com os fatos negativos, expondo, denunciando e combatendo o erro e os errados, e caracterizado por separação do erro e dos errados. Foram exatamente esses fatos que fizeram nascer o neo-evangelicalismo, em oposição a estas características do fundamentalismo histórico.
Marion Reynolds, diretor da FEA Fundamental Evangelistic Association, em Los Osos, Califórnia, conhece bem a história do fundamentalismo, pois seu pai foi um dos líderes do fundamentalismo de antigamente, e ele próprio tem estado na linha de frente do fundamentalismo por pelo menos 40 anos. Então Marion sabe do que está falando, ele conhece a verdadeira história do fundamentalismo americano.
Ao replicar à acusação de Jack van Impe, Marion disse que os líderes fundamentalistas de hoje têm abandonado suas heranças e que o fundamentalismo de antigamente foi, não apenas confrontar ou guerrear contra o erro, mas sim, e muito mais, uma afirmação positiva das doutrinas centrais do cristianismo.
Reynolds diz que "foi nos inícios da década de 1940 que uma maior separação ocorreu, e o movimento evangélico nasceu. Foi nesta época que o mesmíssimo espírito agora sendo advogado por van Impe foi a força impulsionadora da decolagem do movimento evangélico. Daquele tempo em diante, a incessante batalha entre o fundamentalismo e o liberalismo tem sido complicada por este terceiro movimento, o evangelicalismo, que tomou uma posição intermediária, de traiçoeiro acomodamento e colaboracionismo. Alegando que, doutrinariamente, apega-se à posição fundamentalista, o evangelicalismo advogou uma posição mais positiva e uma comunhão mais aberta. Um ponto principal, naquele tempo, como hoje, gira em torno da questão de como tratar os irmãos que andam desordenadamente, e se constitui desordem ou não para um irmão, o permanecer em comunhão com aqueles que negam os fundamentos da fé. Os verdadeiros fundamentalistas crêem que todos os irmãos que têm comunhão com falsos mestres também são igualmente desobedientes e também estão caminhando desordenadamente. Portanto, o mandamento de Deus para nos separarmos de tais irmãos desobedientes não é menos importante para ser obedecido do que o mandamento de Deus para nos separarmos dos falsos mestres." ( M.H. Reynolds Jr. Heart Disease in Christ’s Body: Fundamentalism… Is It Sidetracked? [Doença Cardíaca no Corpo de Cristo: Fundamentalismo… Está ele posto de lado, num desvio sem saída?] Los Osos, Fundamental Evangelistic Association, nd).

De 1970 a 1980 Neo-Fundamentalistas versus Neo-Evangélicos
Nos fins da década de 1970 os fundamentalistas norte-americanos destacaram-se nacionalmente, especialmente pela campanha de Ronald Reagan pela presidência dos Estados Unidos em 1980. Ofereceram uma resposta àquilo que muitos consideravam uma suprema crise social, econômica, moral e religiosa nos EUA. Identificavam um novo inimigo: o humanismo secular que era responsável por subverter escolas, universidades, o governo e, acima de tudo, as famílias.
Estes fundamentalistas lutavam contra todos os inimigos originados do humanismo secular: o evolucionismo, o liberalismo político e teológico, a moralidade pessoal frouxa, a perversão sexual, o socialismo, o comunismo e qualquer diminuição da autoridade absoluta e inerrante da Bíblia. Conclamavam os norte-americanos a voltarem aos fundamentos da fé e aos valores morais fundamentais dos Estados Unidos.
Na liderança desta fase encontrava-se uma nova geração de fundamentalistas que usavam a televisão e a palavra impressa, tais como Tim LaHaye, Hal Lindsey e Pat Robertson. A base deles era batista e sulina, mas alcançaram todas as denominações. Tiveram o benefício de três décadas de expansão fundamentalista, mediante a evangelização, as publicações, o crescimento da igreja e o ministério pelo rádio. Tendiam a ofuscar a distinção entre fundamentalistas e evangélicos, e por isso, nem todos os fundamentalistas aceitavam estes novos líderes, razão pela qual foram designados de neo-fundamentalistas.
Os neo-fundamentalistas continuavam a apresentar traços importantes do antigo fundamentalismo, mas eram de muitas maneiras diferentes de seus antecessores.

Você é um Crente Fundamentalista?
O Congresso Mundial dos Fundamentalistas, que se reuniu em 1976, no Usher Hall, Edinburgh, Scotland deu a seguinte definição de um fundamentalista:
"Um fundamentalista é um crente nascido de novo no Senhor Jesus Cristo que:
1. Mantém uma inarredável lealdade à Bíblia, como sendo inerrante, infalível e verbalmente inspirada.
2. Crê que tudo que a Bíblia diz, assim é.
3. Julga todas as coisas pela Bíblia e somente dela aceita julgamento.
4. Afirma as verdades fundamentais da fé cristã histórica: a doutrina da trindade, a encarnação, o nascimento por uma virgem, a expiação substitutória [sic], a ressurreição corporal em glória, a ascensão, a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo, o novo nascimento através da regeneração pelo Espírito Santo, a ressurreição dos santos para a vida eterna, a ressurreição dos perdidos para o julgamento final e a condenação eterna e consciente, a comunhão dos santos, os quais são o corpo de Cristo.
5. Pratica fidelidade àquela fé e empenha-se por pregá-la a toda criatura.
6. Expõe e se separa de toda negação eclesiástica àquela fé, acomodação com o erro e apostasia da verdade.
7. Ardentemente guerreia pela fé que, de uma vez para sempre, foi entregue aos santos." (CLOUD, David W. Way of Life Literature, 1701 Harns Rd, Oak Harbor, WA 98277, [ http://wayoflife.org/~dcloud])
O fundamentalismo tem tomado uma grande variedade de formas. Como um movimento, tem sido largamente interdenominacional, mas muitas igrejas separatistas e independentes, tais como as igrejas conhecidas como Batistas Independentes e Igrejas Bíblicas Independentes, têm aceito o nome de Fundamentalista. Apesar desta variedade, no entanto, uma das principais marcas características do fundamentalismo – sua própria essência – sempre tem sido o guerrear pela fé [o corpo de doutrina] da palavra de Deus. Qualquer crente que não seja verdadeiramente guerreador no seu posicionar-se pela verdade não tem nenhum direito de herdar nem usar o nome de Fundamentalista Bíblico.
Weniger escreveu para combater a falácia de que os fundamentalistas se preocupam apenas com os cinco fundamentos: "Como afluente presbiteriano da luta contra o modernismo, o fundamentalismo talvez tenha a ver somente com os cinco fundamentos… Mas a corrente principal do fundamentalismo, mais especificamente os Batistas de todas as faixas, os quais de longe representam a grande maioria dos fundamentalistas, nunca aceitou somente os cinco fundamentos. A World’s Christian Fundamentals Association [Associação Fundamentalista Cristã Mundial], fundada em 1919, tinha pelo menos uma dúzia de doutrinas cristãs ressaltadas. O mesmo é verdade quanto à Fundamental Baptist Fellowship [Comunhão dos Batistas Fundamentalistas], originada em 1920. Um verdadeiro fundamentalista sob nenhuma circunstância restringiria sua posição doutrinária aos cinco fundamentos. Mesmo o Dr. Carls F. H. Henry, um teólogo neo-evangélico, listou pelo menos várias dúzias de doutrinas essenciais à fé. A única vantagem de reduzir a fé a cinco fundamentos é fazer possível uma mais larga inclusão de religionistas [sic], que podem estar muitíssimo afastados em heresias em outras doutrinas específicas. É muito mais fácil ter um grande número de adeptos, quando nos acomodamos ao mais baixo denominador comum em doutrina." (G. Archer Weniger, in Calvary Contender, 15 de abril de 1994).
O Dr. David W. Cloud em sua obra Way of Life Literature, argumenta: "Embora o acomodamento doutrinário e o mundanismo estejam devorando algumas Igrejas Batistas Fundamentalistas, pelas suas beiras, louvo a Deus pelo Movimento Fundamentalista. Louvo a Deus que por 26 anos, no meio da apostasia destas últimas horas, tenho encontrado comunhão com igrejas que são comprometidas com todo o conselho de Deus. Posso ficar de pé no púlpito de centenas de Igrejas Batistas Fundamentalistas e pregar qualquer coisa da Bíblia e ser completamente franco ao falar sobre apostasia e pecado, e receber um amém. Louvo ao Senhor por isto. Batistas crentes na Bíblia são mais que Protestantes ou Evangélicos. Eles não crêem que o Catolicismo Romano necessita ser reformado; crêem que ele foi a mais completa apostasia já desde sua incepção, no século IV. Em tudo procuram encontrar a si próprios em acordo com a autoridade do Novo Testamento, inclusive quanto às ordenanças e a eclesiologia. Rastreiam sua herança não através da Igreja Católica Romana, via Reforma, mas através das igrejas Neo-Testamentárias que foram perseguidas por Roma através da Idade das Trevas. Não dão a mínima importância às tradições, exceto aquelas deixadas pelos apóstolos no Novo Testamento."

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