Autor: Asaph Borba
Em Mateus 4.10, durante sua tentação, Jesus diz ao diabo: “Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele darás culto.” – usando as palavras da Lei em Êxodo 20.4 e 5, quando Deus isso ordena ao povo de Israel.
O constante desígnio de Satanás é roubar aquilo que é devido a Deus – a adoração. Mesmo sabendo que fomos feitos para louvor e glória do Deus vivo (Efésios 1.12), o inimigo tem tentado de todas as formas deturpar o culto a Deus, limitando-o a formas e costumes mais de acordo com culturas e padrões humanos do que com o coração de Deus; assim foi com o povo de Israel, depois com a Igreja. Sutilmente a idolatria foi se infiltrando no culto da cristandade e corrompendo o entendimento dos líderes e crentes em geral. A forma pagã e judaica de templo foi sendo imposta à Igreja, fazendo, assim, que os templos vivos, que somos nós, os redimidos (I Coríntios 3.16), lugares da verdadeira adoração, fôssemos reduzidos a simples membros, na maioria, “leigos”.
Assim, por dezenas de séculos de escuridão e inoperância, fomos dependentes de um sacerdócio externo para cultuar a Deus. De geração em geração, homens, imagens e ídolos de todas as formas se colocaram como intermediários daqueles que podem achegar-se com intrepidez ao Santo dos Santos, através do novo e vivo caminho, que é Jesus (Hebreus 10.19-22). Porém, hoje o Pai está restaurando toda a verdade, e isto diz respeito também à nossa vida de relacionamento com Ele. A falsa intermediação tem acabado, pois Cristo Jesus, nosso único mediador, tem levado à Igreja um entendimento nesta área. Por todo o mundo tem surgido um novo culto de verdadeira adoração àquele que é digno – Jesus, que disse: “(…) ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14.6)
Quando, portanto, Jesus focaliza o Pai, está focalizando a si mesmo (João 14.9) e também o Espírito Santo (João 14.26). A Trindade santa, assim, é o foco da nossa adoração e a Eles nos achegamos com liberdade e amor.
Já fiz diversas vezes a pergunta: “Porque devemos adorar a Deus?” Esta pergunta invade o meu coração pelo fato de entender que Deus é suficiente em si; não apenas em sua grandeza e majestade, mas em tudo. Apesar de sabermos que Deus se alegra com nossa adoração e obediência e se entristece com o pecado e com a idolatria, seu coração não necessita de nada para ser completo. Ele não precisa de nossos sacrifícios de louvor e de nossa adoração para ter alegria e sentir-se feliz, nem de nossas expressões de amor para sentir-se amado, pois Ele é o próprio amor (I João 4.8). Antes que cada um de nós existisse, Deus já existia em sua plenitude e era completo, e o Filho e o Espírito Santo participavam desta plenitude eterna. Colossenses 1.16, falando da criação, diz que “Nele (em Cristo e junto com Cristo) foram criadas todas as coisas nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias.”
Ele é, junto com o Pai e o Espírito Santo, a fonte e a plenitude de todas as coisas, inclusive de todo louvor, adoração, alegria e júbilo. Por isso, Jesus disse que Deus não procura adoração, pois adoração ele tem no céu (Isaías 6.1-3). Deus procura por seus filhos, seus adoradores (João 4.23). O que vem ao meu coração ao meditar sobre isto é que, acima de tudo, existe algo na adoração que é de vital importância não para Deus, mas para os adoradores, a ponto de Deus, em sua onisciência e auto suficiência, estar procurando adoradores que o adorem em espírito e em verdade. Adoração (comunhão) é um precioso elo entre a criatura e o Criador. Tudo está na atitude do adorador, no livre arbítrio que temos para optar em sermos ou não adoradores. Deus nos deixou esta opção. Ele governa todas as coisas e poderia ter feito de toda a criação seus adoradores, assim como são os anjos; mas nos deixou a opção de o sermos ou não. Ao optarmos por Cristo, optamos por Deus.
Esta é a grande brecha da maioria das religiões que querem adorar a Deus e falam até mesmo de vida eterna, porém, sem o sacrifício de Jesus. O adorador é aquele que faz uma opção por Deus, por Jesus e pelo seu reino; ele opta por ter comunhão com Deus, que não é imposta por vontade divina, mas é uma livre opção de amor. A parte de Deus é completa e perfeita, e seu amor por nós é inquestionável; porém, ele espera por cada um de nós, através de Cristo e por obra do Espírito Santo, que enche nosso coração do Seu amor revelado a nós pela plenitude de Jesus, que depois retorna para Ele. A verdadeira adoração é uma opção deste abrir-se ao amor divino, feita por cada um de nós.
Se não fosse assim, porque Deus estaria procurando verdadeiros adoradores? Qual é a nossa opção? Deus governa sobre todas as coisas, menos sobre a nossa opção por adorá-lo ou não. Ele deixa para nós esta única e pequena atitude: optarmos ou não por amá-lo e adorá-lo. Adoração é algo que satisfaz e alegra a Deus, mas beneficia também ao homem, pois este, ao optar por Deus, está cumprindo a sua parte neste enlace de amor. Adoração emana do amor. Deus quer ser amado por nós. O que traz eficácia na adoração é o amor. O que dá conteúdo às nossas expressões de adoração é a nossa vida de amor, expresso em aliança e compromisso para com Deus e o seu Reino nesta aliança.
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