Autor: Samuel Costa
Naquele dia o sol brilhava intensamente. A praia, sempre mansa, se deixava pisar macia, retribuindo com uma boa massagem os pezinhos das 14 crianças, filhas de pescadores, que ali se divertiam. Elas sempre faziam isso, logo cedo. Naquela manhã não seria diferente. Apesar de serem apenas 09 horas, a praia já se apresentava com bom número de pessoas. A maioria se encontrava ali não para se banhar ou divertir-se, como faziam as crianças, mas para negociar. Para comprar e vender peixes.
Aquela manhã, como se Deus a abençoasse de uma maneira diferente, havia peixes em abundância. As bancas dos pescadores mal comportavam os frutos do mar, a ponto de boa parte da mercadoria ficar nos barcos, aguardando um melhor momento. Dentre as famílias dos caiçaras, uma chamava a atenção pelo número de homens e mulheres que, juntos, trabalhavam no labor comum.
Eram ao todo oito pescadores e suas esposas. O pai do líder desses trabalhadores do mar, apesar de ajudar aqui e acolá, não podia ser contado, pois já se encontrava muito velho e sua presença mais servia de símbolo vivo do que, propriamente, de força ativa.
O chefe desses homens possuía um pequeno açougue ao lado de suas bancas de peixes e lá estava ele, comandando os demais, aos gritos, como fazem todos os pescadores. O balcão estava tomado de pessoas e, ainda assim, outros aguardavam do lado de fora, esperando sua vez, em busca dos bons peixes frescos.
Curiosamente, um jovem de mais ou menos 28 anos, vestido de maneira humilde, se aproxima entre a multidão. Quinze minutos se gastam até que ele se encosta ao balcão cheirando a óleo de peixe. Ele não pede sequer uma sardinha, apenas se dirige ao líder cuja barba e cabelos se encontravam molhados com a água do mar e, com sua voz decidida, diz:
Vem e me segue!
Quase ninguém escutou, pois a gritaria dos mercadores não permitiu, mas ele, o pescador cansado, ouviu. Tirou seu avental sujo de escamas e o colocou sobre o pequeno caixote, à sua direita; encostou o facão amolado junto à bacia d’água e atravessou a multidão, atrás do jovem. Alguns ainda tentaram se dirigir a ele para comprar peixes, mas foi em vão.
O tempo passou e então soubemos que o grande Pedro havia seguido a Jesus – o Cristo. Ele deixou tudo, mesmo quando o seu comércio mais tinha peixes, mais tinha oportunidade de prosperar. Contudo, nada mais possuía real valor para Simão. Somente um propósito ele possuía: seguir o seu mestre aonde quer que ele fosse e obedecer-lhe em tudo. Pedro agora é chamado não mais de “pescador de peixes”, mas sim, “pescador de homens”.
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