Autor: Ronaldo Mendonça de Oliveira
“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, ela se achou ter concebido do Espírito Santo. E como José, seu esposo, era justo, e não a queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele isso, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, pois o que nela se gerou é do Espírito Santo; ela dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco.” (Mt. 1:18-23)
Antes de iniciar a leitura da Palavra de Deus, e de tecer comentários acerca do tema que me propus trazer, gostaria de pedir que vocês estivessem trazendo à memória todas as tristezas e dificuldades que têm vindo contra você. Muitas vezes, lidamos com o desemprego, com a sensação de solidão, insatisfação, dúvidas, depressão… quantas coisas vêm ao nosso encontro. Às vezes, parece que estamos sozinhos no mundo, e ninguém pode nos ajudar ou compreender nossas dificuldades.
No texto que destacamos, encontramos a narrativa do anúncio do nascimento de Jesus como o cumprimento de uma antiga profecia. Os judeus estavam ansiosos pela vinda de um messias que, segundo suas concepções, libertaria Israel do domínio do Império Romano. Claro que quando Jesus veio ao mundo, sabia exatamente que esse não era Seu propósito. Disse mais adiante que seu governo não era desse mundo, e não estava interessado em destruir o governo de homens de grande influência, como Herodes, Pilatos, Ciro e outros. Ele daria ao mundo a chance de uma libertação espiritual do pecado, dos domínios de Satanás, cumprindo assim o que vemos em Gênesis 3:15.
Com o fato de que a preocupação de Jesus, na Sua primeira vinda ser mais espiritual do que material, muitos crentes acabam se esquecendo de que Cristo continua entre nós. Parece que Jesus se preocupa apenas e tão somente com o nosso lado espiritual. E num mundo perdido, violento, injusto e elameado, infelizmente temos a tendência de não conseguir mais ver a glória de Deus e Sua proteção, por julgarmos que Deus está preocupado apenas com a nossa salvação.
Para podermos recuperar a visão de que Deus continua conosco, temos que:
1. Lembrar que Deus-Filho se tornou um homem: Isso nos faz pensar que, se Ele se fez homem, passou por muitas situações difíceis, assim como nós. Claro, a realidade era outra: Israel estava sob o domínio de Roma, e esperando por um libertador político. Contudo, a mente do homem estava apodrecida pela natureza do pecado, assim como hoje. Mas, tendo se tornado um de nós, Ele sabe exatamente o que pensamos, o que sentimos e como vivemos. Sabe como nos sentiremos frente a determinadas situações. Na verdade, não podemos afirmar com exatidão o motivo que faz com que o Senhor nos permita passar por determinadas situações, mas não podemos duvidar de que, nesses momentos, Ele está conosco. Nada faríamos sem Seu auxílio, e nada nesse mundo acontece por acaso.
Ao falar dessas coisas, lembro-me dos nossos irmãos que viveram durante a perseguição em Roma. Era uma época de trevas, em que cristãos eram queimados como tochas vivas para iluminar a cidade, ou serviam de refeição a leões. Contudo, de seus lábios saíam hinos de louvor e gratidão a Deus, até que a morte os silenciava. Nesses momentos angustiantes, Deus estava ali, com eles. E hoje, iremos nós questionar a companhia do nosso Senhor, e Sua proteção, frente às dificuldades ?
2. Nos lembrar que Ele sofreu tristezas e tentações: Jesus em nada facilitou Sua vida para tornar Seu ministério mais suportável. Muito pelo contrário, passou por todas as situações possíveis e imagináveis. Começou ainda no seu nascimento, quando Herodes, o tetrarca, mandou matar todas as crianças com idade igual ou inferior a dois anos, visando a morte do Filho de Deus. Depois, Satanás O tentou no deserto por 40 dias e 40 noites. A Bïblia nos relata três dessas tentações: Na primeira, em que Satanás toca nas necessidades físicas de Jesus; Na segunda, quando ele põe em cheque a divindade do Filho de Deus; Na terceira, quando oferece riquezas mil de maneira fácil (adorá-lo). Não é necessário lembrar que o Senhor passou por tudo isso sem cair em nenhuma das tentações. Depois, durante Seu ministério, foi perseguido pelos fariseus. Sentiu-se sozinho muitas vezes. Em determinado momento de Sua vida, afirmou que “as aves têm seus ninhos, e as raposas têm seus covis, mas o Filho do homem não tem onde recostar a cabeça”. Também no Getsemani, quando pediu aos seus dois discípulos que vigiassem enquanto Ele iria orar, mas por três vezes os encontrou dormindo. Na cruz, foi tentado a descer dela para provar Sua divindade mais uma vez. Abandonado pelos discípulos e amigos, negado por Pedro, sofrendo dores terríveis, sendo escarnecido pelos homens que naquele momento estava resgatando, e tendo os pecados de todas as gerações da humanidade em seus ombros naquelas horas intermináveis, sentiu-se abandonado até mesmo pelo Pai, e exclamou: “Eli, Eli, lamá sabactaní ?”, que traduzido é: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste ?” (ver Mt. 27:46)
3. Nos lembrar que o Deus-Filho experimentou uma situação inusitada: Em que momento da história poderíamos nós imaginar o Senhor de todas as coisas, Eterno, Perfeito e Imortal passando pela experiência da morte física ? Contudo, Ele passou. E foi uma morte terrível, como nos conta a Bíblia. Pendurado numa cruz, com as mãos e pés rasgadas por pregos, depois de ter sido espancado por soldados, e sido ridicularizado por todos que lá passavam. No momento mais negro da história, Satanás foi derrotado de uma vez por todas. Porque, quando Cristo parou de respirar naquela cruz, e Sua cabeça caiu sem vida para Seu peito, nada mais Satanás poderia fazer para tentar derrubar o Filho de Deus. O véu do templo se rasgou, como sinal de que todos agora teriam livre acesso ao Deus Todo-Poderoso. A natureza chorou a morte do Seu Criador, quando as trevas tomaram conta da Terra, e houve terremotos, e ressurreição de mortos, como vemos nas últimas páginas do livro de Mateus. E, por três dias, ficou assim. Morto. E hoje, podemos dar graças a Deus por um “mas” que Ele mesmo colocou na história: “Cristo morreu, mas Deus o ressuscitou”. Não só o pecado foi vencido, mas também foi vencida a morte. As profecias se cumpriram, Jesus está vivo com o Pai, e é nosso Fiel e Justo Advogado.
Tendo visto todas estas coisas, como podemos pensar que Emanuel, o Deus Conosco, simplesmente nos abandonou ? Teria Ele terminado Sua obra ali, e se esquecido de todas as coisas pelas quais passou ? Seria Ele capaz de uma frieza como tal, deixando aqueles que O amam ao léu da própria sorte, em poder do Inimigo, para uma redenção apenas futura ? Embora Satanás esteja furioso, e tentando nos fazer cair a todo instante, Deus está conosco. O mundo jaz no maligno (I João 5:19), mas Deus está conosco (Mt.28:20). E nada poderá mudar esse quadro. O Deus justo, piedoso, misericordioso e Todo-Poderoso ouve nossas orações e súplicas. O que nos garante isso é o texto de II Crônicas 7:14. Estamos numa guerra (Efésios 6:11-12), e não podemos enfrentá-la sozinhos ou despreparados, e Emanuel sabe disso. Nossa luta não é contra homens, mas devemos saber que o Inimigo utilizará todas as formas (inclusive homens) para nos derrubar e duvidar da companhia e do amor de Deus.
Jesus nunca prometeu transformar nossa vida num mar de rosas, em pleno alívio das dificuldades, mas assegurou graça para que pudéssemos suportar (como Ele nos diz em João 16:33).
Assim, vivamos para Deus, sabendo que Ele nos protege a cada instante. E, a cada momento de nossas vidas, lembremo-nos de que nada nem ninguém pode impedir a ação de Deus (Is. 43:13).
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