O clamor do mundo

Autor: Esequias Soares

Os problemas que o mundo enfrenta são de ordem espiritual, e só podem ser solucionados através do evangelho de Cristo.

Será que estamos realmente sensíveis ao clamor dos povos por alívio de seus sofrimentos? Ou estamos simplesmente comprometidos com o nosso próprio conforto e segurança, tendo nossa mente e coração empedernidos, cauterizados e insensíveis quanto ao desespero das massas humanas sem Deus e sem paz no mundo?

A sensibilidade que precisamos, só pode provir do genuíno amor de Deus derramado em nossos corações. Esse amor revela-se pelo ardente desejo de vermos as almas se convertendo. Para alcançarmos essa paixão, não podemos nos alienar. Devemos estar em constante contato com o povo, presenciando seus sofrimentos e suas misérias morais e espirituais; precisamos meditar na realidade da perdição dos que estão sem Cristo.  Precisamos rogar a Deus com insistência que nos dê mais e mais amor pelos perdidos. Reflita isso com sua classe. Aproveite esse momento com intensa contrição espiritual. Sem dúvida alguma, Jesus é o modelo perfeito para todos os evangelistas. Ele nunca dissociou-se das multidões aflitas. Indiferente ao desprezo dos judeus pela Galiléia, e movido por íntimo amor e compaixão, resolveu dedicar a maior parte do seu ministério àquela diversificada e sofrida população.

Jesus sempre teve compaixão dos perdidos. Certa vez, chorou nas imediações de Jerusalém por causa da incredulidade de seus habitantes. Outra vez, vendo as multidões, teve compaixão delas porque eram como ovelhas sem pastor. Da mesma forma, o evangelista precisa ter compaixão do povo, sentindo de perto as dores alheias, ouvindo os gemidos dos órfãos e das viúvas e o ranger dos dentes dos que vivem sob pesados fardos. Jesus jamais perdeu o contato com as multidões. Vendo-as, teve compaixão delas.

INTRODUÇÃO

O quadro social e espiritual da Galiléia pode servir como amostra da humanidade sem Cristo. Além da mensagem de salvação, Jesus trazia conforto aos sofredores, e lenitivo para a alma. Ele se compadecia das multidões, pois eram como ovelhas que não têm pastor (Mt 9.36). Hoje as necessidades humanas são as mesmas daquele tempo, e que a Igreja tem a solução para os problemas do nosso povo: Jesus!

I. A GALILÉIA DOS GENTIOS

1. Galiléia. Do hebraico galil, que significa “anel, círculo, região”, pois era um círculo de cidades em volta do mar da Galiléia. A palavra aparece no Antigo Testamento (Js 20.7; 1 Rs 9.11; Is 9.1). O rei da Assíria cercou Samaria, e levou em cativeiro as 10 tribos do Norte, em 722 a. C. (2 Rs 17.6) e trouxe gentios para povoarem a região (2 Rs 17.24). Isso deu origem a uma população mista com minoria judaica. As descobertas  arqueológicas revelam a presença de cultos pagãos em Samaria, Fenícia, Síria e nas grandes cidades da Galiléia. A região era habitada predominantemente por esses gentios de modo que era chamada de “Galiléia dos Gentios”.

2. Por que a Galiléia era menosprezada? A região da Baixa Galiléia, ou Galiléia Inferior, mencionada na maioria das narrativas dos evangelhos é uma área de terra fértil e bem regada por ribeiros. Exportava cereais e azeite de oliva. A atividade pesqueira representava também uma parcela considerável da economia da região. Era densamente povoada, porém menosprezada pelos judeus (Jo 1.46; 7.52). A Galiléia esteve sob o governo da Fenícia durante 50 anos. Some-se a isso a diversidade da população com seus cultos e costumes pagãos; resultado: o desprezo dos judeus. 

3. O centro das atividades de Jesus. Embora o texto sagrado afirme que Jesus curava a todos os enfermos, endemoninhados, lunáticos, paralíticos provenientes da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, da costa marítima, de Tiro e Sidom, e dalém do Jordão (v.25; Lc 6.17), ninguém pode negar que Ele haja operado mais sinais e maravilhas na Galiléia do que em qualquer outra região. Isso para que se cumprissem as profecias de Isaías (9.1,2) e porque a necessidade da Galiléia era maior. Cafarnaum, na Baixa Galiléia, é ainda hoje conhecida como a Cidade de Jesus (4.13; Mt 9.1).  

II. O SOFRIMENTO HUMANO

1. As necessidades do pobre. Os economistas costumam dizer que as necessidades humanas são ilimitadas, e os recursos disponíveis, escassos. Por isso, a escolha de prioridade na administração é muito importante em todas as esferas da vida: na igreja, no lar, na empresa, etc. Se a situação é essa, como ficam os que vivem em pobreza absoluta? A pobreza em Israel era grande naqueles dias. Se na Judéia, onde a população era mais elitizada, havia um número considerável de pessoas que viviam dos óbolos do Templo, o que não diremos da Galiléia?

2. As necessidades dos ricos. Estes também têm suas necessidades espirituais. Problemas de ordem familiar, social, profissional. As riquezas não preenchem o vazio da alma. Pesquisas apontam que o maior índice de suicídio está na faixa entre 21 e 35 anos, incluindo os universitários e profissionais das classes mais abastadas. Suicídio é o resultado do fracasso espiritual. Ricos, pobres, intelectuais e ignorantes: todos clamam por paz de espírito e alegria na alma. Jesus é insubstituível; Ele veio para que o ser humano tenha vida com abundância (Jo 10.10).

II. O ÚNICO SALVADOR 

1. Cristo salva. Jesus é o único Salvador. A declaração de que não há salvação debaixo do céu, a não ser em Jesus (At 4.12), nulifica as religiões pagãs. Jesus já nasceu Salvador (Lc 2.11). Deus o constituiu Príncipe e Salvador para “dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados” (At 5.31). O texto sagrado está dizendo que Deus, ao nomear o Senhor Jesus como Salvador, deu aos pecadores a oportunidade para o arrependimento. Se isso não acontecesse, não teríamos salvação. Esse exclusivismo ainda afronta o mundo pagão, e deixa em desconforto as religiões monoteístas, que não têm a Cristo como o Filho de Deus e o único Salvador do mundo.

2. Cristo liberta. Libertador e Salvador. São dois títulos aplicados a Cristo no Novo Testamento. A liberdade cristã oferecida por Jesus é diferente da liberdade apregoada hoje pela imprensa e pelos políticos. É o ato de libertar a nossa consciência da culpa do pecado. Essa promessa o Senhor Jesus a fez para todos os homens em todos os tempos (Jo 8.32-36). Disse o apóstolo Paulo: “e nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13 — Versão Almeida Atualizada). Devemos permanecer na liberdade com que Cristo nos libertou (Gl 5.1).

III. CRISTO CURA

1. A origem da enfermidade. É verdade que a doença é uma das conseqüências, direta ou indireta, do pecado. Se não existisse pecado não existiriam enfermidades. Isso, porém, não serve para dar sustentação à teoria que afirma que a enfermidade significa estar o doente em pecado ou sem fé. Crer assim é afastar-se da verdade bíblica e brincar com a fé cristã. Há enfermidades que são conseqüências diretas do pecado (Jo 5.14). Mas o Novo Testamento fala também de homens piedosos que tiveram problemas de saúde (1Tm 5.23; 2 Tm 4.20). Não se pode generalizar neste particular.

2. O alcance do sacrifício de Jesus. Jesus pode dar saúde a todos os enfermos, mas nem sempre compreendemos o plano de Deus em relação a determinada pessoa. Não existe, nesse mundo, sofrimento maior do que a enfermidade nas suas inumeráveis manifestações. Mas a obra de Jesus é completa; a expiação no Calvário alcança também a cura do corpo físico (Is 53.4; 1 Pe 2.24). Jesus conferiu à sua Igreja o poder de curar enfermos e libertar os oprimidos do Diabo (Mt 10.8; Mc 16.15-20). É dever nosso usar a autoridade do nome de Jesus para diminuir o sofrimento humano.

IV. A FELICIDADE HUMANA 

1. A felicidade está em Jesus. O ministério de Jesus, aqui na terra, trouxe transformação para inúmeras vidas, mudou a Galiléia e alterou todo o curso da história da humanidade. Jesus tem e é a solução de todos os problemas (Mt 11.28-30). Ele, e somente Ele, pode dar sentido à vida. O mundo está em desespero. Infelizmente Satanás cegou de tal forma a humanidade, que muitos não conseguem reconhecer a Jesus como o seu Salvador e Libertador; vêem-no apenas como um concorrente de seus deuses (2 Co 4.4).

2. Nós ou os anjos? Hoje temos de combater o materialismo, o paganismo, a imoralidade, a corrupção. E, na autoridade do nome de Jesus, destruir todas as fortalezas do Diabo. As pessoas vítimas dessas coisas estão gemendo; clamam no vale da sombra e morte. Mas para que a luz do evangelho resplandeça sobre elas, é necessário que você lhes fale de Jesus, e mostre-lhes que Ele é a solução. Esta incumbência é nossa! O Senhor Jesus delegou essa tarefa aos seus discípulos; ou seja: a cada um de nós (Mt 28.19,20) e não aos anjos (1 Pe 1.12).

CONCLUSÃO  

Se cada um de nós fizer a sua parte, poderemos falar de Cristo a toda a humanidade e, assim, diminuir os seus sofrimentos. Pois a causa destes é de ordem espiritual (Lm 3.39). O Senhor Jesus equipou os seus discípulos e os enviou ao mundo a fim que mudassem a face do planeta. E eles o fizeram, porque cada um deles tinha a consciência de suas responsabilidades (At 8.4; 11.19,20).
 
www.semipa.org.br
 
Extraído da Revista “Lições Bíblicas”
Jovens e Adultos – Lições do 3o. trimestre de 2000
CPAD – Casa Publicadora das Assembléias de Deus

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