Novas visões de ministérios não privilegiam a plantação de igrejas

Autor: Salovi Bernardo

É extremamente interessante o surgimento de diferentes visões de ministérios que estão surgindo no Brasil, vindas de outros países como os Estados Unidos, Coréia do Sul e Colômbia: Igreja com ou em Células, Rede Ministerial, Igreja com Propósito, Ponte da Fé e outros, cujo objetivo maior é a formação de grandes igrejas, megaigrejas.
Precisamos de grandes igrejas, elas podem trabalhar certos aspectos do ministério, o que, dificilmente, uma pequena igreja faria ou teria muitas dificuldades em fazê-lo.
Elas têm a importância de mostrar que as igrejas podem crescer, especialmente, se for bem analisado como elas surgiram e quanto de trabalho e dedicação exigiram de seus membros, de sua liderança e quanto tempo levaram para chegar aonde se encontram.
O grande problema é que as grandes igrejas, com honrosas exceções, estão voltadas para si mesmas e, em muitos casos, consomem todos os recursos que produzem abrilhantando, ou tornando cada vez mais “completos”, seus ministérios, respondendo a pergunta que se fazem constantemente: “O que nos falta ainda?”
Outro grande problema é que estas igrejas são tão poucas que chamam a atenção e dentro de pouco tempo se tornam uma espécie de modelo de igreja a ser imitado por todas as outras que, inadvertidamente, procuram aplicar os mesmos métodos ou estilos, imaginando que assim também se tornarão grandes igrejas.
O grande perigo é que a idéia de igrejas grandes está ligada ao desejo de ajuntar no mesmo lugar, sob a mesma estrutura administrativa, uma numerosa membresia.
Faria bem aos que estão preocupados com esta visão, a leitura do livro de Christian A. Schartz, O desenvolvimento natural da igreja, no qual o autor apresenta o resultado de uma ampla pesquisa realizada com 1 mil igrejas em todos os continentes e, em cima dos resultados obtidos, analisa o movimento de crescimento de igrejas.
Os números realmente enchem os olhos: 5, 10, 15, 20, 30 mil, e aí por diante! O fenômeno é semelhante ao da Igreja de Jerusalém, cujo número chegou a cerca de 5 mil, no capítulo 4 de Atos, e continuou crescendo conforme nos informa Atos 6, porém, em Jerusalém. Quem quisesse ouvir o evangelho tinha de vir a Jerusalém!
A ordem de Jesus para que o evangelho fosse pregado e igrejas fossem plantadas em toda a Judéia, Samária e até os confins da terra (Atos 1.8) não estava sendo obedecida.
Foi a morte de Estêvão e o medo da perseguição os fatores de dispersão dos crentes e que os obrigou a espalhar, por onde passavam, o evangelho, e aí começaram a surgir as igrejas por toda a parte, até hoje.
O autor mostra nas páginas 46 a 48 que, para o objetivo do Reino de Deus, levar o evangelho a todas as pessoas e ganhá-las para Cristo, as igrejas pequenas e médias produziam mais do que as grandes.
É preciso que a visão do crescimento da igreja não transforme o seu tamanho numérico no seu objetivo e sim o cumprimento de Atos 1.8, que é a visão de Jesus Cristo que quer oferecer a todas as pessoas do mundo inteiro a oportunidade de salvação. E por isso precisam, onde se encontram, conhecê-lo, cultuá-lo e servi-lo, e isso só é possível se não for perdida a visão de plantar igrejas em todo lugar.
Mesmo porque, a visão de crescimento da igreja baseada na ênfase exagerada de megaigrejas pode destruir a compreensão do que é a igreja em si. Como comunidade local, assembléia dos santos, é a agência de Cristo para exaltá-lo e proclamar onde se encontra a salvação eterna resultante do sacrifício de Jesus Cristo no Calvário, e isso não depende do seu tamanho e sim da sua fidelidade, obediência e dedicação ao seu Senhor.
A visão de plantação de igrejas precisa andar passo a passo com a visão do crescimento da igreja.
A visão de plantação de igreja deve andar passo a passo com a visão de que se precisa equipar, estimular as igrejas pequenas, não por serem estigmas, mas porque sendo revigoradas ganharão forças para levar o evangelho adiante, salvando pessoas e plantando novas igrejas.
Crescimento de igreja deve ser sinônimo de crescimento do evangelho, cumprimento do propósito de Jesus Cristo registrado em Mateus 28.16-20 e de Atos 1.8 e assim: “porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Is 11.9b).

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