Jesus continua falando sobre a lei – homicídio

Autor: Antonio Carlos Barro




Mateus 5.21-26 – Homicídio

5:21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e, Quem matar será réu de juízo.

5:22 Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno.

5:23 Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,

5:24 deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta.

5:25 Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão.

5:26 Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil.

 

Comentários

(21) É o sexto mandamento e está em Ex 20.13 (Não matarás). Hebraico: Assassinar, tirar a vida. Tem o mesmo sentido no grego do NT.

Quem matar estará sujeito às penas de um tribunal que imporá o castigo pelo crime cometido.

 

(22) Mas… partícula adversativa que expressa uma antítese, uma opinião contrária. Uma partícula disjuntiva que apresenta uma alternativa. Devemos lembrar que Jesus não adiciona nada novo e nem retira aquilo que está na lei.

Os judeus cometeram dois erros na obediência do mandamento:

·        Eles olhavam o mandamento apenas para o ato de matar propriamente dito e se esqueceram e não atentaram para os pensamentos pecaminosos;

·        Outro erro foi atribuir apenas peso político ou municipal como sendo a lei apenas um guia para o tribunal e somente para o povo judeu.

1) A alternativa proposta por Jesus é a cólera. Encolerizar é ter ira, a raiva, o ódio. Essa fúria é um movimento ou agitação da alma, impulso, desejo, qualquer emoção violenta, mas especialmente a ira.

Essa palavra encolerizar aparece mais duas vezes no NT.

·        Ef 4.26

·        Ap 11.18

Contra seu irmão: pode ser irmão de sangue, bem como qualquer pessoa que é ligada por laços afetivos, um vizinho.

[sem motivo] sem propósito, sem justa causa. Algumas versões trazem essa adição. Existe a possibilidade de irar-se contra alguém em justa causa. Todavia, quando damos vazão a ira apenas para satisfazer a nossa paixão, os nossos desejos, ou quando excedemos na maneira de fazer isso e não permitimos que outro se retrate, é como se estivéssemos matando aquela pessoa.

Conseqüência: ir a julgamento. Usa a mesma palavra do verso 21. Então, quem manifestar ira injustificada contra o seu irmão será passivo de sofrer as penas do tribunal.

2) A segunda alternativa de Jesus é proferição de um insulto. Raca era um termo de reprovação entre os judeus no tempo de Jesus que significa vazio, fútil, um homem com a cabeça vazia.

·        Vine: “Foi uma palavra de desrespeito absoluto, significando “vazio” intelectualmente mais do que moralmente; “cabeça vazia” como os homens contratos por Abimeleque em Juízes 9.4; ou o homem vão de Tiago 2.20”.

Esse insulto é normalmente proveniente do orgulho, que olha para uma pessoa que não é digna de ser amada.

Aqui a pessoa será passiva de ser julgada pelo Sinédrio.

3) A terceira alternativa de Jesus é chamar alguém de tolo. Aqui o sentido é ímpio, estúpido, imprudente, alguém que não age sabiamente como o rico que construiu os celeiros e as virgens que não compraram azeite. Aqui a pessoa que profere essa sentença está sujeita ao julgamento do fogo do inferno.

·        Inferno chamado de Geena. Originalmente era o vale de Hinnom, sul de Jerusalém, onde os animais imundos da cidade eram lançados e queimados. Tornou-se o símbolo dos maus e sua futura destruição.

 

(23, 24) Nesses versos Jesus oferece um recurso para a continuidade da vida comunitária e a solução para restaurar os relacionamentos rompidos.

“Portanto” é uma conjunção indicando algo que necessariamente deve acontecer. Não é uma dedução que Jesus está fazendo.

Quem trazer ao altar sacrifícios ou ofertas em dinheiro e recordar (voltou à memória) de que algum irmão tem alguma coisa contra o ofertante, uma ação deve ser realizada anteriormente. Esse “irmão” é o mesmo do verso 22.

Notar que os versos anteriores falam da nossa ação contra o irmão, aqui fala da recordação da ação do irmão contra nós. É provável que aquilo que o irmão tem contra nós tenha sido causado pela nossa ação contra ele e já não recordamos que algo foi feito.

Isaías 1.15

A solução apresentada por Jesus:

·        Abandonar a oferta no altar

·        Caminhar em direção ao irmão ofendido

·        Reconciliar – renovar a amizade com alguém

·        Retornar ao altar e fazer a oferta

A idéia de Jesus não é que a pessoa não traga seus dons, suas ofertas; mas que inclua o outro nesse ato.

 

·        (25, 26) Jesus muda o tom do discurso. Antes falava do relacionamento entre dois irmãos, agora fala do nosso relacionamento com aqueles que são inimigos. São inimigos porque de certa forma não foi possível a reconciliação, mas ainda não totalmente afastados. Esse adversário ainda está dentro do alcance de nossas mãos, pois estamos no mesmo caminho com ele. Por isso a ação de acordar deve ser rápida antes que ele nos leve perante os tribunais.

·        Ter uma boa disposição e um espírito pacificador.

A conseqüência é a penalidade da cadeia até que a pena seja cumprida.

 

Que lições principais podemos tirar deste texto?

 

 “Desses textos nós podemos inferir que devemos proceder cuidadosamente para preservar o amor e a paz entre os cristãos e que quando aparecer uma brecha nós devemos trabalhar para a reconciliação confessando as nossas faltas, humilhando-nos perante os irmãos, suplicando o perdão e fazendo a restituição ou oferecendo uma satisfação pelos erros cometidos.” M. Henry

 

Quando estiver ao nosso alcance e a paz for algo que nós podemos promover, devemos trabalhar por ela.

·        Buscai a paz com todos e a santificação sem a qual ninguém verá a Deus. (Hb12:14)

·        esforçai-vos por fazer o bem perante os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens" (Rm 12.17-18).

 

Quanto aos que continuam nossos inimigos, caso não tenha sido possível a reconciliação.

·        Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem (Mt 5.44)

·        Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor. Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem. (Rm 12.19-21).

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