Igreja Não-Podista do 7º Dia

Autor: Irmã X, Ex-mulher de pastor
Durante séculos nossa igreja tem estruturado seus ensinos no catecismo do “Não Pode”:

— Pode tomar café? Não Pode!
— Pode ir ao campo de futebol? Não Pode!
— Pode usar maquiagem? Não Pode!
— Pode comer carne? Não Pode!
— Pode deixar de ir à igreja aos sábado? Não Pode!
— Pode assistir novela? Não Pode!
— Pode usar jóias? Não Pode!
— Pode beber vinho? Não Pode!
— Mulher pode usar calça comprida? Não Pode!
— Pode ir ao cinema? Não Pode!

Teríamos condições de enumerar muitas outras interrogativas que o nosso povo faz e ainda assim teríamos sempre a mesma resposta: “Não Pode!. Por que será que nossa igreja, assim como os antigos sacerdotes, fariseus, saduceus, tem se apegado a questões tão polêmicas e de somenos importância, desviando a atenção de muitos dos pontos importantes e essenciais à nossa salvação?

Que religião é essa que os “fardos” são tão pesados se Jesus disse que o Seu jugo e suave e Seu fardo é leve?

O apóstolo Paulo afirma que “todas as coisas são lícitas, mas nem todas me convém”, apelando ao uso da nossa sabedoria e bom-senso quanto ao que comer, vestir e onde ir.

Quando Deus fez o homem à Sua imagem e semelhanca, Ele deu ao homem algo supremo, não dado a nenhum outro ser vivo, que foi o livre arbítrio, o poder de decidir e arcar com as conseqüências dessa decisão.

Alguém pode dizer que no deserto, Deus deu leis severas a Moisés e ao povo judeu, e autorizou a morte como punição aos que transgrediam tais leis. Porém, temos que lembrar que este povo ao qual Deus estava conduzindo à Terra Prometida, havia sido escravizado por muito tempo e só entendiam a linguagem da força. Além da escravidão, o povo judeu estava praticamente “acostumado” com a prática pagã do povo egípcio. Já não havia no coração do povo judeu as mesmas certezas, as mesmas convicções visto terem “perdido” sua real identidade de “Povo Escolhido de Deus”.

Deus precisou “usar” métodos contrários à Sua própria natureza para que o povo judeu, cauterizado pela escravidão e idolatria, compreendesse e resgatasse em suas memórias e suas vidas, a real missão deles como “Nação Eleita”. Isso foi feito pelo Senhor da Lei, Aquele que pode dar a vida, tirá-la e dá-la outra vez. Ninguém mais tem autoridade e poder para isso. Não podemos esquecer também que muitas dessas leis (sanitarismo, higiene e alimentação), visavam preservar a vida do povo pois, no deserto, sem água, sem conforto, com calor, pó e cansaço abundantes, as bactérias e conseqüentemente as doenças poderiam dizimar o povo.

Muitos hoje em nossa igreja, querem usar as mesmas regras e lidar da mesma maneira com aqueles que as transgridem. Em pleno século 21, quando o conforto, sombra e água fresca para beber e limpar são abundantes, quando temos liberdade de ir e vir, de expressar-nos e adorarmos nosso Deus, quando as conquistas em termos sociais de igualdade entre negros e brancos, homens e mulheres, pobres e ricos é visível, surgem “déspotas de mente limitada” em nossa igreja querendo impor regras e “matar a pedradas” quem não as obedece. Perdem tempo disseminando idéias banais que lhes garantem domínio sobre as pessoas de sua comunidade e deixam de lado os verdadeiros ensinos de Deus e Seu Filho Jesus Cristo. São discípulos de Satanás e não se dão conta disso!

As perguntas deveriam ser estas:

— Posso amar os inimigos?
— Posso cuidar dos órfãos e das viúvas?
— Posso dar de comer aos pobres?
— Posso ajudar alguém no dia de sábado?
— Posso desculpar quem me ofendeu?
— Posso orar com os doentes, os feridos emocionalmente e os perdido?
— Posso tratar com carinho e atenção as crianças e os idosos?
— Posso falar bem das pessoas?
— Posso olhar as pessoas com um sorriso sincero nos lábios e pensar bem delas?
— Posso ser amigo sincero e compreensivo, ajudando sem interesse nos bons e maus momentos?
— Posso reconhecer que errei e pedir perdão?

Tenho certeza que uma resposta afirmativa para cada uma das perguntas acima, representaria muito melhor nossa igreja, demonstrando como é simples e prazerosa seguir a religião que Cristo nos deixou como exemplo. Jesus fazia o bem a todos; Jesus disse que não é o que entra pela boca que faz mal, mas o que sai dela; Jesus trabalhou pelo bem dos outros no dia de sábado; Jesus deu alívio aos doentes, aos cansados; Jesus alimentou a pobre multidão não só de belos sermões e orações, mas com pão de verdade; Jesus amou seus inimigos, orou por eles: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.”; Jesus tratou as mulheres com consideração e respeito; Jesus brincou com as crianças demonstrando-lhes interesse e amor, dizendo que devemos ser como elas…

Tenho visto muitos pastores, líderes e membros da nossa igreja perderem suas energias, seu tempo e até dinheiro com medidas de saia, de cabelo… Mas não tenho visto estes mesmos homens e mulheres imitarem a Cristo em Suas boas obras de tolerância, perdão e restauração dos que erram. Ele são pastores das 99 que não se perderam?

HIPÓCRITAS! Mas se eles não pregam através de seu comportamento, outros cumprem essa missão.

Tenho visto pessoas de outras religiões e por vezes até sem religião que praticam mais das boas obras de Cristo do que nosso povo que afirma ter a “verdade”. “Rico sou e de nada tenho falta” é a frase de grande parte dos membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Pensam que o batismo e o nome de “Adventistas” lhes conferem passaporte especial à salvação. TOLOS! “Vêem mas não enxergam…”

Tenho visto pessoas de outras religiões que dedicam semanalmente tempo para visitar doentes em hospitais, velhos em asilos, crianças em orfanatos. Eles não buscam um prêmio da gincana J.A. ou dos Desbravadores, mas doam seu tempo para ver essas pessoas sorrirem de novo, sentirem-se importantes, ouvindo-as, amando-as sem interesse.

Tenho visto casais homossexuais que vivem em harmonia e fidelidade, adotarem crianças órfãs, dando-lhes amor e a alegria de um lar, mesmo que diferente do comum.

Tenho visto famílias pobres que mal têm o que comer e abrigam e compartilham sua comida com outros carentes.

Tenho visto ex-adventistas que acharam uma maneira mais produtiva de “guardar o sábado” limpando a casa de velhinhos doentes e cozinhando para eles no dia sagrado , afinal, o Senhor da Lei, o Dono do sábado, Jesus, disse que é lícito fazer o bem aos sábados.

Por que falar somente do “Não pode isto, não pode aquilo”quando podemos fazer tanta coisa para ajudar e alegrar a vida daqueles nossos irmãos que precisam ver de perto a religião de Cristo? Por que valorizarmos mais as regras e leis do que as pessoas, quando o plano de Deus para Sua igreja é salvar os perdidos?

Jesus fala que quando fazemos o bem a estes pequeninos, a Ele estamos fazendo. Assim, irmãos, temos que deixar os “Não Pode” de lado e pregar o amor de Jesus através de nossos atos. Deixar que o amor de Deus em nós transborde! E, se não é isso que estamos fazendo, deixemos que “O amor de Cristo nos contranja”, para o nosso próprio bem. Amém! —

Fonte: http://65.198.193.213/agosto2003/iasd_nao_pode.htm

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