Autor: Fabio Moura
* Nota do editor: Posição Católica sobre a Ceia do Senhor
A palavra eucaristia significa ação de graças. Este nome tem origem na Santa Ceia, quando Jesus pronuncia as bençãos sobre o Pão e o Vinho. A Eucaristia é o sacramento do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Eucaristia tem uma posição de destaque frente os outros sacramentos. Enquanto os outros sacramentos comunicam a graça santificante, na Eucaristia está presente justamente Aquele que santifica.
Jesus instituiu a Eucaristia na Santa Ceia (Mt 26,26-28; Mc 14,22-24; Lc 22, 19s; 1Cor 11,23-25). A Santa Ceia foi a última ceia de Jesus com seus apóstolos. Era dia de Páscoa, a páscoa dos judeus(Lc 22, 15; maiores detalhes: Ex 11). Nesta páscoa (“passagem”) os judeus lembravam sua libertação do Egito em rumo a Terra Prometida. E comemoravam, de acordo com o ordenado pelo Senhor, imolando (sacrificando) um cordeiro. Sempre que se oferecia um sacrifício a Deus, os judeus se alimentavam da vitima do sacrifício, como uma forma de participação neste. Na Santa Ceia, Jesus toma o lugar do cordeiro. Jesus é o Cordeiro de Deus, Cordeiro Imaculado, perfeito (1Pd 1,19). Ele veio substituir os sacrifícios imperfeitos que os hebreus ofereciam. Ler Ml 1,11. Jesus Cristo é ao mesmo tempo o Sacerdote (oferece o sacrifício) e a Hóstia (vítima).
Jesus explicitamente frisou que se dava como vítima para a expiação dos pecados do mundo. Como vítima de expiação, Jesus selou nova e definitiva Aliança de Deus com a humanidade (Lc 22,20; 1Cor 11,25). Como a antiga Aliança no Sinai, a nova também é marcada pelo sangue que o próprio Cristo derrama. Isto tudo implica que Jesus está realmente presente; se não, não haveria sacrifício propriamente dito; em todo culto sacrifical, é preciso comungar da vítima, e não apenas do seu símbolo. Essa real presença é incutida pelas palavras mesma da consagração: “Isto é o meu Corpo … Isto é o meu Sangue” Aliás, o realismo é recomendado também por textos como o de 1Cor 10,16; 11,27-29; Jo 6,51-56.
Jesus, na Santa Ceia, antecipava sacramentalmente a sua morte de cruz no Calvário. A morte de cruz de Jesus, cruenta (ou seja, com dor), é de valor infinito pois Jesus é Deus. Por isto não é sujeita a repetição (Hb 7,27) . Mas a Santa Ceia é repetível; ela não multiplica o sacrifício de Jesus no Calvário, mas o torna presente aos homens de todos os tempos, para que dele participe como co-oferentes e como hóstia (vítima). Ou seja, na Santa Missa nós repetimos o sacrifício da Santa Ceia, que torna presente o sacrifício da Cruz. São duas faces da mesma moeda. É o mesmo sacrifício da cruz, só que de uma forma diferente, sacramental. Nós participamos do sacrifício nos oferecendo junto com Cristo. Comungando de seu Corpo e Sangue, nos tornando Um com Ele. “Embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos de um único pão” (1Cor 10,17)
Vemos em algumas passagens que a Igreja Primitiva já celebrava a Eucaristia, conforme preceito do Senhor (“Fazei isto em memória de mim”). Ler At 2,42-47;1Cor 11,17-34. Naquela época a eucaristia era chamada de fração do pão.
Na Eucaristia, o pão e o vinho se transformam em corpo e sangue de Jesus Cristo. Apesar de continuar com “a aparência externa do pão e do vinho”, há uma mudança na essêncial. Há uma transubstânciação, ou seja, a substância do pão e do vinho, transformam-se na substância de Jesus Cristo. Por força da natural unidade da Pessoa de Cristo, Deus e Homem, tanto sob a espécie do pão quanto sob a espécie do vinho estão ambos o Corpo e o Sangue de Jesus. Além disso, a alma e a divindade de Jesus também. Jesus está todo em cada partícula de pão e vinho consagrados.
Em resumo, devemos considerar a Eucarístia como ação de graças e louvor a Deus; como memorial sacrifical de Cristo e do seu Corpo; como presença de Cristo pelo poder da sua palavra, do seu Espírito, do seu Corpo.
Devemos estar em estado de graça para receber o sacramento eucarístico.(1Cor11,23-29s)
A eucarístia nos santifica e nos dá forças para nossa vida espiritual, além de ser oferecida em reparação dos pecados dos vivos e dos mortos, e para obter de Deus benefícios também espirituais ou temporais.
Devemos, pelo mandamento da Igreja, comungar pelo menos uma vez ao ano na Páscoa do Senhor, mas o ideal é semanalmente, ou mesmo diariamente.
Devemos prestar culto de adoração ao Santíssimo Sacramento, pois ali está presente verdadeiramente Deus na pessoa de seu Filho.
Ler também Jo 6,48-58
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Bibliografia:
Catecismo da Igreja Católica
Bíblia Sagrada
Curso de Iniciação Teológica “Mater Eclesiae”
O Mistério Eucarística na Voz do Magistério da Igreja – Thomas Lodi
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