Autor: Milton Ribeiro
Ninguém gosta de errar. Acredito que todo cristão sincero, tem a alma impregnada de um profundo desejo de obedecer ao Senhor e viver em conformidade com os Seus mandamentos. No Evangelho de Mateus 22:29 Jesus diz: “…Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus”. Nessa afirmação, podemos verificar que o Seu diagnóstico sobre a principal fonte do “erro” dos líderes religiosos de seu tempo era o desconhecimento de duas coisas: das Escrituras e do Poder de Deus.
O “erro” na vida cristã pessoal e na vida da Igreja provem, quase sempre, do desconhecimento das Escrituras e do Poder de Deus. Observando algumas passagens bíblicas, podemos perceber claramente que há uma preocupação do Espírito Santo em que haja em nossa vida um equilíbrio santo e abençoado entre conhecimento e poder.
Conhecimento, neste caso, é o conjunto de verdades essenciais à fé e a vida cristã, conforme reveladas nas Escrituras. Poder refere-se ao aspecto sobrenatural da nossa fé. A intervenção milagrosa de Deus para que creiamos e tenhamos vitórias sobre a carne e sobre o mundo.
A evidência de que Deus quer que haja equilíbrio entre conhecimento e poder está presente na própria encarnação de Jesus: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade…”Jo. 1:14. Graça (poder) e verdade (conhecimento).
A essência da presença de Jesus entre os homens é graça e verdade. Lucas 2:40 e 52 relata: “Crescia o menino e se fortalecia enchendo-se de sabedoria e a graça de Deus estava sobre ele”. O apóstolo Paulo escreve aos Coríntios: “Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.” Paulo constata que os judeus estavam muito interessados em ver e sentir os resultados do poder de Deus, “pedem sinais” diz ele (I Co 1:22-23).
Parte da Igreja Evangélica está tremendamente ligada às manifestações miraculosas do poder de Deus como condição de crença e fé. Como os judeus, apontados por Paulo, buscam sinais, algo que lhes seja palpável, tangível. A exortação de Paulo, no entanto, reprova a necessidade do sinal para balizar a fé.
A própria definição de Fé “…convicção de fatos que se não vêem” Hb 11:1 nos aponta para essa realidade. Contudo, Deus continua em nossos dias a agir miraculosamente com poder, tudo de acordo com sua Soberania. A ação de Deus é livre, Ele realiza o que quer e quando quer, o problema se localiza no fato de condicionarmos nossa fé a fatos ou a sentimentos. Paulo reprova essa atitude dos judeus. Ligar-se somente a manifestação do “poder” gera desequilíbrio.
Por outro lado, na mesma passagem, Paulo reprova a atitude dos gregos “os gregos buscam sabedoria. Nós da chamada Igreja Tradicional, comumente ouvimos que da ação do Espírito Santo entendem os pentecostais mas da Teologia entendem os tradicionais. Prezamos e amamos o estudo das Escrituras e da sua Verdade. A própria Palavra nos alerta para a necessidade de conhecermos as doutrinas bíblicas. A Palavra nos consola, exorta e edifica.
A dificuldade e o problema se evidenciam quando nos apegamos apenas ao conhecimento intelectual da verdade e nos esquecemos que a nossa fé é algo sobrenatural. “Homens santos, falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” diz o apóstolo Pedro, referindo a inspiração divina da Bíblia. A sabedoria apenas como um mero acúmulo de conhecimento religioso ou teológico, leva-nos a aridez espiritual.
Buscar sabedoria apenas como deleite intelectual, menosprezando o poder, gera desequilíbrio. Buscar poder como deleite para os olhos ou emoções gera desequilíbrio.
Finalmente, o apóstolo Pedro, encerra a sua segunda epístola dizendo “antes, crescei na graça e no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo…”II Pe 3:18. Crescimento não apenas no conhecimento mas também na graça. Graça e verdade juntas. O santo equilíbrio que tanto precisamos. Que assim Deus nos ajude.
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