Autor: Daniel Costa
Salmo 127
Guerra, desastres ecológicos, catástrofes naturais, terror bacteriológico, crise social, esse é o quadro do nosso tempo que pode ser descrito pelas palavras insegurança, medo e ansiedade. Diante destas circunstâncias surgem sempre dois tipos de comportamentos antagônicos e que são descritos pelo salmista no texto que citamos acima: De um lado estão aqueles que julgam que precisam se lançar á ação, irem à luta, trabalharem sem levar em conta o trabalho de Deus, vigiam sem considerarem o cuidado de Deus. São aqueles que julgam que Deus está distante e ocupado demais para se importar com as suas vidas. Do outro lado, estão aqueles que julgam que confiança é cruzarem os braços, não agirem em absolutamente nada e nenhuma direção porque Deus cuidará de tudo. Não edificam, não vigiam porque esse é o papel e trabalho de Deus em suas vidas. Deus não está comprometido, com o seu ativismo, não vai honrar as suas ações simplesmente porque você se esforçou e, tão pouco, do outro lado, Ele não está disposto a contemplar a preguiça e irresponsabilidade daqueles que deitam na “rede da vida” a espera de que Deus proverá.
Como cristãos o que se espera de nós é que a nossa dependência e confiança em Deus motivem e regulem as nossas ações. Não estamos falando de sinergismo religioso, atitude tão anunciada nos púlpitos brasileiros que diz: faça a sua parte que Deus fará a Dele. Não é isso! O que estamos dizendo é que toda ação e atitude de nossa vida precisam ser frutos da nossa relação de confiança e dependência de Deus. É disso que o salmista Salomão está falando e o resultado disso em nossa vida é:
Primeiro – As atitudes na vida ganham efetividade (vs. 1-2). O ativismo sem Deus é representado aqui pelo esforço e empreendimento vazio. As palavras utilizadas pelo salmista são: vão e inútil. É lançar-se em coisas cujo resultado é nenhum, é pura perda de tempo. Por outro lado, o inverso disso também não é o quietismo; a dependência imóvel, sem ação que igualmente não realiza a vontade de Deus. O que o salmista está dizendo é que edificar é ser edificado, vigiar é ser vigiado. A vida nunca se transformará em atitude vazia quando eu sei que me lancei a edificar e construir aquilo que Deus já está edificando em minha vida, quando eu sei que estou vigiando e guardando, mas porque já estou vigiado e guardado por Deus.
Segundo – Há espaço na vida para o descanso saudável (vs. 2). Não há nada mais terrível do que a ansiedade, fruto da insegurança e da falta de confiança, bem como, a imobilidade fruto da falta de objetividade, de direção e coragem para viver. Mas, também, não há nada mais restaurador do que poder dormir tranqüilo ao final de um dia de trabalho, de ter se ido à luta para ver a vida acontecer, consciente de que não dependemos apenas de nós mesmos e de nosso esforço, mas do cuidado de Deus em quem podemos confiar: “Aos seus amados ele o dá enquanto dormem”.
Terceiro – A vida ganha esperança de futuro (vs. 3-5). Gosto como o salmista trabalha a presença dos filhos nessa relação com a construção da vida. Ele não os projeta frente às dificuldades e perigos do mundo, como muitos de nós o fazemos. Pelo contrário, ele utiliza duas expressões relacionadas à perspectivas pessoais: herança e flechas nas mãos do guerreiro. Filhos são herança, presentes divinos abrindo caminho em meio à necessidade que temos de construir a vida. Mas, também, são projeções, são flechas poderosas que precisam ser lançadas para a vida por guerreiros que não têm medo de viver. São os filhos, quando somos capazes de construir relações familiares saudáveis, que garantem companheirismo e parcerias para enfrentar as dificuldades da vida no futuro.
Em meio a inseguranças da vida a resposta cristã é confiança e dependência.
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