Deuses que se tornaram trapos

Autor: Rev.Naamã Mendes
O desejo de ser deus faz parte da natureza humana. Esse desejo tornou-se inerente ao ser humano desde o momento que os protótipos humanos, chamados na Bíblia de Adão e Eva, pecaram. A narrativa bíblica descreve como surgiu o desejo humano de se tornar divino.
A serpente afirmou: “Vocês não morrerão coisa nenhuma! Deus disse isso porque sabe que, quando vocês comerem a fruta dessa árvore, os seus olhos se abrirão e vocês serão como Deus, conhecendo o bem e o mal”. A mulher viu que a árvore era bonita e que as suas frutas eram boas de se comer, e pensou: “como seria bom ter conhecimento.” Aí apanhou uma fruta, comeu e deu um pedaço ao seu marido, que também a comeu.
Essa história, ingênua para muitos, revela o desejo profundo e mascarado que todo ser humano tem de ser divino, de exercer o controle, e o poder sob as coisas que o cerca.
A maioria dos políticos brasileiros, bem como dos religiosos, militares, juizes e outros tipos de indivíduos que ocupam cargos com autoridade institucionalizada e legitimada, têm a predisposição inerentemente humana de desejarem ser reconhecidos como “deuses”, tornando-se, em função da natureza de suas funções, obcecados pelo poder.
Os estudiosos da bíblia chamam o desejo intenso de ser divino de pecado original. Os estudiosos do comportamento humano chamam essa mesma ambição de teomania ou mania de ser deus. Eles defendem a tese que todas as pessoas desejam ou querem ser Deus, reinando onipotentemente, tornando-se o centro do universo e satisfazendo todas as suas vontades, sem culpa ou temor de punição.
Assistindo à televisão e vendo o desfile de pessoas públicas sendo desmascaradas, ficamos com a certeza de que alguns mortais se julgam bem perto de serem canonizados, tornando-se deus.
Segundo os estudiosos, a teomania é uma doença. As pessoas vítimas da mesma podem ser tão obcecadas pelo poder, que não medem as conseqüências para adquiri-lo, usando todo tipo de mecanismo, inclusive os de natureza criminosa. Nesse caso, pode-se também concluir, com base nos perfis das figuras públicas que a televisão mostra, que a elite do poder é predominantemente constituída por teomaníacos. Aliás, os piores exemplos, os mais egocêntricos, os mais imorais parecem estar no poder.
Tem sido historicamente constrangedor ver esses pretensos representantes do povo
( políticos); da justiça ( policiais, juizes, promotores) e de Deus( padres e pastores), usando as suas sagradas funções em benefício próprio, distorcendo e manipulando e aplicando leis para seus próprios interesses, falando de justiça e ludibriando as pessoas. Essa exposição pública e os estudos sobre o comportamento humano, mais precisamente a teomania revelam o que são os seres humanos, poderosos ou não, pecadores e não deuses, como pretendem, na linguagem bíblica, são chamados de trapos de imundície (Ts.64:6). Certamente, não existe crime mais hediondo que este: burlar a boa fé da população para desviar e usar recursos que saiu dos nossos bolsos, e especialmente dos bolsos dos mais pobres para alimentar os interesse pessoais desses ricaços que ocupam o poder.
O nosso país perde cerca de 50 bilhões de dólares por ano por causa da corrupção dos poderosos. Se esses recursos fossem aplicados onde deveriam ser, a cada ano resolveríamos o problema da educação, da saúde, da casa própria, etc. Uma década sem as falcatruas desses ilustres representantes e o nosso país seria uma nação de 1º mundo.
As mudanças podem ocorrer se forem fundamentadas num tripé que contraria o desejo de sermos deuses: humildade , arrependimento e oração, conforme registra a Bíblia: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.”. (II Cron.7:14)

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