Autor: Ashbell Simonton Rédua
O Rev. Pedro Ricardo de Mota, tem exercido seu ministério por 13 anos, em diversas cidades Brasileiras, desde que formou no Seminário Presbiteriano do Norte no final da década de 80. Iniciou seu pastorado em uma igreja antes de ocupar, há treze anos atrás, e agora prepara-se para seu atual cargo como Pastor Titular de uma grande Igreja, depois de passar um ano como Pastor Evangelista, cedido por outro Presbitério. Esta Igreja não tem 50 anos de existência. Considerando que a atividade comercial da cidade se moveu em direção à área do comércio e do turismo, a igreja tem uma localização ideal e vantajosa na cidade. Os membros, salvo uma ou duas exceções, representam todos os extratos chaves da comunidade.
Atualmente, a Igreja conta com os serviços de uma secretária, competente, 40 horas por semana, além de desejar um pastor auxiliar responsável pela música e programas da Mocidade e Adolescentes. Em princípio o pastor auxiliar deverá ser de tempo integral, se Conselho da Igreja decidir na próxima reunião. O Rev. Pedro Ricardo tem vivido as alegrias e as tristezas do Ministério Sagrado, e tudo isso tem confirmado sua relação pessoal com o Senhor Jesus Cristo e o seu chamado ao Pastorado. Contudo, nos últimos meses ele tem sentido uma inquietude profunda e tem experimentado a luta de sua Igreja para desenvolver-se, porém não tem podido colocar sua mão sobre o problema real.
O Pastor Pedro Ricardo chegou às 23:30 hs, depois de uma longa sessão com o Conselho da Igreja. Depois de jantar se propôs a ler uma carta de um companheiro de Seminário, a qual não havia podido ler durante o dia. Ao ir lendo a carta, o Rev. Pedro Ricardo sentiu-se profundamente comovido pela preocupação de seu colega e decidiu responder-lhe imediatamente. Teve a sensação que ao escrever a seu amigo conseguiria recuperar a calma depois de um dia frustrante.
Meu querido amigo Henrique!
Muito obrigado por sua carta. Que bom saber que seu filho está bem, depois do desânimo sofrido pela forma como o Conselho da Igreja anterior havia conduzido aquela eleição, havendo visivelmente uma demonstração de insatisfação por parte deles em relação a sua pessoa, também pudera, você foi trabalhar justamente sobre a questão do “pecado e avivamento”, tocou em cheio na vida desses “santos homens de Deus”. Estamos orando para que ele não venha a ter mais decepções, e, não venha a se afastar do Evangelho.
Neste momento a casa está tranqüila e todos dormem, porém, pela manhã lhes darei estas boas notícias. Agora recordo que também você sofreu muito quando seu Pai, que também era Pastor, foi alvo de injurias e calúnias, e, que te deixou abalado. Você conseguiu segurar a barra, mas seus irmãos não, foram dispersos para outras Igrejas. Como se diz: “Tal pai, tal filho”.
Henrique, aprecio muito seu interesse em saber como vai a Igreja. Estou lendo a sua carta no final de um dia muito pesado e de uma reunião do Conselho. Abatido e sentindo necessidade de compartilhar com alguém. O Senhor tem sido benigno para comigo e minha família e queremos seguir confiando nEle completamente, porém, as cousas aqui não são o que deveriam ser e não estou certo sobre que atitude tomar. Sei que devemos esperar que Deus opere, porém, tenho a crescente sensação de que não estamos fazendo nossa parte como nos cabe. Nem ainda estou seguro por onde começar a corrigir as coisas, nem como faz-lo. Já que você me pergunta como anda a Igreja, desejo dizer o que aconteceu nesta reunião do Conselho recém-terminada.
Durante a leitura de informações dos Ministérios, comecei a contar o número de atividades que foram realizadas no mês passado. Contei 39 atividades diferentes, ainda aglutinando as reuniões de oração do Desperta Débora, como reunião de oração da Igreja, contando-as como uma. Não há dúvida que gostamos da variedades e até me é impossível estar em todas as reuniões. As vezes penso que minha função atual é ver que tudo continue funcionando.
Tivemos uma pequena crise no princípio de nossa reunião esta noite. O Diretor do Departamento de Educação Cristã nos informou que o Superintendente da Escola Dominical renunciou, no domingo passado, oprimido pelas críticas das pessoas. Quem sabe não era uma mulher adequada para esse posto. Esta irmã é Contadora de uma grande empresa estatal e, leva os controles da Escola Dominical nessa forma profissional; porém, não sabe relacionar-se bem com seus colaboradores, é um pouco arrogante e autoritária. Tivemos que cancelar a classe de professores da Escola Dominical que ela dirigia porque ninguém chegava, apesar de que a havia instruído para esse fim.
A razão de designar-lhe esse posto foi porque insistia para fazer os relatórios da Escola Dominical e tendo que admitir que estavam muito desordenados e precisávamos dessa ajuda. Agora ela sente amargurada pela má experiência sofrida. Encontra-se triste e envergonhada porque várias pessoas lhe disseram não ser uma boa líder. Vai me levar um bom tempo para poder tranqüiliza-la. De qualquer maneira terei que fazer seu trabalho até que o Conselho nomeie outra pessoa no próximo mês.
Porém, há uma nota alegre, feliz. O Secretário do Conselho sente-se muito grato pela ajuda que dei a seu pai quando este me buscou procurando meu conselho na semana passada. Realmente, me anima muito saber que as pessoas apreciam o que os outros fazem. Quem sabe isto é indicativo de que deve dedicar mais tempo ao aconselhamento, porém, já estou dedicando 20 horas por semana a isto, e, meus filhos ficam aborrecidos comigo quando tenho também, aconselhamento aos sábados à tarde. Por outro lado, penso que o ser conselheiro de nenhuma maneira é o ponto forte de meu ministério, mas tenho que admitir que há uma grande necessidade disso na igreja.
Em meio a tudo isto temos realizado uma atividade que espero seja interpretada favoravelmente pela comunidade. O grupo local de combate a AIDS, nos pediu emprestado o salão social da Igreja para usa-lo às 4ª feiras, durante os próximos 3 meses. O Conselho esteve de acordo em empresta-lo apesar do comentário sarcástico que um irmão fez sobre alugar espaço para a Sociedade de Cancerologia também, bem, dever ser cordiais com nossos vizinhos.
Quando distribuí as cópias do relatório estatístico de crescimento da Igreja, assistência regular, dízimo e ofertas, e ministração da Ceia do Senhor na Igreja e nos lares, vários membros do conselho mostraram-se frios. Envio a você uma cópia para você a veja. Um dos membros do Conselho disse que o últimos anos não são muito diferentes dos primeiros oito anos, com os outros pastores que passou pela Igreja. Logo, já ninguém disse nada sobre este relatório, nem eu tampouco. Produziu-se curiosidade tal comentário do irmão; não sei o que esperava ver no relatório. Creio que o procurarei pessoalmente e de uma forma indireta averiguarei o que quis dizer.Estou consciente de que a Igreja precisa envolver-se em Missões, mas pergunto: Como poderia fazer algo mais, se não consigo fazer tudo o que já tenho?
Depois da reunião de hoje, o novo presidente da Mocidade me pediu conselho sobre seu novo posto. Parece que o elegeram porque é um jovem muito sociável. Expliquei-lhe alguma das atividades tradicionais do grupo desde que sou pastor. Mostrou-se agradecido e esteve de acordo em que um esforço, como de ajuntar roupa usada e envia-la aos missionários, era adequado para iniciar sua atividade. Também gostou da idéia de ter um churrasquinho com todos os jovens uma vez por trimestre. Contou-me a história de um homem que foi, pela primeira vez na última reunião dos jovens. Parece que o homem era novo na cidade e trabalhava em uma fábrica como engenheiro em segurança industrial; alguém o convidou e ele veio. O novo presidente da Mocidade pensa dar-lhe uma responsabilidade para que se sinta comprometido a continuar participando desse trabalho.
Não estou completamente convencido com este método, porém, creio que o irmão tem razão. O problema é que somente podemos dar-lhe responsabilidade no Ministério de Programas & Eventos, e, é um pouco difícil para uma pessoa nova. Oxalá tivéssemos algo relacionado com sua profissão. Antecipo que alguns membros do Conselho vão queixar-se ao ver outro posto em nosso organograma, porém, pelo menos vamos segurar este homem.
Temos um problema oposto com outro homem. No ano passado, ele e sua esposa participaram de uma conferências missionárias, que realmente transformou a vida deles. Pareciam saber o que tinham que fazer e desejavam faz-lo, porém este casal não se ajustava ao nosso esquema. A Junta Diaconal desejava pessoas que ajudassem falando do Senhor aos necessitados. Contudo, este casal não quis aceitar a idéia. Eles queriam iniciar um movimento de missões na igreja visando o envio de missionários. Não sei como vai terminar tudo isso.
Henrique, tomara que eu não esteja levando preocupação a você. Não tenho certeza de haver dado um quadro muito exato do que aconteceu na Igreja, porém, mais ou menos é como relatei. Como já disse creio que o Senhor está comigo aqui e desejo servi-lo de todo coração. Cada dia é diferente: visitas no hospital, preparação de sermão, conselhos, fazer relatórios, etc. O que me preocupa é que ao olhar para trás, para os últimos seis meses, me parecem tão monótonos a tal ponto que não posso identificar uma só pessoa cuja vida tenha sido transformada espiritualmente, mediante meu ministério. Porém, a Palavra diz: “Requer-se dos despenseiros que cada um seja achado fiel” e eu quero fazer todo esforço da minha parte.
Henrique, muito obrigado por sua carta e espero não haver colocado carga sobre você com esta tão longa. Sinto-me melhor ao haver compartilhado!
Sinceramente em Cristo,
Rev. Pedro Ricardo
Obs: Os nomes são fictícios, porém a história é verdadeira. Este homem me procurou, relatando que em 15 anos de ministério não havia ganhado nenhuma vida para Jesus Cristo. Hoje ele está em outra denominação Presbiteriana.
Rev. Ashbell Simonton Rédua é Pastor Presbiteriano da IPB, formado pelo Seminário Presbiteriano do Norte, membro da Comissão Nacional de Evangelização, conferencista em Congressos e Simpósios, casado com Suely Montalvão Rédua com quem tem cinco filhos.
Faça um comentário