Cristianismo e cultura

Autor: Henrique Alves da Silva

Nos mêses de julho comemora-se o aniversário do Congresso Internacional de Evangelização, que aconteceu na cidade suíça de Lausanne. O evento representou um marco na história das missões contemporâneas e alavancou a evangelização ao redor do Planeta. Ao final do Congresso foi produzido um documento conhecido como “O Pacto de Lausanne”, que consta de 15 Artigos e uma Conclusão. É uma autêntica confissão de fé moderna, que reafirma as crenças básicas do Cristianismo, com forte ênfase na evangelização. O Pacto é também um tributo à unidade da igreja. Quero destacar, do Artigo 10 uma crítica muito sugestiva:
As missões, muitas vezes, têm exportado, juntamente com o evangelho, uma cultura estranha, e as igrejas, por vezes, têm ficado submissas aos ditames de uma determinada cultura, em vez de às Escrituras.
Os redatores do Pacto mexeram em casa de marimbondos. É fato que, ao ser transmitido, o evangelho carrega muito da cultura do transmissor. Nada de mais se dermos um desconto às ambigüidades humanas. Mas a situação se complica quando a avaliação do que é evangelho passa pela reprodução, tintim por tintim, do modelo cultural recebido. Nesse caso os evangelizados são também colonizados ao tentarem reproduzir os hábitos e costumes dos missionários. Podemos verificar um tal desvio comportamental em muitas de nossas igrejas. Por vezes nos esquecemos que somos latinos tropicais e assumirmos uma cosmovisão euro-americana. Tem igreja que é pouco mais do que uma estação repetidora das centrais difusoras do Norte. Esquecemos que somos bandeirantes e não pioneiros; meridionais e não setentrionais; brasileiros e não ianques.
Não proponho que sujemos o prato em que comemos. Devemos reconhecer o esforço missionário do outro hemisfério. Entretanto, o preço desse reconhecimento não nos pode tornar culturalmente alienados. Quer queiramos ou não, somos parte de um caldo cultural tupiniquim. O que seria de nós, só pra imaginar, se tivéssemos sido evangelizados por esquimós? Já sei: estaríamos cultuando em iglus, usando peles de foca e cantando hinos com melodias polares! Nada mais estranho, não?
Pois bem, que contornos culturais envolvem o evangelho que vivemos? Cultura por cultura, prefiro a nossa. É mais nossa. Que a deles fique com eles! O tempo da tutela já passou. Se o evangelho tem de ter cores , que sejam as nossas. Com decência e ordem podemos expressar a fé de um modo mais nosso, mais brazuca, mais caldo de cana, menos coca-cola.

Ministro de Educação Cristã
pilgrammarpeck@ig.com.br
Primeira Igreja Batista do Rocha
São Gonçalo – RJ

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