Autor: Jonathan Menezes
“Cada um corre a sua carreira como um cavalo que arremete com ímpeto na batalha” (Jeremias 8:6). A muitas pessoas esta analogia caberia perfeitamente! Primeiro porque o sinônimo da vida nos grandes centros tem sido “correr, correr e correr”…
E afirmar que a minha ou a sua vida está “corrida” (no sentido de cheia de compromissos, azafamada) é garantia de status, de ajustamento ao modus operandi. Em segundo lugar porque o ímpeto cavalar ao qual alude Jeremias, traz à tona um jeito bastante peculiar de “levar a vida”, em que o indivíduo se lança ambiciosamente em uma “corrida”, onde os meios são irrelevantes, assim como quem quer que esteja “no meio”, à frente ou à trás, e onde o que substancialmente importa é a conclusão, a meta, a chegada. A atitude da “maioria” mostra que estamos sempre à procura de atalhos que possam encurtar a longa, e muitas vezes dura, alameda da vida.
Pessoas que assim agem, estão fatalmente sujeitas a perder a capacidade (dom) de enxergar a beleza que se encontra à beira do caminho; de tão preocupadas com os grandes acontecimentos, acabam passando largo em relação às pequenas maravilhas da existência; de tão ensimesmadas passam a tratar as outras pessoas estatisticamente, como se fossem metas, estratégias ou conquistas a se fazer. Mas se a vida se resumisse a métodos, técnicas e estratégias o ser humano estaria categoricamente morto! Se você assistiu a um dos últimos filmes de Steven Spielberg, “A.I. – Inteligência Artificial”, pode ter uma idéia auxiliar sobre o que estou falando.
A verdadeira “graça” da vida, no entanto, está na jornada percorrida, e não apenas no destino a que se pretende chegar. David Wong escreveu: “A vida pode levar-nos a um destino, mas é a viagem em si que nos faz ser o que somos e seremos”. No fim das contas, quem sabe sob o argumento de que a história é irreversível, alguém poderá dizer que a vida continuará irremediavelmente sendo marcada por correria e competição. Eu, porém, quero prestar mais atenção no caminho, nas belezas e contrastes nele existentes, nas pessoas com as quais nele cruzo, sem que por mim passem desapercebidas, como se fossem apenas vultos, corpos sem valor, matéria descartável.
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