Autor: Ronaldo Mendonça de Oliveira
“ É impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro, e depois caíram sejam novamente renovados para arrependimento, porque de novo estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus, e expondo-o à humilhação e vergonha.” (Hebreus 6:4-6)
Meus amados irmãos e amigos,
Este texto também poderia ser chamado “Várias razões pelas quais não creio na perda da Salvação.” Quantas e quantas vezes já me deparei com pessoas que afirmam categoricamente sua fé na perda da Salvação, ou outros que não fazem idéia se a Salvação é ou não para sempre.
O texto favorito dos adeptos deste pensamento é o que destaco acima, de Hebreus 6:4-6. O pensamento é simples: “Ora, se é impossível que tais pessoas sejam renovadas para arrependimento, logo perdem a Salvação.”
Vamos tomar cuidado, no entanto, com tal pensamento. Diversos erros doutrinários cercam essa simples frase. Vamos acompanhar o raciocínio, trazendo à luz o verdadeiro sentido do que o autor de Hebreus dizia:
1.As pessoas iluminadas: Embora pareça simplista dizermos que quem se desvia da fé não é crente de fato, é exatamente isso que o autor coloca. Veja o que ele diz: “É impossível que os que já uma vez foram iluminados…” e comparemos, por exemplo, com Mateus 5:14 onde Jesus diz aos discípulos: “Vós sois a luz do mundo.” A própria geografia espacial pode nos ajudar neste conceito: No Universo, temos corpos celestes luminosos (que produzem luz própria, como as estrelas) e os corpos celestes iluminados (que recebem a luz de fora para dentro, pois não têm luz própria, como os planetas). A diferença é clara também pela comparação destes dois textos. Em Hebreus, o autor fala de pessoas que foram iluminadas. As tais receberam a luz de fora para dentro (tal qual um planeta), mas não são capazes de produzir a luz, pois não têm a luz de Cristo em seu interior. Os que receberam a luz de Cristo pela conversão em seus corações são chamados de luz do mundo, isso é, produzem luz capaz de chamarem a atenção pela diferença no meio das pessoas sem luz.
2.As bençãos por meio da Igreja: Ainda na análise do texto de Hebreus, o autor diz: “É impossível que os que já uma vez (…) provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro… sejam renovados para arrependimento(…)”. Quantas vezes já encontramos pessoas chorando em meio à mensagem na nossa igreja, mas não aceita o senhorio de Cristo ? Por quantas pessoas oramos e para quantas evangelizamos a mensagem sã da cruz mas, por alguma razão, a pessoa não se converte mesmo tendo entendido tudo o que foi explicado ? É exatamente o que aconteceu ao “jovem de qualidade”, cujo fato é narrado em Mateus 19:16-22. Este jovem conhecia toda a Lei de Moisés, e a obedecia (v.20). Ele também conhecia todas as coisas que Jesus fazia, e sabia que somente Ele poderia mostrar o caminho para a vida eterna (v. 16). Mas, quando ele – o jovem rico – precisou tomar uma decisão, voltou atrás. Não foi capaz de abdicar de sua velha vida. Acham que isso não acontece nos dias de hoje ? Claro que sim! Ao homem foi dado o direito de escolher, desde os tempos da antigüidade (Dt. 30:19; Js. 24:15). Alguns escolhem bem; outros não. Ainda assim, estão na igreja. É por essa razão que Jesus adverte sobre o “trigo e o joio” (Mt. 13:24-30 e 36-43), os “peixes bons e ruins” (Mt. 13:47-50). Ele também avisa a que não lancemos pérolas aos porcos (Mt. 7:6). Pode parecer duro, mas se todos aceitassem de bom grado a mensagem do Evangelho, todo o planeta estaria salvo. Na verdade, sequer teria tido a perseguição dos escribas e fariseus contra Jesus. Ser “participante” do Espírito Santo, “provar” os dons celestiais e todos os outros aspectos que vemos no texto não significam que a pessoa é convertida. Apenas que foi testemunha ocular da obra de Deus na vida humana, e sentiu a presença do Todo-poderoso em determinado(s) lugar(es) em determinada(s) situação(ões). Ainda assim, suas obras são más, e deles Cristo também fala em João 3:19-21.
3.O “não” a Cristo: Os que tiveram essa oportunidade, mas recusaram aceitar o senhorio de Cristo faz dessas pessoas exatamente como aqueles judeus que, vivendo com Cristo, testemunhando seus milagres, aprendendo com Ele e ouvindo Sua fama por toda parte, pediram que fosse crucificado. É como se dissessem: “Tudo bem, Jesus, você pode fazer isto e aquilo, mas da minha alma cuido eu. Tchau!” Se fazem auto-suficientes, mesmo não o sendo. É por isso que o autor de Hebreus diz que os tais “novamente crucificam para si mesmos o Filho de Deus, e o expõe à humilhação e vergonha ”, pois a situação é a mesma.
4.O “sim” de Cristo: Por outro lado, além de tudo isso que já vimos apenas nesse texto, temos toda a Palavra de Deus que testifica o caráter perpétuo da Salvação: “Mas a todos que O receberam, àqueles que crêem no Seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus.” (João 1:12); “O povo que andava em trevas viu uma grande luz, sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz. Tu multiplicaste este povo, e alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa e como exultam quando se repartem os despojos. Porque tu quebraste o jugo que pesava sobre ele, a vara que lhe feria os ombros (…) porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o principado está sobre os seus ombros, e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Is. 9:2-6); “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou seu Filho não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele.” (João 3:16-17); “Eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; ninguém poderá arrebatá-las da minha mão. Meu Pai, que as deu a mim, é maior do que todos; ninguém poderá arrebatá-las da mão dele.” (João 10:28-29); “Pois serei misericordioso para com suas iniqüidades, e de seus pecados e de suas iniqüidades não me lembrarei mais.” (Hebreus 8:12) e tantos outros versículos que não podem ser ignorados.
5.Apenas continue a leitura: Mesmo no texto de Hebreus, se continuarmos a partir do versículo 7, lemos o que segue: “A terra que embebe a chuva que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a benção da parte de Deus. Mas se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada, e perto está da maldição. O seu fim é ser queimada. Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores e pertencentes à salvação, ainda que assim falamos. Deus não é injusto; ele não se esquecerá da vossa obra, e do amor que para com o seu nome mostrastes, pois servistes e ainda servis aos santos”. (Hb. 6:7-10). Aqui, se vê a confirmação do que foi dito anteriormente. Ora, a terra recebe sempre a mesma chuva. Em alguns lugares, produz bons frutos. A mesma terra, com a mesma chuva, em outro lugar, produz espinhos e abrolhos. Não é assim na igreja ? Todos recebendo de um mesmo alimento em um mesmo lugar ? Mas a benção de Deus vem ao que dá bons frutos pois “a árvore boa não pode dar maus frutos, nem a árvore má produzir bons frutos.” (Lc. 6:43-45), e o fruto dos filhos de Deus são o Fruto do Espírito, como descrito em Gálatas 5:22-25.
Portanto, aquietemo-nos quanto à nossa Salvação. Ela é para sempre se realmente temos entregue nossas vidas nas mãos do Pai Celestial. Não pode ser perdida. É garantia vinda de Deus, e não do homem.
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