Autor: Bruno Edgar Ries
Depois de milênios de afirmação da superioridade masculina, o último século vem caracterizando-se pela anulação dessa propalada superioridade, e as mulheres vêm alcançando sucessivas vitórias na luta pela igualdade de direitos.
Mas são os homens superiores às mulheres?
No plano físico, algumas características apontam para uma média masculina superior, como altura, peso e força. Os médicos, contudo, afirmam que os homens têm menor resistência às doenças de um modo geral, embora as mulheres também estejam mais sujeitas a alguns tipos de problemas de saúde, como por exemplo, a manifestação de quadros depressivos. Os homens também apresentam uma média de vida inferior às mulheres. É importante assinalar que esta situação relacionada às diferenças de saúde vem se alterando, já que muitas doenças e problemas que tinham maior incidência masculina já estão se equivalendo, como no caso das doenças pulmonares e cardíacas, bem como a dependência alcoólica e tabagista; isto provavelmente pode ser explicado pelo fato de a mulher estar cada vez mais sujeita ao estresse e submeter-se a hábitos que antes eram próprios dos homens.
Hormônios – Homens e mulheres também apresentam diferenças quanto aos hormônios sexuais: nos primeiros 40 anos, predomina no homem a testosterona e, na mulher, os estrógenos. Depois dos 40 anos, ocorre uma redução de testosterona e um aumento proporcional nos estrógenos no caso masculino, ao passo que ocorre o inverso nas mulheres. Numa perspectiva psicológica, talvez esteja aí uma das explicações para as diferenças comportamentais entre homens e mulheres nas duas principais etapas da vida adulta: antes e depois dos 40 anos. Costuma-se afirmar que, dos 20 aos 40 anos, os homens são mais competitivos e agressivos, ao passo que as mulheres são mais protetoras e afiliativas. Nessa fase, os homens apresentam maior “masculinidade”, e as mulheres, mais “feminilidade”. Isso certamente corresponde aos papéis que a sociedade e a cultura definem para homens e mulheres nesse período.
Podemos observar, também, que o desenvolvimento psicológico estabelece trajetórias diferenciadas para o sexo masculino e o feminino. O amadurecimento adolescente acontece antes nas mulheres e depois nos homens. Nesse período (10 a 16 anos aproximadamente), surgem interesses e necessidades diferenciados. Há uma sabedoria na natureza quando estabelece essas diferenças, já que, dessa forma, homens e mulheres internalizam características comportamentais relativas ao seu sexo através da identificação com companheiros do mesmo sexo.
Privilégios – A sociedade tradicional estabeleceu privilégios aos homens, que foram mantidos até recentemente, inclusive na igreja. O voto nas assembléias e a indicação para os cargos mais importantes eram reservados aos homens. (A título de polêmica, nossa igreja, ainda hoje, só admite homens para o exercício do ministério).
Há não muito tempo atrás, esperava-se que homens trabalhassem fora para o sustento do lar, e as mulheres assumissem um papel inerente ao sexo feminino: cuidar dos filhos e da casa. Embora não seja mais esta a situação que prevalece hoje, é ainda o homem que consegue afirmar-se mais cedo na profissão. A mulher, via de regra, só vai poder dedicar-se a uma profissão antes de ter filhos ou quando os mesmos já estão crescidos. Certas áreas ou atividades, ainda hoje, são ocupadas predominantemente por homens. Isso acontece em alguns cargos executivos na política; na área religiosa, onde a função de pastor ou padre é quase exclusivamente masculina, e profissões como a de motorista de ônibus ou táxi, de matemáticos, físicos, etc.
Além de mais forte fisicamente, o homem também não é superior em inteligência? Os estudos convencionais indicavam superioridade masculina. Ainda hoje, se aplicássemos um teste de inteligência aleatoriamente, teríamos uma média masculina superior. No entanto, isso se deve mais às diferenças de oportunidades culturais do que propriamente à natureza masculina.
Em relação ao machismo, tem-se ouvido freqüentemente um mea culpa feminino, já que historicamente a educação dos filhos, tanto do sexo masculino quanto do feminino, sempre coube à mulher. Logo, sobre ela cai a responsabilidade, em última instância, de desenvolver atitudes machistas nos filhos homens.
Igualdade – Na atualidade, mesmo tendo presentes as diferenças entre homens e mulheres, cada um tem um importante papel a desempenhar na família, na igreja e na sociedade. A esposa necessita do apoio e companhia do marido (e vice-versa); os filhos precisam dos modelos masculino e feminino, da presença e da orientação dos dois; a igreja busca a integração das ações e a verdadeira fraternidade dos membros masculinos e femininos; e a sociedade se tornará mais justa quando houver igualdade masculina e feminina em todos os direitos humanos.
Riess é psicólogo em Porto Alegre, RS. Integra o quadro de colaboradores do ML.
Fonte: www.editoraconcordia.com.br/ml/1999/ml_novembro99/ml_tema.htm
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