Zaqueu, Jesus, eu, você e tantos outros e outras

Zaqueu e Jesus
zaqueu

Coloquei o nome de Zaqueu propositalmente. Ele, na história, é a principal figura: Zaqueu, Jesus, eu, você e tantos outros e outras
Roma dominava Israel e como não era possível cobrar os impostos montando coletorias em todos os lugares, contratavam alguns do próprio povo para fazer isso. Essas pessoas pagavam uma taxa a Roma e então poderiam cobrar o que queriam do povo.
Geralmente extorquiam exageradamente. Por isso, e com razão, eram odiados. Além do mais, eles supriam os soldados romanos com aquilo que eles pediam e eram muitas coisas.
Por tudo isso, foram chamados de publicanos, impuros e não mais considerados filhos de Abraão.
Agora vamos para Jericó. Uma cidadezinha com recursos do comércio de bálsamo. Era a cidade mais antiga da região da Palestina, no vale do Rio Jordão, perto do Mar Morto e de Jerusalém. Cidade ideal para o nosso personagem ganhar dinheiro e ideal para atrair pobres e mendigos como o cego Bartimeu.
É por ali que Jesus vai passar e passa. Um frisson. O mestre Jesus está na cidade. Sua fama o precedia. Lá vem tranquilamente acompanhado dos discípulos e dezenas de curiosos. Para debaixo da árvore, olha para cima e lá está ele – o homem que massacra o povo, tira de onde não se tem, piedade zero.
Jesus olha para cima e fica olhando. Nesta altura todo mundo já viu o seu Zaqueu. O riso é geral. Um homem daquele gabarito em cima de uma árvore! Se alguém não o havia reconhecido agora não tem mais jeito. Jesus grita o nome dele: Zaqueu!
Todo mundo pasmo e gelado. A expectativa é enorme. A vingança demorou, mas chegou: Desce depressa! Silêncio geral.
Zaqueu, manda um whatsapp para a esposa porque eu hoje vou jantar na sua casa.
Um olha para o outro. Espanto geral: – Ele disse que vai jantar na casa do Zaqueu?
– Não somente disse como já está indo. Olha lá, colocou a mão no ombro do Zaqueu e ainda está dando risadas.
Pão prá lá, pão prá cá. Óleo de oliva de primeira, azeitonas grandes, figos e castanhas, um vinhozinho Malbec, um brinde aqui, outro ali.
Ninguém fala nada.
De repente a comilança é interrompida. Zaqueu não aguenta mais: “Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens”. O cara já começa doidão. Dou a metade de tudo o que tenho para os pobres. E emenda: “se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais”.
Preste atenção na segunda oferta. Todo mundo diz que ele é ladrão, inclusive a gente. Mas ele diz “SE”. Se eu roubei… devolvo quatro vezes mais. Zaqueu diz que SE alguém se apresentar como tendo sido roubado ele vai restituir quatro vezes mais.
Foi neste momento que ocorreu a redenção de Zaqueu: “Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão”.
Note que Jesus não disse e não pregou nada para Zaqueu para ele fazer aquelas ofertas. Jesus não disse que ele era salvo. Se tivesse dito você iria dizer que Zaqueu estava somente respondendo ao presente da vida eterna. Não! Foi depois que ele disse aquelas coisas que Jesus o declarou salvo.
Jesus o restaura. O povo dizia que ele não era filho de Abraão. Jesus disse que sim, ele era. Ele era a pessoa para quem Jesus havia vindo ao mundo. Gente como ele.

Fiquei pensando nessa história tão conhecida e aplicando-a ao nosso cenário.

1. Jesus fica andando por aí. Ele encontra todos os tipos de pessoas. Todos os tipos mesmo.
2. Ele não se enquadra em nenhum dos nossos pré-conceitos sobre ele.
3. Ele é totalmente desapegado de qualquer coisa que você diz que ele é ou que ele deveria fazer.
4. Ele não está nem aí se você é o opressor ou o oprimido. Ele vai libertar você da mesma forma. Os dois precisam dele.
5. Ele consegue ver nas pessoas a imagem de Deus. Afinal tudo foi criado por ele mesmo.
6. Ele tem o poder de extrair das pessoas o que elas têm de melhor. E todas as pessoas que têm um encontro com ele não resistem ao seu olhar.
7. Ele não é nada do que a maioria das igrejas fala que ele é porque ele é a plenitude de Deus em nosso meio.
8. Ele não se enquadra em nenhum esquema partidário ou ideológico.
9. Ele está acima de qualquer cultura, credo ou conceito.
10. Ele tem o poder de atrair para si desde ladrões, “piedosos” religiosos e blasfemos perseguidores da igreja.
11. Ele não se ofende com nada do que se diz contra ele.
12. Ele é o resplendor da glória de Deus, ele é a estrela da manhã, o justo advogado junto ao Pai, o pastor que ama suas ovelhas, o profeta que chora com a maldade do seu povo, o soberano com autoridade sobre toda a terra.

Tem tanta gente por aí que eu e você afirmamos de pés juntos que não é isso ou aquilo, que não presta para nada ou que se presta a fazer “essas coisas”. Pessoas que temos certeza absoluta que se Jesus encontrar ele vai virar o rosto, ele não vai querer nada com estes imprestáveis.
Graças a Deus e por sua misericórdia o Peregrino anda por aí buscando os doentes e os mais miseráveis deste mundo. Os bons estão em boas mãos.
Assim sendo, cuidado com o que dizem de Jesus e com a leitura que fazem dele. Ele pode não ser nada disso. Creia por você mesmo(a). Leia os evangelhos e conheça o Peregrino por você mesmo(a) e não de segunda mão. Entendeu?

Antonio Carlos Barro

Estude teologia: Faculdade Teológica Sul Americana – curso online reconhecido pelo MEC

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