Visão do futuro

Autor: Isaltino Gomes Coelho Filho

“Quando se trata do futuro, há três espécies de pessoas: aquelas que deixam acontecer, aquelas que fazem acontecer e aquelas que se espantam com o que aconteceu” (Richardson). 
Tirei a citação acima do livro Transformando a visão em ação , de Barna. É um daqueles livros que se lê com cautela, mas traz proveito ao leitor. As três espécies de pessoas citadas na frase de Richardson são encontradas em todos os lugares. Até na igreja.
Há membros de Igreja sem visão de futuro. Não sabem do propósito de Deus para a igreja e para sua vida pessoal. Assistem a cultos, aproveitam o que querem, criticam o que não gostam. Meros consumidores, não agentes. Não se engajam em projeto algum. Há a terceira categoria, que talvez seja esta, quando as coisas sucedem. Por não saberem de nada e por não participarem de nada, se surpreendem com resultados, quaisquer que sejam. São passivos. São os consumidores da primeira categoria. Por isso que disse que estes talvez sejam aqueles, em tempo futuro.
A segunda categoria é a dos que fazem acontecer. Como cantava Geraldo Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. São membros de igreja com noção da vida cristã em termos globais. Sabem qual é o propósito divino para a igreja, que mais que realizar cultos é cumprir uma missão no mundo. Sabem qual é o propósito divino para sua vida. Têm consciência de seu valor pessoal e sustentam a igreja com recursos, orações e ações. Vêem-se como necessários e se envolvem com os valores do reino de Cristo e os propósitos de sua comunidade. Não sonegam contribuição financeira, amor à igreja, apoio ao trabalho. Não vão só para receber. São úteis.
Alguém comparou o cenário de nossas igrejas a um jogo de futebol: um pequeno grupo dá duro, se esfalfa, precisa de descanso, e uma multidão assiste, torce, critica, vaia e aplaude quando gosta. Durante a semana a multidão comenta o desempenho do pequeno grupo enquanto este se prepara para mais uma luta.
Uma das grandes necessidades da igreja é engajamento e solidariedade. Nenhum crente deveria ser torcedor, mas todos devem ser participantes. Todos devem sonhar e trabalhar juntos.
A igreja precisa de rumo. Saber para onde vai e o que pretende ser. Há igrejas sem rumo, e na sua falta, os crentes vivem às turras. As energias não gastas no serviço são direcionadas para o negativo. Cabe aqui outra citação do livro de Barna: “Na ausência de um grande sonho, a insignificância prevalece”. Há igrejas com sonhos pequenos: apenas encher o templo, mostrar uma face feliz à sociedade, agrupar as pessoas socialmente, etc. Mas o grande sonho, de fazer diferença, de ver vidas transformadas, de modificar o ambiente, de salgar o mundo com o evangelho, não aparece.
A igreja precisa sonhar. Querer ser mais do que é. Mas sonhos podem ser ilusões, refúgio para a vida banal. Como o bacurau, cujo canto parece “amanhã eu vou”. Um amanhã que nunca chega. Um dos personagens de Jack London, em O lobo do mar , declara: “Nenhum homem cria a sua oportunidade. O que mais que os grandes homens podem fazer é percebê-las, quando as oportunidades chegam”. Quando alguém compromete a vida com Cristo, a grande oportunidade chegou: ser útil, ser uma bênção, marcas vidas, engajar-se em um projeto eterno, a Igreja de Cristo, nascida no coração de Deus, na eternidade (Ef 1.4), e predestinada a entrar na eternidade (Ap 21).
Quem é você? Um apático? Um assistente que cobra? Ou um engajado que faz as coisas acontecerem? O reino de Deus, em geral, e sua igreja, em particular, precisam de quem faça acontecer. Que veja o futuro e queira concretizá-lo.

 

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