O perdão está entre os Top 3 das coisas difíceis de fazer. Acho que é mais fácil a pessoa pular de um bungee jump do que perdoar o outro ou quem sabe até a si mesmo(a). A seguir uma breve reflexão sobre o perdão.
Perdão é a palavra chave para entender o amor de Deus e o ministério de Cristo. Vou escrever sobre dois aspectos do perdão, igualmente importantes.
O primeiro é que o perdão é um ato jurídico. Alguém lhe fez um dano, não interessa qual foi, e você diante de Deus ao invés de reivindicar a reparação, decide perdoar e não mais exigir algo daquele que fez o dano.
Você está assinando um documento que desobriga a pessoa a reparar o erro. Ela não precisa devolver o dinheiro, não precisa consertar o que quebrou, não precisa cumprir o compromisso e não precisa nem mesmo pedir desculpas a você.
Ao perdoar juridicamente a estrada para o futuro foi limpa. A pessoa perdoada renasce e segue o curso de sua vida.
Corrie ten Boom, que ajudava sua família a proteger os judeus do Holocausto, entendeu bem isso: “O perdão é um ato da vontade, e a vontade funciona independentemente da temperatura do coração”.
Perdoar juridicamente só depende de você e NADA do outro. É só assinar a carta de soltura e ao fazer isso, tanto o outro bem como você estão liberados para avançar ao futuro.
Perdoar, me perdoem, não é esquecer
Perdoar já é uma barra pesada… vai contra a natureza humana ainda dominada pelo orgulho e soberba. O malfeito não causou apenas prejuízos, mas e também abalos emocionais.
Então estamos andando por terrenos movediços, pois sentimentos e emoções não são fáceis de lidar.
O primeiro passo já foi dado. Legalmente o ofensor ou ofensora já está livre da ação realizada. Não precisa se retratar (se já não fez, porque irá fazer?), não precisa devolver, nem pagar, nem nada. O perdão foi dado graciosa e gratuitamente. Simplesmente assim.
Mas, alguns vão dizer, “eu ainda sinto raiva e não tenho nem vontade de ver a cara de tal pessoa”. Perfeitamente normal. É assim mesmo. Se o ato legal (escrevi ontem) foi feito pelo mover da vontade; o sentimental não tem lei, não tem tempo e não tem regras.
O problema vem de dois lados: do diabo que vai lhe acusar de não ter perdoado porque ainda está com raiva e das pessoas que vão dizer que você não perdoou porque não esqueceu. Quando não o pregador diz essas mesmas coisas no sermão. Lamentável! Não ajuda você em nada.
Perdoar, anote bem, não é esquecer. Perdoar é libertar o outro da ofensa, lembrar da ofensa sem sentir a dor que ela causou. Quanto tempo vai levar? Só Deus sabe. Continue andando e semeando. Quando alguém lhe disser não perdoou, simplesmente recorde o ato legal: “Eu fiz isso, eu libertei”. A oração em favor do ofensor também ajuda. Fácil? Vai sonhando!
Toque o barco que as feridas estão cicatrizando.
Antonio Carlos Barro
Professor da Faculdade Teológica Sul Americana
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