Autor: Marcelo Gomes
Diz-se que uma boa parênese conterá sempre algo de útil e algo de belo. Gostaria que minhas palavras pudessem contemplar ambas, utilidade e beleza, mas me darei por satisfeito se forem simplesmente úteis…
Ninguém, na história, foi tão competente quanto o apóstolo Paulo para proferir uma boa parênese. Vê-se isto por suas cartas, profundamente teológicas e parenéticas. Sabia, como poucos, transformar seu grande conhecimento teológico em conselhos práticos para seus leitores…
E é de Paulo uma frase que gostaria de tomar como ponto de partida para alguns conselhos práticos. Trata-se de 1 Tm 4:6, um desafio de Paulo ao jovem Timóteo em relação ao seu recente mas promissor ministério:
“Expondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido”.
Guardem essa expressão: “Serás bom ministro de Cristo Jesus”.
Eis o nosso alvo e modelo de ministério: bons ministros DE Cristo Jesus.
Eis o nosso desejo e desafio: sermos bons ministros de Cristo Jesus.
Eis nossa razão e sentido: sermos bons ministros de Cristo Jesus.
Para tanto, alguns conselhos: ALMEJEM UM MINISTÉRIO PASTORAL EM QUE…
1. O Conhecimento Teológico seja Fruto da Intimidade com Deus.
Lembrem-se do exemplo de Paulo:
“Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Fp 3:8).
Não fomos chamados para manejar bem a Bíblia e os enunciados da fé. Fomos chamados para conhecer a intimidade de Deus e para fazê-lo conhecido. Por essa razão, e não por outra, manejaremos bem tanto a Bíblia como os enunciados da fé, sempre com humildade e gratidão, e não tendo do que nos envergonhar.
Como alguém disse: “É possível alguém ser um bom cristão (e, neste caso, ministro) e não amar a Cristo. Mas é impossível amar a Cristo e não ser um bom cristão (ou, mais uma vez, ministro)”.
2. A Prática Profissional seja Conseqüência da Consciência Vocacional.
Lembrem-se do exemplo Ester, quando exortada por Mordecai:
“Não imagines que, por estares na casa do rei, só tu escaparás entre todos os judeus. Porque, se de todo te calares agora, de outra parte se levantará para os judeus socorro e livramento, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada a rainha? Então, disse Ester que respondessem a Mordecai: Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais, nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; eu e as minhas servas também jejuaremos. Depois, irei ter com o rei, ainda que é contra a lei; se perecer, pereci” (Et 4:13-16)
Em outras palavras, não conformem-se e não acomodem-se às estruturas eclesiásticas, institucionais, ou o que quer que seja. Não se deixem domesticar. Não trabalhem e não façam opções ministeriais por dinheiro, fama, ou coisa que o valha. Não desejem cargos, status social, posições de destaque. Contentem-se em ser fiéis a Deus e ao Seu chamamento. Amem o ministério. Considerem-se privilegiados pela oportunidade de sofrer em seus próprios corpos as marcas de Cristo. Deus não os empregou. Deus os seduziu (Jeremias) e vocacionou.
Foi Spurgeon quem disse, certa vez, o seguinte: “Meu filho, se Deus o chamou para o ministério, não se rebaixe ao ponto de ser rei em qualquer país”
3. As Realizações e Atividades estejam sob a égide do Amor, da Ética e do Equilíbrio.
Lembrem-se do exemplo de Salomão:
“Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol” (Ec 2:11); e “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec 12:13-14).
Não sucumbam aos apelos do tempo presente. Não sejam ativistas. Não sejam imediatistas. Não sejam “produtivos”. Sejam, pelo contrário, pastores marcados pelo amor. Gastem tempo e recursos motivados pelo amor. Dediquem-se a mil e a um só com a mesma intensidade e coração. Deixem que vejam em vocês santidade e obediência a Deus, e não apenas bons números. Permitam que sua fé e compromisso sejam incentivo para os demais. Sejam sóbrios e vigilantes. Tenham uma palavra sempre bem “temperada”. Amem a pregação e amem também o silêncio. Amem os templos cheios de gente salva e amem também as visitas aos leitos de hospital. Amem a Igreja e amem suas próprias famílias. Estas antes que aquela. E, finalmente, vivam de tal forma que possam dizer: “sede meus imitadores como sou de Cristo”.
Guardem, com vocês, esta frase de Karl Barth: “Deus quer que seu evangelho seja pregado. Vamos obedecer a este mandamento, vamos para onde ele nos chama. O sucesso não é da nossa conta.”
Concluindo,
Sejam ministros de Cristo antes de serem ministros de uma denominação;
Sejam ministros de Cristo antes de serem ministros de uma Igreja Local;
Sejam ministros de Cristo antes mesmo de serem ministros ordenados.
E finalmente,
Sejam ministros cheios do Espírito Santo, pois só o Espírito de Deus poderá capacita-los a por em prática estes poucos mas profundos desafios.
Que Deus nos abençoe ricamente.
A Ele toda honra e toda glória para sempre. Amém.
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