Autor: Ricardo Mariano
( continuação…) Neopentecostalismo: declínio do sectarismo e ascetismo pentecostais
As pioneiras análises sociológicas do pentecostalismo no Brasil enfatizaram suas funções de ajustamento e integração social. Em contraste com o caráter anômico dos centros urbanos, fruto dos intensos processos de mudanças sociais, culturais e econômicas ocorridos a partir da década de 30, como industrialização, urbanização e migração de grandes contingentes populacionais do meio rural para o urbano, esta religião, composta de miríades de comunidades fraternais, apresentava-se como estratégia de ajustamento social dos indivíduos dos estratos pobres e marginalizados. Dentre eles, os migrantes de origem rural, por sua inadequação cultural frente aos desafios da vida na moderna e conturbada sociedade urbana, estariam ainda mais sujeitos à anomia. O grande fluxo migratório e a rápida urbanização foram interpretados pelos pesquisadores pioneiros como os processos sociais que mais favoreceram o êxito da prédica pentecostal no contexto urbano-industrial.
Para tanto, o pentecostalismo recriaria modalidades de contato primário existentes na sociedade tradicional, firmaria laços de solidariedade entre os irmãos de fé, incentivaria o auxílio mútuo, promoveria ampla participação do fiel nos cultos, ressocializaria-o reorientando sua conduta, seus valores e sua interpretação do mundo conforme os estritos preceitos bíblicos impostos por sua comunidade sectária, os quais seriam funcionais em relação às normas de ação da sociedade emergente. A função social desta religião seria eminentemente “nomizadora”, para usar um termo caro a Peter Berger (1985). Cumpriria o papel de capacitar o crente para enfrentar a pobreza, as agruras dos empregos de baixa qualificação, os efeitos angustiantes das mudanças socioculturais e do impersonalismo típico das relações interpessoais nos grandes centros urbanos.
Mas tal suposta integração social propiciada pelo pentecostalismo, ao invés de levar o crente a estabelecer compromissos com este mundo, implicava contrapartida fortemente contracultural, sectária e ascética, fundamentada na crença no iminente Segundo Advento de Cristo e na radical dicotomia entre os reinos material e espiritual. Imerso nesta cosmologia dualista e apocalíptica, o fiel, na condição de “nova criatura”, não apenas deveria se isolar e se apartar das coisas, interesses e paixões mundanos, como até mesmo morrer para o mundo. “Tu não participarás”, segundo Lalive D’Epinay (1970: 206), era a “regra de ouro” do pentecostalismo chileno nos anos 60. Regra que, ainda há pouco, se aplicava fortemente ao movimento pentecostal brasileiro, igualmente preso a concepções do tipo “meu reino não é deste mundo” e derivadas, como “crente não se mete em política”.
Os pentecostais, é claro, sempre prestaram adoração a Deus para suprir necessidades temporais, obter bênçãos materiais, ser salvos das limitações da condição humana. Os testemunhos de cura física e os cultos evangelísticos prometendo milagres de toda sorte demonstram isso sobejamente. No entanto, ser membro de uma igreja pentecostal implicava severos sacrifícios. O preço pago em troca do conforto espiritual, da certeza na salvação, da cura e da participação na comunidade dos eleitos era altíssimo. O crente deveria observar toda uma série de proibições, prescrições legalistas e tabus comportamentais. O “novo nascimento”, tal como no puritanismo, exigia que o fiel se comportasse como um monge. Só que muito mais virtuoso, já que o mundo com todas as suas tentações, e não o monastério, seria seu habitat (Weber, 1983: 109). Contudo, frente à dificuldade de se conduzir na sociedade em conformidade com os novos valores, deveres e disposições acentuadamente contraculturais, peculiares e sectários, o crente, num primeiro momento, acabou criando para si verdadeiros monastérios e neles se fechando: a igreja e a casa (Brandão, 1980: 142, 143). As exceções ficaram por conta do trabalho (para ganhar o pão com o suor do rosto) e da obra de evangelização (para apressar o retorno de Cristo). Durante várias décadas, tais prescrições legalistas resultaram na fuga ascética do mundo.
A promessa de salvação paradisíaca no pentecostalismo sempre foi acompanhada de forte rejeição e desvalorização do mundo. Nas duas últimas décadas, com a formação da vertente neopentecostal (Mariano, 1995), cuja principal representante é a Igreja Universal do Reino de Deus, isto mudou. O neopentecostalismo transformou as tradicionais concepções pentecostais acerca da conduta e do modo de ser do cristão no mundo. Assim, ser cristão tornou-se o meio primordial para permanecer liberto do Diabo, causador de todos os males, e obter prosperidade financeira, saúde e triunfo nos empreendimentos terrenos. Manter uma boa relação com Deus passou a significar o mesmo que se dar bem nesta vida. “Ter um encontro com Cristo”, portanto, corresponde, na visão dos líderes neopentecostais, a gozar uma vida próspera e feliz, ou à certeza de poder contar com a efetiva intervenção divina em toda e qualquer circunstância, mesmo que seja para satisfazer a interesses e ambições materiais. De sorte que o crente neopentecostal, às expensas da tradicional postura sectária, ascética e contracultural do pentecostalismo, pode estabelecer sólidos compromissos com o mundo, com seus valores hedonistas, com seus interesses materialistas e com seus prazeres.
Do mesmo modo que as vertentes pentecostais anteriores, o neopentecostalismo possui funções nomizadoras e mantém ferrenha luta contra o Diabo, a carne e o mundo. A guerra contra o Diabo, aliás, de tão exacerbada nesse meio, constitui característica que o distingue. Quando se trata do combate à carne e ao mundo, porém, aparecem distinções entre os neopentecostais e os crentes das vertentes precedentes. Os neopentecostais, em especial os de extração social mais elevada, convivem pacificamente com diversos prazeres deste mundo, como assistir à TV, consumir CDs, vestir roupas da moda, mesmo que sensuais, usar produtos e acessórios de embelezamento físico, freqüentar praias, piscinas, cinemas, teatros, shopping centers, praticar esportes, torcer para times de futebol, cantar e dançar nos cultos ao som de ritmos profanos, trabalhar em profissões de artista, modelo, atleta. Não vêem a teologia ou a literatura teológica com desconfiança , nem descartam mais, como faziam antes seus irmãos de fé, a medicina e a educação formal como coisas inúteis ou demonstração de falta de fé na revelação e no poder divinos.
Nesse crescente interesse pelas “coisas do mundo”, o fervor apocalíptico destes religiosos esfriou. Mas nem por isso deixaram de esperar e desejar o Segundo Advento de Cristo, quando crêem que serão arrebatados aos céus para viver eternamente ao lado de Deus. Não bastassem esses notórios tipos de acomodação à sociedade, os neopentecostais, adeptos da Teologia da Prosperidade, querem enriquecer, “armazenar tesouros na terra”, consumir bens de luxo e gozar, felizes e despreocupadamente, de suas posses materiais. Cumpre notar que, além de aparentemente contrário ao espírito do Novo Testamento, nada parece ser mais avesso ao ascetismo puritano, ou à procura de uma vida santificada, do que a busca e o usufruto da riqueza, como frisou Weber na Ética Protestante.
O modo como os neopentecostais combatem o mundo é bem diverso daquele do pentecostalismo que o precedeu. Pois tanto a observância, pelo fiel, dos preceitos de santidade quanto sua luta contra o mundo não se processam via fuga, afastamento. Mas sim, e primordialmente, através do enfrentamento, do desbravamento e da conquista de áreas por eles ainda não alcançadas, da participação direta nas esferas que pretendem cristianizar, da ousadia missionária e da intrepidez evangelística. Sua disposição é a de tomar posse para Deus, através da guerra espiritual e da ação concreta, das coisas de que o Diabo se apoderou e por muito tempo governou. Em suma, o crente neopentecostal tem muito pouco a ver com o fiel descrito por Lalive D’Epinay, Emilio Willems, Beatriz Muniz de Souza e Procopio Camargo: aquele que não participa, se mantém segregado, vive preocupado ruminando sobre seu destino perante a iminente volta de Cristo, rejeita e combate os prazeres e interesses mundanos, adota comportamentos sectários e ascéticos.
É bem verdade que, apesar de procurar mostrar-se mais liberal, em especial na área dos usos e costumes de santidade, o crente neopentecostal apresenta um sem-número de marcas da socialização sectária de sua tradição religiosa. Mas, se procedêssemos segundo o método weberiano, elas não constariam entre as mais relevantes na composição de seu tipo ideal. Pois, em vez de manter-se apartado do mundo, este crente, acima de tudo, está imbuído de um espírito guerreiro e triunfalista. Em nome de Jesus e com a autoridade por Ele concedida, dispõe-se intrepidamente a enfrentar o próprio Diabo. E apesar de ciente de suas limitações e fraquezas, tem a convicção da vitória. Como herdeiro das promessas divinas, se vê como “mais que vencedor” e crê tudo poder Naquele que o fortalece.
Por pregarem em praça pública, em tendas de lona e no rádio, os pentecostais tornaram-se conhecidos na literatura acadêmica por seu “proselitismo agressivo”. Agora, em decorrência dos vários limites sectários suprimidos, sobretudo pelos neopentecostais, tal característica se acentuou. Com isto, todos os meios, estratégias e formas de evangelização podem ser e têm sido adotados. Prega-se no carnaval, nos bailes funk, nas zonas de meretrício, no exercício de mandato parlamentar e para os governantes, nas rádios e na TV, em eventos esportivos, nas festas praianas de Iemanjá, nas romarias a Padre Cícero e a Nossa Senhora Aparecida. Usam-se trios elétricos, técnicas publicitárias de marketing, filmes em vídeo, vídeo-games, bonés, adesivos e camisetas com motivos cristãos, ritmos e estilos musicais da moda, shows de rock evangélico em templos e estádios de futebol. Gerenciam-se igrejas com métodos modernos de administração. Criam-se empresas que orbitam em torno de atividades religiosas, como produtoras, gravadoras, agências de turismo, editoras, livrarias. Transformam-se garagens, teatros, cinemas, casas de show, fábricas e supermercados em templos.
Por conta destas e de outras formas de inserção e acomodação à sociedade, cresce o número de conversões de indivíduos de classe média, de empresários e de uma variada gama de profissionais, entre eles atletas, artistas, modelos, cantores e políticos, os quais, antes dessa contextualização doutrinária e comportamental promovida pelos neopentecostais, teriam em muitos casos até de abandonar a carreira se quisessem ser batizados e prosseguir na nova fé numa igreja pentecostal tradicional.
A despeito, porém, das acomodações à sociedade e das várias mudanças no modo de ser e de agir destes crentes, sua identidade social continua sendo (mas cada vez menos) um retrato negativo de importantes símbolos de brasilidade, como o carnaval, a caipirinha, as mulheres seminuas nas praias, exibindo sensualidade e convidando ao voyerismo. Mas há atenuantes até mesmo em dois destes casos. Alguns grupos neopentecostais têm pregado no sambódromo paulista e desfilado em entusiasmados blocos carnavalescos, com fins proselitistas, nos carnavais carioca e de vários outros estados. E mesmo o biquíni, um de nossos cartões-postais mais prestigiados, já não figura entre eles como peça interdita de vestuário, altamente tentadora e pecaminosa. Com a chegada do verão de 1994, a Folha Universal (25.12.94) forneceu dicas de maiôs e biquínis para mulheres de “tipo mignon”, “quadris largos”, “seios pequenos”, “seios grandes” e “cintura grossa” tirarem partido de suas “curvas”, realçando decotes e iludindo os incautos acerca do volume de carne oculta. Quanto à cordialidade, ao “jeitinho brasileiro” e à paixão pelo futebol (vide os seis mil Atletas de Cristo ), igualmente componentes de nossa identidade nacional, pentecostais de todas as vertentes nada ficam a dever aos atavismos de seus compatriotas.
Tal abertura ao mundo descortina novas possibilidades de participação social (incluindo a militância sindical e partidária), de conquista e exercício da cidadania por esses religiosos. Alguns exemplos, embora escassos e às vezes alardeados estrondosamente em indisfarçáveis estratégias de marketing, atestam a potencialidade desta abertura. Entre eles, encontram-se a criação da ABC (Associação Beneficente Cristã), braço assistencial da Igreja Universal, a campanha “Rio, Desarme-se”, liderada pelo pastor Caio Fábio, e a Fábrica da Esperança, mantida pela Vinde (Visão Nacional de Evangelização). A essas mobilizações pode-se juntar o assistencialismo institucional e o informal entre irmãos de fé (Mariz, 1994) e, por seu efeito dignificante na reestruturação individual e familiar, a conversão redentora de alcoólicos, dependentes químicos, prostitutas, presidiários, traficantes e jovens às voltas com a difusa cultura da violência, do crime e das drogas.
Deve-se, contudo, ter prudência acerca da potencialidade redentora da conversão ou filiação pentecostal. A suposta vida comunitária e moralidade de cunho bíblico pentecostais estão longe de constituir anteparo suficiente para evitar até mesmo algo tão grave como a criminalidade juvenil. Pesquisa feita pela Faculdade de Saúde Pública da USP com 390 familiares de menores internados na Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor de São Paulo (Febem), entre março e junho de 1997, revelou que 44% dos pais dos infratores freqüentavam cultos evangélicos. Esta cifra é quase quatro vezes maior do que a representada pelos evangélicos na população brasileira, dado que sugere o insucesso (justamente o oposto do esperado) dessas famílias crentes na socialização primária, na formação ética e na contenção de seus filhos da marginalidade social.
Pode-se levantar pelo menos duas hipóteses, não consideradas pela referida pesquisa, para tentar explicar parcialmente este fenômeno. Uma é a probabilidade de muitos desses pais terem começado a freqüentar cultos evangélicos imediatamente depois e em razão do filho ter sido internado na Febem como infrator, a fim de resgatá-lo, por meio religioso, da criminalidade. Outra, ao contrário, remete para o próprio caráter contracultural e repressivo de várias igrejas pentecostais. A disposição resoluta de pais crentes em proibir, corrigir e castigar a prole, pode levá-la à rebelião contra a tirania paterna, ao desvio da igreja, à fuga de casa e até à associação com delinqüentes. Acrescente-se que também pode não haver relação alguma entre a conversão dos pais e a deliqüência dos filhos.
Quando verificamos a crescente atuação dos pentecostais na política partidária, salvo raras e honrosas exceções, deparamos com corporativismo, conservadorismo (defesa de teses contra aborto e homossexualismo e a favor da censura), inclinação à direita partidária e, em diversos casos, clientelismo e fisiologismo explícitos (Pierucci, 1989; Mariano & Pierucci, 1992; Freston, 1993). Isso, porém, não justifica o temor de que o crescimento do pentecostalismo no Brasil e na América Latina represente ameaça à democracia semelhante ao temor da Europa Ocidental frente à expansão do “fundamentalismo” islâmico no Oriente Médio, no Leste Europeu, nos países da Ásia e do Norte da África. Eles, todavia, não são sempre, necessária e essencialmente conservadores (Freston, 1993; Garrard-Burnett & Stoll, 1993). Dependendo do contexto local, podem desempenhar funções sociais inovadores.
É conhecida a relevância das seitas protestantes na formação da moderna democracia nos EUA. Mas não são das seitas puritanas tradicionais que estamos tratando. Isto é, não são elas que assustam, causam temor e mal-estar, mas sim as mais recentes, as fundamentalistas, surgidas a partir do começo do século em reação à teologia liberal (demograficamente inexpressivas no Brasil), e as pentecostais, essas sim numerosas. Tais grupos são antiintelectuais, antiecumênicos e, geralmente, politicamente conservadores. Desejam restabelecer, através da conversão individual, da inculcação da moral cristã, e mais recentemente, do uso da mídia e da participação direta nos poderes políticos constituídos, uma espécie de neocristandade, a dominação cristã do Estado e da vida privada.
Mas qual o poder efetivo das igrejas pentecostais? Elas possuem discurso religioso fervoroso, combativo e relativamente padronizado, ampla rede de templos e de pastores bem organizada, em alguns poucos casos muito dinheiro, recursos humanos de sobra, emissoras de rádio e TV, jornais, revistas, editoras, gravadoras, dezenas de parlamentares em todo o espectro partidário. Pode-se notar de imediato que tais igrejas, no conjunto, detêm algum poder. De posse dele, tentam influir nos destinos da nação de dois modos. O primeiro toma a tradicional via da conversão, da moralização e da evangelização: “transformar o indivíduo para transformar a sociedade”. O segundo, mais recente, opta pelas vias midiática e política. Claro que essas tentativas de recristianização “por baixo” e “por cima”, nos termos de Gilles Kepel (1991), separadas aqui para efeito analítico, ocorrem simultaneamente na atual conjuntura pentecostal.
Pentecostalização “por baixo”
Quanto à primeira via, a moral cristã pregada por pentecostais de todas as estirpes não é mais radical, nem mais anacrônica nem muito menos mais liberal do que a ensinada pela Igreja Católica. Há indícios, contudo, de que seja, pelo menos por enquanto, mais respeitada e obedecida. E isto se dá fundamentalmente por ser praticada no interior de uma religião relativamente minoritária e comunitária, cujos integrantes tendem em razão disso a se vigiar e se controlar mutuamente. No plano ético, excetuando a condenação pelos evangélicos da dupla moral sexual e do adultério masculino, padrões de comportamento presentes no sistema de gênero patriarcal da cultura ibero-americana, eles não apresentam qualquer originalidade, nem são portadores de uma ética nova e redentora de nosso subdesenvolvimento. Não há nem mesmo garantia de que no dia-a-dia os crentes, embora gozem de tal reputação, sejam mais honestos e probos do que os demais brasileiros, religiosos ou não. Da mesma forma, seu televangelismo, cuja quase totalidade dos programas não atinge sequer um ponto de audiência no Ibope, e sua pregação radiofônica, ao que se poderia juntar sua música indisfarçavelmente clonada e sua literatura, embora possuam eficácia proselitista, tampouco figuram no cenário nacional como atividades culturais relevantes. A principal rede de TV de posse de uma igreja pentecostal, a Record, é eminentemente comercial e, tal como as demais, não tem outra meta senão aumentar audiência e receita.
O que está em questão, no primeiro modo visando à recristianização da sociedade, é precisar qual o real significado da atual conversão pentecostal. Antes, a conversão implicava que os fiéis se fechassem em casa e na igreja, se resguardassem castos, puros e santos para a volta de Cristo e o Juízo Final, se comportassem de modo ascético, sectário e estereotipado. Conduzia-os invariavelmente ao quietismo, à greve social e cultural. Isto mudou. Hoje, diferente de outrora, eles, em especial os neopentecostais, querem ter vez e voz ativas. Anseiam por respeitabilidade social, poder político e econômico. Ambicionam, sem culpa moral, consumir, ganhar mais dinheiro, conquistar um lugar ao sol, se dar bem na vida. Estão em busca de satisfação pessoal. Não suportam mais ser estigmatizados. Querem ser como todo mundo e ao mesmo tempo diferentes. Mas desejam ardentemente que sua distinção religiosa seja reconhecida, valorizada e vangloriada pelos outros como integralmente positiva.
Tal mudança não é em si mesma nem desabonadora nem salutar. Primeiro, demonstra que esta religião passou a se interessar por e orientar sua mensagem para esse mundo, não para transformá-lo subitamente por meio de qualquer tipo de revolução de cunho milenarista, nem para desqualificá-lo, mas simplesmente para se ajustar às demandas sociais das massas interessadas tão-somente na resolução ou mitigação de seus problemas cotidianos e na satisfação de seus desejos materiais. Com isso, passou a funcionar como um “pronto-socorro espiritual”, especializado na oferta de produtos padronizados de fácil acesso e consumo, tais como cura divina, correntes de oração para sanar infortúnios financeiros, afetivos, familiares. Em segundo lugar, demonstra que os fiéis dessas igrejas menos restritivas estão se tornando cada vez mais individualistas, consumistas, hedonistas e, portanto, cada vez mais afinados com o que se passa a sua volta. O que representa significativa transformação na identidade desses religiosos: a queda por terra da velha e estereotipada identidade pentecostal, ou de sua distintividade social.
Antes, reconhecia-se um crente a uma centena de metros de distância. Com o neopentecostalismo, a demarcação identitária dos crentes tornou-se problemática, algo a ser indefinidamente redefinido e reconstruído em outras bases. O que se quer dizer é que esse novo crente, particularmente o neopentecostal, à primeira vista passa facilmente por um descrente. Nos mais variegados ambientes, nada há na aparência e resta pouco no comportamento que o distingam efetivamente dos outros. Ele já não é nem mesmo portador exclusivo de sua mensagem religiosa, baseada na contemporaneidade e no exercício dos dons do Espírito Santo, mensagem que vem sendo largamente difundida pelos carismáticos nos templos católicos.
Em suma, a conversão pentecostal não representa hoje e, a meu ver, nem implicaria, se supuséssemos no futuro ampla conversão da população, necessariamente uma mudança cultural profunda nesse país de colonização e tradição católicas. Conclusão que difere frontalmente da de David Lehmann (1996: 228), para quem “os pentecostais trazem uma mudança cultural radical” para a América Latina. Este autor, a meu ver, não se deu conta das várias e recentes transformações sociológicas pelas quais tem passado o pentecostalismo brasileiro, entre as quais se destacam a ruptura com a fuga ascética do mundo e com o sectarismo, típico de religiões minoritárias e virtuosas em meio hostil.
Quando uma religião, para evitar defecções, manter estável sua membresia e tornar-se atraente aos olhos da clientela, deixa de controlar o tipo de corte e o comprimento do cabelo dos fiéis, pára de padronizar seu vestuário e aparência, desiste de impor limites e de se imiscuir no lazer e nas variadas formas de entretenimento e de busca de prazer dos membros, atividades de que se ocupava com extremo zelo, ela está irremediavelmente se secularizando, cedendo terreno para forças secularizantes implacavelmente muitíssimo mais poderosas do que as encerradas no dogmatismo e moralismo religiosos. Noutros termos, para sobreviver e crescer no Brasil de hoje cada vez mais secularizado, cada vez mais indiferente às instituições religiosas e aos poderes eclesiásticos tradicionais, cada vez mais radicalmente avesso às regras e imposições reguladoras da intimidade e do tempo de lazer e cada vez mais liberal no plano comportamental, várias igrejas pentecostais resolveram, esperta e realisticamente, abrir mão de preceitos, valores, tradições, tabus e verdades anacrônicos, desfuncionais e impopulares. Estratégia que representa a admissão crassa da crescente limitação de seu poder de impor normas severas de conduta, de exigir o indesejado, de requerer o sacrifício. Todavia, uma das razões do sucesso numérico do neopentecostalismo reside justamente na capacidade de – ao reconhecer a ululante inexpressividade cultural e política do antigo modelo pentecostal sectário, contracultural e moralista – se contextualizar, de se flexibilizar, de se acomodar, de se secularizar, adaptando sua mensagem aos anseios das massas pobres e marginalizadas. Seu sucesso, portanto, implica o declínio no compromisso com crenças puritanas, o abandono (ainda parcial, mas crescente) de práticas ascéticas, a perda, enfim, da distintividade da conduta e aparência dos adeptos. Recente entre nós, este processo secularizante disseminou-se já nos anos 60 entre grupos pentecostais e fundamentalistas norte-americanos (Bruce, 1996, 143-152).
Notória secularização comportamental. Secularização, porém, que não se processa pari passu na mentalidade desses religiosos, já que os pensamentos mágico e mítico, reavivados cotidianamente nos cultos, constituem uma das principais forças motrizes do pentecostalismo. Isto não nos é estranho nem acrescenta nada de genuinamente inovador no caldeirão cultural e religioso brasileiros. Significa, antes de mais nada, continuidade cultural. Pois, reatualiza elementos do velho catolicismo popular e coaduna-se com o que se passa no país, notadamente entre a população católica nominal, que não participa das missas e desobedece majoritariamente às normas da Igreja (as quais em geral desconhece) referentes à vida íntima, numa clara rejeição da ingerência eclesiástica na vida privada, e ao mesmo tempo mostra-se crédula, disposta a crer em quase tudo: mitologia bíblica, doutrina da reencarnação, literatura esotérica, previsão astrológica, contato com UFOs e seres alienígenas, gnomos, duendes e anjos pessoais.
O neopentecostalismo, como estratégia proselitista, pouco exige dos adeptos. A exceção mais evidente fica por conta dos incessantes pedidos de dízimos e ofertas. Em troca, promete tudo, solução para dos problemas, o fim do sofrimento, a panacéia. Seu sucesso fundamenta-se extensamente no milagre, na magia, na experiência extática, no transe, no pietismo ou na manipulação da emoção transbordante e desbragada, todas elas práticas desprezadas e reprimidas pelas igrejas Católica e protestantes históricas. Propicia, em suma, magia e catarse para as massas. E uma boa pitada do velho moralismo cristão. Secularização comportamental, retrocesso mágico (em relação ao longo processo de secularização católica e protestante) e reatualização de pensamentos e visões de mundo arcaicos. Tal paradoxo, ressaltado por ser gerenciado empresarialmente e exibido diariamente na mídia eletrônica, em nada impede que esta fórmula seja, como tem sido, bem-sucedida. Excetuando seu caráter empresarial e mercadológico, a religiosidade mágica contida nessa fórmula pouco tem de inovadora, posto que se manifesta largamente no resistente catolicismo popular, abnegado mantenedor de concepções, crenças, práticas e sensibilidades “medievais”, mas secularmente avesso ao oficialismo, a imposições normativas e ao discurso pomposo e erudito da igreja romana.
Pentecostalização “por cima”
Quanto à tentativa de reinserir valores estritamente religiosos na esfera pública, é notório que os dirigentes pentecostais acham-se cada vez mais envolvidos na política partidária e na mídia, vocalizando suas demandas religiosas, reclamando seus direitos, defendendo seus interesses econômicos e políticos e ganhando um dinheirinho.
Os pentecostais encontram-se desde os anos 50 no rádio e, a partir dos anos 80, passam a ingressar em maior número e investir mais sistematicamente na TV. Atualmente, além das finalidades evangelísticas, o uso da mídia eletrônica, ou a compra de rádios e TVs, freqüentemente visa a obtenção de rendimentos, a participação num negócio lucrativo. O que se nota, de todo modo, é que eles não estão revolucionando eticamente as emissoras de rádio e TV que possuem. E não se pode afirmar que sua crescente presença na mídia representa uma espécie de democratização, pela via religiosa, no acesso dos pobres aos veículos de comunicação de massa. Haja vista que o espaço que os pobres ocupam nos programas evangélicos de rádio e TV visa acima de tudo legitimar e respaldar a mediação do poder divino feita por pastores e instituições religiosas proprietários das emissoras. E numa situação de dupla concorrência religiosa e midiática, visa a atender aos interesses evangelísticos da empresa de salvação e de audiência do veículo de comunicação. Para tanto, seus produtores ou responsáveis selecionam os testemunhos, privilegiando geralmente os mais escabrosos, dramáticos, emocionados e apelativos. Pois, a probabilidade de tal ou qual testemunho atender àqueles interesses aumenta quanto mais chocante e impactante for o relato das circunstâncias que levaram o crente à conversão e das mudanças ocorridas posteriormente em sua vida privada. De modo que o fiel, ao deixar-se entrevistar ou ao conceder seu testemunho de conversão em programas de rádio e TV evangélicos, freqüentemente tem a intimidade devassada de cabo a rabo e seu passado pré-conversão, muitas vezes desonroso e desabonador, devidamente escancarado para o grande público.
No plano estritamente político, cumpre dizer que, no Brasil, o ingresso concertado dos pentecostais na política partidária ainda é recente, data de pouco mais de uma década (Pierucci, 1989). Seu poderio eleitoral, tão avidamente cobiçado por partidos e candidatos, e por isso tornado sua moeda de troca a cada pleito, embora não seja pequeno, costuma ser menor do que o por eles alardeado. Vendem gato por lebre. Mesmo assim, há tentativas de formação de partidos políticos evangélicos no Brasil. Nesse instante, a Igreja Universal está em fase de montagem de um partido . Se vingar, o que é bem provável, tende a resultar em mais uma legenda de aluguel, clientelista, corporativista, cujo objetivo principal é incrementar ainda mais o poder político, empresarial, midiático e financeiro de seus líderes. Algo nada alvissareiro. Da mesma forma, a eventual formação de uma espécie de “Maioria Moral” tupiniquim não é de todo improvável, mas tenderia a obter menor impacto que sua congênere norte-americana, que aliás pouco produziu além de barulho e escândalo. Por outro lado, nas próximas eleições, esses religiosos tendem a ampliar sua representação nas Câmaras Municipais, Assembléias Legislativas e no Congresso Nacional, centros de poder nos quais se encontram subrepresentados. Subrepresentação favorecida pelo renitente apoliticismo da Congregação Cristã no Brasil e da Deus é Amor, duas das maiores igrejas pentecostais do país.
Mas para que os parlamentares evangélicos possam influir mais diretamente nos destinos nacionais através do jogo político stricto sensu, além de multiplicar sua representação, precisam unir-se num bloco suprapartidário e supradenominacional. Quer dizer, têm de superar as rivalidades entre suas igrejas e os antagonismos entre seus partidos. Isto, na prática, pelo menos no momento, parece que não lhes demandaria grande esforço. A viabilidade da união desses verdadeiros “despachantes de igreja” numa bancada (como ocorreu, aliás, na Constituinte) para aprovar projetos de seu interesse depende tão-somente da natureza dos projetos em pauta. Cumpre dizer que os projetos de seu interesse pouco ou nada têm a ver com reforma da previdência social, reforma fiscal e político-partidária, saúde, educação, privatização de estatais, funcionalismo público, reforma agrária, proteção do meio ambiente, ciência e tecnologia. Seu corporativismo, porém, costuma ser prontamente mobilizado quando se trata de defender questões de interesse imediato das igrejas que os elegeram, como a defesa, sempre intransigente, de privilégios fiscais e a oposição ferrenha a projetos de lei que estabeleçam ou impliquem penalidades à poluição sonora dos cultos. Defesa que se estende às questões próprias de ou consentâneas a seu ideário religioso, de cunho moralista, favorável à censura, oposto à permissividade sexual e à liberalização comportamental, sobretudo feminina. Questões referentes à vida privada que, no final das contas, interessam a todos. Conhecendo-os é de se esperar que volta e meia, sempre que houver oportunidade, até para justificar os mandatos, lá estarão eles endossando e defendendo, mas não mais radical e intempestivamente que o lobby católico, propostas arcaicas e restritivas relacionadas à intimidade ou à vida privada. E, quando forem mais numerosos e estiverem mais e melhor representados, é provável que manifestem algumas das atávicas obsessões de muitos de seus irmãos da América do Norte e fiquem tentados a, por exemplo, alterar legalmente o currículo escolar, em especial o conteúdo da disciplina de biologia, para substituir a teoria evolucionista pela criacionista. Ou seja, Darwin por Adão, Eva e serpente.
Não obstante o disparate de tal empreitada e os limitadíssimos poder de fogo e raio de ação dos políticos evangélicos no momento (porque balizados pelos reduzidos interesses corporativistas efetivamente capazes de uni-los e levá-los a agir em conjunto), limitados mas nem por isso irrelevantes, vale o dito popular que diz que não se deve dar “asa para cobra”. Asa que nossos governantes, incluindo os poucos ateus, arrastam para o lado deles sempre que precisam de votos. Para isso, fazem alianças, barganhas e cedem mais e mais espaço e, portanto, mais e mais poder a esses e a outros grupos religiosos, todos ávidos, tanto hoje como outrora, já que tal vocação parece ser uma invariante histórica, por mamar nas tetas do Estado. Tal preocupação se justifica pelo fato de que parlamentares e líderes eclesiásticos dessa já grande minoria religiosa, reforçados sobretudo pela pressão que podem exercer através de seus numerosos meios de comunicação, não parecem enfrentar hoje maiores resistências para aprovar projetos ou mesmo manter leis associadas estritamente ao ideário e aos interesses imediatos de suas igrejas, mesmo que com prejuízo do erário e do interesse público. Para tanto, fazem alianças com representantes eleitos do executivo e do legislativo e contam com a debilidade dos partidos políticos, a desmobilização política da sociedade e a própria ausência de minorias laicas organizadas (talvez com exceção de alguns setores da grande imprensa) como grupos de pressão para contrabalançar o poder de seus lobbyes religioso, midiático e político.
Tendo em conta as acomodações promovidas pelo neopentecostalismo e o processo de dessectarização das vertentes pentecostais precedentes, o que cresce e se firma entre nós é uma religião que cada vez mais deita raízes em nossa sociedade e é por ela influenciada num processo de assimilação mútua. Os eventuais excessos que alguns de seus grupos e representantes possam cometer, como, por exemplo, quando, na guerra contra o Diabo, fiéis da Universal invadiram terreiros, fizeram imposições forçadas da Bíblia, “chutaram a santa”, podem ser, e nestes casos foram, facilmente solucionados através da aplicação de sanções pelos poderes públicos. O acirramento de sua concorrência e rivalidade com a Igreja Católica e os cultos afro-brasileiros tenderá, a nosso ver, a respeitar os limites da lei e as imposições do mercado religioso. A assimilação da cultura ambiente, não obstante sua rivalidade com outras religiões e as contínuas importações teológicas dos Estados Unidos (teologias que vão sendo continuamente reinterpretadas e reformuladas), constitui o processo pelo qual está passando o pentecostalismo brasileiro, que, com isso, vai adquirindo fisionomia cada vez menos “protestante”. A vertente neopentecostal é a ponta-de-lança neste sentido. Supô-los fascistas de carteirinha, parece hoje um anacronismo que não corresponde ao que são e, espero, menos ainda ao que virão a ser. Pressupor, inversamente, que eles sejam portadores tardios da velha ética protestante em tudo afim com o chamado espírito capitalista e que tais elementos recombinados, agindo individual, isolada e coletivamente, resultem na melhora da eficiência e no incremento da produtividade de nossa economia de mercado e até na inevitabilidade histórica de nos conduzir ao Primeiro Mundo, beira ao risível. Até porque já vivemos na modernidade, sofrendo aliás de todas as suas contradições, ainda mais exacerbadas nos países, como o nosso, pobres, endividados, com péssima distribuição de renda e dotados de economias excludentes. Não só estamos inapelavelmente presos ao espírito e ao modo de produção capitalistas como compartilhamos das mesmas aflições e agruras das tempestuosas oscilações dos mercados de ações do cassino financeiro globalizado, só que com cacife e poder econômicos infinitamente menores que os dos países desenvolvidos.
Por tudo o que foi dito, o futuro dessa religião, como já dá mostras de sobra seu presente, aponta noutra direção: flexibilização, ajustamento, assimilação, aculturação, secularização. Assimilação à cultura ambiente que nunca será total, sempre parcial, mas que, com o passar do tempo, com o crescimento e a progressiva institucionalização e acomodação social do pentecostalismo, tende a tornar sua agressividade contracultural e sua contribuição cultural cada vez menores, cada vez mais indistintas e menos significativas. E isto tende a ocorrer apesar de seu tamanho, presença, visibilidade, soberba e poder político tornarem-se cada vez maiores.
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