O cristão e a depressão

Autor: Wlademir Pinto da Silva
“Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, SENHOR, me fazes habitar em segurança” (Salmo 4:8).

“Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes” (Mateus 9:12).

Depressão é uma desordem psiquiátrica muito mais freqüente do que se imaginava. Estudos recentes mostram que 10% a 25% das pessoas que procuram os clínicos gerais apresentam sintomas dessa enfermidade. Essas porcentagens são semelhantes ao número de casos de hipertensão e infecções respiratórias que os clínicos atendem em seus serviços. Ao contrário dessas doenças, entretanto, eles não costumam estar preparados para reconhecer e tratar depressões.

Para caracterizar o diagnóstico de depressão, foi criada a tabela de abaixo. Nela, cinco ou mais dos sintomas relacionados devem estar presentes. Dentre eles, um é obrigatório: estado deprimido ou falta de motivação para as tarefas diárias, há pelo menos duas semanas.

Critérios para diagnóstico de depressão:

· Tristeza constante (deprimido);
· Interesse diminuído ou perda de prazer para realizar as atividades de rotina;
· Sensação de inutilidade ou culpa excessiva;
· Dificuldade de concentração;
· Fadiga ou perda de energia;
· Insônia ou sono excessivo;
· Agitação ou retardo;
· Falta de apetite ou fome constante;
· Idéias recorrentes de morte ou suicídio.

De acordo com o número de itens respondidos afirmativamente, o estado depressivo pode ser classificado em três grupos;

1) Depressão menor: 2 a 4 sintomas por duas ou mais semanas, incluindo estado deprimido;
2) Distimia: 3 ou 4 sintomas, incluindo estado deprimido, durante dois anos, no mínimo;
3) Depressão maior: 5 ou mais sintomas por duas semanas ou mais, incluindo estado deprimido.

A depressão é a menos diagnosticada, porém é a que mais causa distúrbios sociais. Os sintomas da depressão interferem drasticamente com a qualidade de vida e estão associados a altos custos sociais: perda de dias no trabalho, atendimento médico, medicamentos e suicídio. Pelo menos 60% das pessoas que se suicidam apresentam sintomas característicos da doença.

A depressão é uma doença clinica que apresenta sintomas que se assemelham a distúrbios espirituais. Por essa semelhança é que entre os cristãos é uma doença difícil de tratar e também por falta de conhecimento, ignorando outros aspectos.

Existem diversas abordagens para o tratamento da depressão, entre elas destacamos o psicológico, medicamentoso e o espiritual. A Bíblia relata alguns casos de depressão nos quais Deus aplicou as três abordagens mencionadas. Vejamos o caso do profeta Elias:

“Ele, porém, foi ao deserto, caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó SENHOR; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais. E deitou-se, e dormiu debaixo do zimbro…” (I Reis 19:4-5)

Sintomas do profeta Elias: Isolamento, desanimo, sensação de inutilidade, sono excessivo e desejo de morte.

“E deitou-se, e dormiu debaixo do zimbro; e eis que então um anjo o tocou, e lhe disse: Levanta-te, come. E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas, e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se. E o anjo do SENHOR tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho” (I Reis 19:5-7).

Tratamento físico aplicado por Deus: Alimentação (Levanta-te, come) e palavra de animo (porque te será muito longo o caminho), ou seja, não acabou você vai viver e tem coisas a fazer.

“E ali entrou numa caverna e passou ali a noite; e eis que a palavra do SENHOR veio a ele, e lhe disse: Que fazes aqui Elias?” (I Reis 19:9)

“E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias?” (I Reis 19:13)

Tratamento psicológico: Como se estivesse no psicólogo, pede e permite que o profeta fale sobre suas angustias e tristezas, insistindo que ele ponha para fora tudo aquilo que o incomoda (Que fazes aqui Elias?)

“E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o SENHOR…” (I Reis 19:11)

Tratamento espiritual: A presença de Deus restaura, traz animo e vigor. “Mas os que esperam no SENHOR renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão” (Isaias 40:31).

O fato é que a chamada doença do século pode e deve ser tratada pelas diversas abordagens (física, psicológica e espiritual). Não pode é ficar restrito a uma das abordagens e não levar em consideração todos os aspectos da doença.

Os cristãos em geral têm dificuldade para buscar tratamento, pois ficam restritos a abordagem espiritual, pela semelhança dos sintomas e isso dificulta o tratamento e conseqüentemente a cura.

O cristão deve buscar a Deus, mas também deve pedir discernimento para buscar a medicina secular.

“Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes” (Mateus 9:12).

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