Autor: Harold Walker
A Urgência de Desvencilhar-nos das Amarras do Sistema Capitalista.
À medida que o tempo passa, novas palavras surgem para descrever o que todos pensam ser novos fenômenos. Um exemplo disto é o termo “globalização” que surgiu para descrever o processo atual de unificação do globo terrestre através dos meios de comunicação, transporte e comércio numa escala nunca antes vista na história. Apesar de ser um fenômeno novo, a idéia não é nova. Pelo contrário, é tão antiga quanto uma das cidades mais antigas do mundo. Para Deus “globalização” e “Babilônia” são sinônimos. A idéia central de ambas é formar uma civilização humana unida e vencedora sobre todos os males que afligem a humanidade, independente de Deus.
A Bíblia, apesar de ter sido escrita há tantos anos, é o livro mais atual que existe. É por isto que, depois do atentado de 11 de setembro de 2001, os americanos, tanto cristãos como não cristãos, estão lendo-a como nunca. Portanto, se você quiser realmente saber o que é “globalização”, leia o capítulo 18 do Apocalipse. Lá você vai encontrar não somente uma eloqüente descrição da prosperidade e comércio proporcionados por ela, mas também o terrível impacto causado em todo o mundo pelo juízo de Deus sobre ela.
“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Os 4.6). Se você não quer ser incluído nesta destruição, deve procurar com todas as suas forças conhecer a Deus e a seus planos para o mundo antes que seja tarde demais. Não se contente com chavões evangélicos, respostas prontas e meias verdades. O atentado de 11 de setembro às torres gêmeas de Nova York foi um aviso muito claro e contundente de que o plano de Deus para os últimos dias está entrando em outra fase. No fim, não teremos desculpa, nem poderemos dizer que não sabíamos que a hora era tão avançada.
Infelizmente, porém, a frase do irmão David Wilkerson: “As torres caíram mas perdemos o recado!” parece descrever a condição espiritual da grande maioria do povo de Deus. Apesar de vivermos no início do século XXI, logo após o século do maior derramamento do Espírito Santo de toda a história, e de presenciarmos o crescimento inédito dos evangélicos em número e influência em muitas partes do planeta, a igreja está tão emaranhada com o sistema do mundo quanto a Igreja Católica o era durante a Idade Média. Se formos sinceros e colocarmos de lado nossos preconceitos protestantes, seremos forçados a admitir que a figura da prostituta montada na besta (Ap 17.1-5) retrata fielmente a dependência e os relacionamentos escusos que a igreja atual em geral (não só a Católica) mantém com o sistema deste mundo.
Como me disse um amigo pastor recentemente ao descrever o estado atual da maioria das igrejas evangélicas no Brasil: “A igreja vai muito bem, mas o povo está mal”. Se você perguntar para qualquer pastor: “Como vai sua igreja?” A resposta sempre é positiva, até eufórica. Quando, porém, você entra em contato com os membros, até do ministério, as coisas estão feias – pecado, depressão, crise financeira, problemas familiares gravíssimos, adultério, amargura, confusão espiritual, ciúme, inveja e fofoca. Por que esta disparidade? Porque a igreja como firma ou instituição está bem de caixa e com um bom número de membros, mas a vida espiritual do povo não vai nada bem.
Em junho de 1990, meu pai, John Walker, recebeu uma palavra profética intitulada: “A Queda do Comunismo e a Destruição da Igreja”. Vou citar apenas um trecho:
Desde a queda do comunismo em 1989, a palavra do Senhor tem sido que a igreja capitalista deve cair também. O propósito do comunismo era estabelecer comunidade através de destruir a família. O propósito de Deus é estabelecer comunidade através da família. O instrumento para isto é a igreja que deve ser uma família que produz comunidade. Deus tem agora, em nossos dias, destruído o comunismo porque este tentou destruir a família e, portanto, nunca conseguiria produzir comunidade. Agora, em nossos dias também, Deus está determinado a destruir a igreja acomodada que está casada com o sistema do mundo. Ela proclama amor e comunhão, mas sem ser uma família nunca produzirá comunidade… Temos o exemplo estonteante da China onde o comunismo destruiu a igreja acomodada e o resultado foi um dos maiores avivamentos do século XX, uma igreja inflamada com o amor de Deus, reunindo-se nos lares e convertendo milhões para o Senhor Jesus em meio a feroz perseguição. (A palavra completa está no livro “Minha Jornada Espiritual”).
Hoje, a igreja não exerce o poder monolítico e unilateral que exercia na Idade Média, mas está entrelaçada de tal forma com o sistema político, social e econômico vigente que qualquer destruição ou juízo que viesse a cair sobre este sistema, fatalmente a atingiria em cheio. De fato, ela participa e depende tanto deste sistema que, de modo geral, o nome “igreja capitalista” se torna extremamente apropriado.
O problema não é apenas as estruturas institucionais. Um problema muito mais sério é os valores transmitidos na pregação e o tipo de fé e expectativa experimentado pelos fiéis. Se Deus desferisse um golpe certeiro no sistema financeiro global, fazendo com que todas as rodas da economia mundial ficassem paralisadas, com certeza as estruturas institucionais da igreja desabariam junto com todas as empresas seculares. Mas este não seria o problema principal! O que aconteceria com os cristãos? Depois de ouvirem tantas mensagens sobre prosperidade material, não se sentiriam desiludidos e lesados? Se foram ensinados a apenas dar o dízimo e esperar a complacência benevolente de Deus sobre sua busca desenfreada de realização e conforto individuais, o que vão pensar quando tudo isso desmoronar? Com o estilo de vida e os valores que possuem hoje, seriam capazes de sobreviver espiritualmente? Se a parte “capitalista” do seu evangelho for destruída, sobraria a parte “igreja”?
Apesar da maioria das pregações de hoje afirmarem o contrário, Deus não está interessado em abençoar nosso estilo de vida capitalista. De fato, de acordo com o capítulo 18 do Apocalipse, ele está interessado em destruí-lo! O comunismo, que era um inimigo mais explícito do cristianismo, ele já julgou. Mas isto não quer dizer que não julgará o capitalismo com a mesma justiça. Seu veredicto é claro: Babilônia vai cair! E quando diz “Babilônia”, ele inclui todas suas múltiplas facetas: religiosa, cultural, política, social e principalmente financeira. Deus não se opõe apenas aos aspectos maus da civilização humana, mas também aos aspectos “bons”. Ele não odeia apenas o sofrimento e a miséria, mas também abomina o luxo, o desperdício e o egoísmo. Tudo vem da mesma árvore inicial: o conhecimento do bem e do mal. Se o reino de Deus vai ser estabelecido na terra, se a Nova Jerusalém vai descer dos céus para a terra, primeiro todo o sistema humano e contrário a Deus tem de ser destruído, tanto a parte bonita e agradável quanto a feia e desprezível.
Assim como o comunismo começou a revelar sérias fraquezas intrínsecas muitos anos antes de cair definitivamente, da mesma forma rachaduras gravíssimas estão aparecendo nos alicerces do sistema capitalista. O comunismo caiu porque, além de depender da opressão de suas populações para se manter (precisava-se de muros para impedir o povo de fugir), não era economicamente viável. Não havia motivação para produzir bens, pois tudo pertencia ao estado. Como um dos seus cidadãos disse certa vez: “Nós fazemos de conta que trabalhamos e o governo faz de conta que nos paga!”
O capitalismo, por outro lado, trabalha com uma forte motivação para produzir bens e serviços – a ganância inata do homem de ganhar e possuir cada vez mais. Aparentemente, através de canalizar esta força da ambição egoísta do homem, o capitalismo é muito mais bem-sucedido. Existem muitos otimistas incorrigíveis que crêem que qualquer que seja o desafio o homem sempre será capaz de superá-lo. Será? A ganância exacerbada (termo usado recentemente pelo Banco Central dos EUA para explicar a queda de grandes firmas por praticarem contabilidade enganosa e fraudulenta) está levando o capitalismo à beira da falência mundial.
Vejamos apenas um exemplo: Países do mundo em desenvolvimento pegaram muito dinheiro emprestado dos países mais ricos e agora não conseguem tirar suas populações da miséria porque estão sob uma carga insuportável de juros. Na prática, em termos bíblicos, isto significa que as populações destes países estão escravizadas pelos países ricos. Todo o produto do seu trabalho vai embora em pagamento de juros! E para piorar as coisas, quando tentam vender seus produtos aos países ricos para adquirir divisas para pagar estes juros, estes mesmos países credores sobretaxam seus produtos para proteger a indústria deles. Parece que está tudo do jeito que os ricos querem, não é? Mal sabem que estão destruindo as bases do seu próprio sistema. Sem o crescimento econômico dos países em desenvolvimento não haverá mercado para os produtos dos países industrializados e todo o sistema corre perigo de entrar em paralisação e colapso. Parece que nem vai precisar de Deus para destruir Babilônia. A própria avareza do homem vai se incumbir disto!
Portanto, se conhecemos tudo isto, o que faremos? Se sabemos que o sistema atual está sob a sentença de Deus e é só uma questão de tempo até que seja destruído, como devemos agir agora? As instruções de Deus são bem claras através de toda a Bíblia e ainda mais neste mesmo capítulo 18 do Apocalipse: “Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas” (v.4). As pragas ainda não vieram, mas os pecados há muito vêm sendo cometidos, portanto temos de tomar medidas drásticas já!