Vaticano e Jon Sobrino

Autor: Osvaldo Luiz




A unidade proposta nesta quarta pelo papa Bento 16 em sua catequese semanal fundamenta-se na figura da Igreja, personificada em cada região pelo seu bispo. Para o Santo Padre a unidade a Cristo deve levar a uma irreparável comunhão com a sua comunidade de fé. Chegando a uma síntese entre a configuração a Jesus e a devoção a sua Igreja. Esta mensagem acontece justamente no dia em que a Congregação para a Doutrina da Fé se manifesta sobre livros do padre Jesuíta Jon Sobrino. Para o Vaticano, o escritor ligado à Teologia da Libertação trata de forma contraditória, se não equivocada, temas cruciais como fundamentação teológica, a divindade de Jesus, sua encarnação, sua relação com o Reino de Deus, sua autoconsciência como Deus e o valor salvífico de sua morte.
Para a Congregação, a Notificação publicada hoje sobre livros de 1991 e 1999 do teólogo Sobrino se justifica pela ampla divulgação dos escritos e a utilização dos mesmos em seminários e centros de estudo, principalmente na América Latina e, é claro, pelos aspectos fundamentais questionados. Relata-se que precede a esta correção pública manifestações particulares ao autor e que o mesmo não teria, em suas respostas, reconhecido falhas.
Fundamentalmente, padre Sobrino faz um relato de Cristo a partir dos pobres e os pontos divergentes se situam na plenitude do divino
em Jesus. Em outras palavras, o Cristo destes escritos seria mais humano e menos consciente de sua divindade.
Nossa expectativa é de que a Notificação desta quarta não gere novas divisões como as ocorridas no passado, por exemplo, quando das correções feitas a Leonardo Boff. Que as partes possam agir com cautela e maturidade. E que o princípio de Santo Agostinho seja adotado: "no essencial a unidade; no supérfluo a liberdade; em tudo a caridade"!    


Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*