Autor: Jader Faria
“Quem creu em nossa pregação?” É uma pergunta que nós cristãos, especialmente os pregadores, fazemos com frequência. Num mundo cada vez mais descompromissado com boas causas, onde o desejo, o capricho, o interesse (de um ou de poucos), prevalece sobre o que é ético e aceitável, esta pergunta será, para nós, uma companheira constante.
“Quem creu em nossa pregação?” O profeta Isaías, em sua visão profética da Paixão de Cristo, faz a pergunta, e explica o descrédito que tal visão experimentaria. O primeiro problema com a “nossa pregação”, é que ela aponta para um processo: é um renovo que brota e vai crescer; é como uma raiz em terra seca que vai enfrentar uma série de obstáculos e dificuldades e mesmo depois de virar árvore, não vai ter boa vida. Parece que o ser humano nunca gostou de processos, de coisas progressivas, crescentes…Se isto já era assim no tempo de Isaías, imagine nestes dias de botões e máquinas que imediatizam tudo (ou quase tudo). Agradam-nos muito mais as coisas prontas, instantâneas, mágicas. O achocolatado, o leite em pó, o microondas, a Internet são bons exemplos de coisas que facilitam a nossa vida. Mas os relacionamentos, têm que ser construídos. Especialmente relacionamento com Deus. Muitos, entretanto, se comportam como alguém que entra num fast-food espiritual e pede: “Me dá um Pare de Sofrer pra viagem!”
“Nossa pregação”, não tem uma propaganda bonita e atrativa. Olhamos para a “nossa pregação” e não vimos beleza, não vimos nela nada que nos agradasse. Tratamos “nossa pregação” com descaso pois é desprezada e rejeitada e muitos se envergonham dela. Num mundo onde os padrões estabelecidos de beleza e força exercem fascínio sobre um número cada vez maior de pessoas, não é de admirar que “nossa pregação” esteja em baixa desde o Velho Testamento.
O principal problema da “nossa pregação”, é que ela é uma espécie de espelho. Ao olharmos bem para a “nossa pregação”, percebemos que ela ficou feia porque pegou a nossa feiúra; adoeceu porque levou sobre si as nossas enfermidades; foi afligida e ferida por Deus porque se colocou entre nós e Deus, pois esta era a única forma de nos trazer paz e nos dar um caminho seguro e com sentido. “Nossa pregação” coloca o ser humano no seu devido lugar: carente da graça de Deus.
“Quem creu em nossa pregação?” Deus não se revelou aos sábios e entendidos segundo a carne, nem aos poderosos, nem aos de nobre nascimento. Ele escolheu coisas fracas, pequenas, loucas e desprezadas para envergonhar aquelas que pelos padrões distorcidos dos homens estão no topo. “Nossa pregação” é Cristo e este crucificado! É loucura, não dá Ibope, mas é de Deus!
(Igreja Presbiteriana Betel)
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