Autor: Autor Desconhecido
Ele é considerado um dos mais importantes teólogos alemães da segunda metade do século XX, por 27 anos lecionou Teologia Sistemática na Universidade de Munique e foi diretor do Instituto de Teologia Ecumênica. O jornal inglês Church Times publicou o artigo Deveríamos Apoiar o Casamento Gay? no qual Wolfhart Pannemberg elaborou, dentre outros, as seguintes reflexões:
“As referências bíblicas à prática homossexual são, sem sombra de dúvida, pela sua rejeição, e todas as suas declarações sobre o tema são concordes nessa direção. O Código de Santidade do Levítico de forma incontestável afirma: “Com um homem não te deitarás, como se fosse mulher; é abominação” (Lv.18:22). Levítico 20 inclui o comportamento homossexual entre os crimes puníveis como a pena capital (Lv.20:13). Nesses assuntos o judaísmo sempre foi diferente das outras nações.
O mesmo caráter específico continua a determinar o que declara o Novo Testamento sobre a homossexualidade, em contraste com a cultura Helenística, que não considera ofensivo o homossexualismo. Na Carta aos Romanos, Paulo incluiu o comportamento homossexual entre as conseqüências do afastamento de Deus (1:27). Em I Coríntios, a prática homossexual integra com a fornicação, a idolatria, a embriagues e o furto como comportamento que impedem a participação no Reino de Deus (6:9,10). Paulo afirma que por meio do batismo os cristãos se tornaram livres de sua servidão a todas essas práticas (6:11).
O Novo Testamento não contém uma única passagem que indique uma abordagem mais positiva a atividade homossexual, que venha a contrabalançar as declarações paulinas. Desse modo, a totalidade do testemunho bíblico inclui a prática do homossexualismo, sem exceção, entre as modalidades de comportamento que evidenciam, de modo particular, o afastamento de Deus. Os resultados exegéticos estabelecem estritos limites no tocante ao homossexualismo, para qualquer Igreja que esteja sob a autoridade das Escrituras. E, ainda mais, essas afirmações bíblicas sobre o assunto apenas apresentam o corolário negativo às afirmações positivas da Bíblia sobre o propósito da Criação para a sexualidade dos homens e das mulheres. Esses textos, que são negativos em relação ao comportamento homossexual, não estão apenas tratando com aspectos marginais, que possam ser negligenciados, em detrimento da mensagem cristã como um todo.
Acima de tudo, as afirmações bíblicas sobre a homossexualidade não podem ser relativizadas, como expressões de uma situação cultural, que hoje estão simplesmente ultrapassadas. O testemunho bíblico é explícito e deliberado em oposição a posicionamentos do ambiente cultural, em nome do Deus de Israel, que, na Criação, designou os homens e mulheres para uma determinada identidade.
Os defensores contemporâneos por uma mudança no ponto de vista da Igreja sobre a homossexualidade, tendem a sublinhar que declarações bíblicas não estavam conscientes de importantes evidências antropológicas modernas. Essa nova evidência, afirmam, sugerem que a homossexualidade deva ser encarada como um dado constitutivo da identidade psicossomática da pessoa homossexual, estabelecida antecipadamente a qualquer expressão sexual correspondente (A diferença entre “inclinação homófila” e “prática homossexual”). Tal fenômeno ocorre não somente com pessoas que são ativamente homossexuais.
Mas, a inclinação não dita a prática. É uma característica do ser humano que nossos impulsos sexuais não estão confinados em uma área comportamental separada, mas permeiam nosso comportamento em todas as áreas da vida. Isso, de certo, inclui os relacionamentos com pessoas do mesmo sexo. Contudo, precisamente porque as motivações eróticas envolvem todos os aspectos do comportamento humano, nós nos deparamos com a tarefa de integrá-los à totalidade da nossa vida e conduta.
A mera existência de inclinações homófilas não conduz automaticamente à prática homossexual. Antes, essas inclinações podem se integradas à vida na qual estão subordinadas ao relacionamento com o sexo oposto, onde, de fato, o sujeito da atividade sexual pode não ser o todo-determinante centro da vida humana e sua vocação. Como o sociólogo Helmitschelsty acertadamente destacou, uma das primeiras conquistas do casamento como instituição é o envolvimento da sexualidade humana a serviço de tarefas e objetivos ulteriores.
A realidade das inclinações homófilas, contudo, não deve ser negada ou condenada. A questão, contudo, é como lidar com suas inclinações dentro da tarefa humana de dirigir responsavelmente o nosso comportamento. Esse é o verdadeiro problema; e é aqui que devemos lidar com a conclusão de que a atividade homossexual é um afastamento da norma de comportamento sexual que foi dada aos homens e às mulheres como criaturas de Deus. Para a Igreja, esse é o caso não somente para o homossexualismo, mas para qualquer outra atividade que não pretenda atingir esse objetivo.
A Igreja tem que viver com o fato de que, nessa área da vida como em outras, os afastamentos das normas não têm sido raros e excepcionais, mas comumente disseminados. A Igreja tem que lidar, tanto com manifestações de tolerância e compreensões quanto de arrependimento. Ela não pode render-se à falta de diferenciação entre a norma e o afastamento da norma.
Aqui é que se traça claramente a fronteira de uma igreja que se percebe como subordinada à autoridade das Escrituras. Aqueles que pressionam a Igreja a mudar sua norma de ensino a respeito dessa matéria devem saber que eles estão promovendo um Cisma. Se a Igreja deixar-se levar, sendo empurrada a ponto de cessar de tratar a atividade homossexual como uma ruptura com a norma bíblica, e reconhecer as uniões homossexuais como parcerias pessoais de amor equivalentes ao casamento, tal Igreja não mais se fundamenta em base bíblica, mas, sim, se posiciona contra o testemunho das Escrituras. Uma Igreja que tome esse passo deixa de ser a Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica.”
(Tradução e Condensação: Dom Robinson Cavalcanti, OSE).
Fonte: http://www.ieabrecife.com.br/index1.htm
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