Autor: Juarez Marcondes Filho
Seis meses antes do nascimento do Salvador, veio à luz o seu precursor. Filho de um casal idoso, Isabel e Zacarias (Lucas 1.18), João foi visto por seus contemporâneos como um novo Profeta Elias, pois o seu estilo ministerial se parecia em muito com o do profeta vetero-testamentário. As circunstâncias em que se deu o seu nascimento, o seu estilo de vida eminentemente severo (Mateus 3.4) e sua ousadia no proclamar a chegada do Reino de Deus (Lucas 3.7, 8), revelam a força e o caráter deste que recebeu a missão de “preparar o caminho do Senhor” (Isaías 40.3-5).
João Batista exerceu um tríplice ministério. Lucas 1.17 registra: “E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência do justos e habilitar para o Senhor um povo preparado”. Sua tarefa se constitui num padrão do nosso ministério que sempre está a preparar o caminho do Senhor.
O primeiro aspecto que se destaca é a importância da reestruturação da família. As Escrituras mantém uma constante preocupação com o papel dos lares. Deus é o Deus das sucessivas gerações, que justamente o reconhecem dentro dos limites da família. A tarefa primordial dos pais é transmitir aos filhos o amor a Deus, amando-os de todo o coração (Deuteronômio 6.1-9).
Os dias de João não eram muito diferentes dos nossos, nos quais havia um certo distanciamento das gerações. Pais e filhos encontravam-se alheios uns aos outros. Lucas abrevia a declaração de Malaquias que, também, instava acerca da necessidade dos filhos se converterem aos pais (Malaquias 4.6), ou seja, uma mútua conversão.
Se queremos viver dias melhores, precisamos vencer o abismo que separa os membros de uma família Em muitos lares tem prevalecido um espírito de indiferença e autonomia que impede qualquer tentativa de diálogo, compreensão e respeito, na busca de um projeto comum que assegure não só o bem-estar familiar, mas da própria sociedade, como conseqüência. A mensagem dura e incisiva do precursor levou muitos pais e filhos a reverem suas relações.
Um outro aspecto do ministério de João era a ênfase na genuína conversão a Deus. Conversão dos pais aos filhos e vice-e-versa e, conversão a Deus. Não há ordem cronológica, nem lógica. As duas conversões seguem juntas.
A conversão proclamada pelo precursor era radical, onde não podia pairar dúvidas sobre as mudanças necessárias. Temos lutado pela conversão das pessoas, sempre lembrando que esta é uma obra do Espírito Santo. A palavra chave no processo de conversão é obediência. Ela somente se consuma quando assumimos uma postura de verdadeira e permanente obediência. Infelizmente, há muita conversão não consumada. Muda o discurso, mas não muda a atitude. Troca-se até a roupa, mas não troca o coração.
O último aspecto aponta para a necessidade de sermos constituídos num povo preparado para servir a Deus. Quando a fé se limita simplesmente à recepção de Cristo como único e suficiente Salvador, ela não alcança o seu objetivo final. Na verdade, somos salvos por Cristo para, agora, sermos habilitados para o serviço de Deus.
A conversão não é fim em si mesma. A fé não pode ser usada para o atendimento de interesses pessoais. O que importa é o serviço de Deus. Devemos constantemente buscar o aprimoramento de tudo o que recebemos do Senhor para serví-lo de todo o coração.
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