O CUIDADO COM A LÍNGUA

Autor: Jackson Santos, pr

A Língua; esse pequeno órgão que fica bem instalado em nossas bocas e que se vangloria de grandes coisas; é com ela que nós podemos realizar muitas proezas. Podemos falar muitas verdades e sustentar também, muitas mentiras.

Como é bom falar! Conversar com alguém. Expressar o que está no fundo d’alma. Falar é muito simples e fácil, o que difícil e exige uma boa disciplina mesmo, é exercer a especial arte de ouvir. Parece que todos estão querendo falar. Todos estão ansiosos para abrir o coração e compartilhar o que está dentro da sua alma.

Durante o meu período no contato com os índios no Amazonas, ficava intrigado com o longo silêncio dos participantes de alguma reunião convocada pelo cacique. Todos reunidos e então o silêncio ganha espaço. Ninguém fala e ninguém exige que o outro também fale alguma coisa. De repente…alguém fala alguma coisa e todos ouvem atentamente.Mais silêncio…Ninguém está ansioso para falar nada. Todos estão pensando no que acabaram de ouvir, geralmente a fala do chefe.

Talvez o longo silêncio esteja dizendo: “ estou pensando no que você falou…acho que está certo…concordo, ou…vou pensar um pouco mais, talvez discordo”

Em geral, muitos falam, e, até demais, outros não esperam que alguém termine de falar e respondem antes mesmo de ouvir a última frase. A ansiedade de muitos em falar demais e fora de hora, revela uma provável inquietude no íntimo, na alma. O silêncio ali não tem vez.

Nesses tempos de globalização o ser humano está cada vez mais carente e necessitado. E é exatamente por isso que a sua angústia aumenta; ele vai se sentindo uma peça quase que descartável, ele está perdendo os referenciais- valores morais, éticos e espirituais – ele, que sempre despertou interesse em todas as camadas da sociedade. E talvez por isso ele se ache no direito de falar, falar, falar.

Acontece que muitos nem percebem o quanto estão falando. Eles têm muita necessidade de ouvidos amigos para derramar a suas queixas, experiências, reclamações. E está tão ansioso para falar que não percebe que o ouvido amigo também tem necessidade de falar e nem sempre está pronto para ouvir.

Falar não é o problema; o que falar, como, quando e o que falar, eis a questão.

Tiago e Salomão, especialistas em falar nos coloca num universo de assuntos práticos da vida cristã e com clareza nos ensina como devemos nos portar em todo o tempo com a nossa língua.

A advertência inicial dada por Tiago para todos nós é que: “cada um esteja pronto para ouvir, e lento para falar…” Tg.1.19. Ele destaca as duas características fundamentais da língua.

PRIMEIRA – O uso da língua para bendizer – tg.3.9a

Se nós temos língua é para falar, pois a boca fechada traz inúmeras desvantagens. A falta de comunicação, no lar, no trabalho, na escola, no dia a dia traz muitos prejuízos. Salomão nos mostra que as palavras escolhidas são remédios, e faladas no devido tempo, ‘quão boa é’. Ele ainda destaca a maneira de se identificar uma mulher virtuosa. “Fala com sabedoria, e a instrução da bondade está na sua língua.”´Prov.31.26

Paulo, em Efésios 4.29 nos diz: “Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem.” Como é doce e agradável aos ouvidos a língua transmitindo compreensão, reconhecimento e graça.

SEGUNDA – O uso da língua para amaldiçoar, destruir e derrubar.

O mau uso da língua pode separar amigos, destruir lares, criar processos de distúrbios psíquicos nos filhos, enfim, esse mau uso pode até trazer muitos outros males. Veja o que ele diz: Tiago 3.6 “ Assim também, a língua é um fogo ; é um mundo de iniqüidade.”

Como fogo ela queima. Tg. 3.6 – Como veneno é incontrolável e mortal – Por isso, o sábio Salomão ensina que às vezes, deixá-la quieta é uma boa idéia. “ No muito falar não falta transgressão , mas o que modera os seus lábios é prudente.” Prov. 10.19 E ainda no capítulo 17.28 ele mostra a importância de não se falar a esmo. “Até o insensato passará por sábio, se ficar quieto, e, se contiver a língua, parecerá que tem discernimento.”

A nossa tendência como seres humanos é de sempre apontar o lado negativo. E a língua é o instrumento que está sempre mais disponível para isso.

Reverter esse quadro cultural já consolidado no contexto humano, exige um conhecimento profundo das ações positivas e negativas que a língua pode causar. E, o passo seguinte é uma tomada de posição consciente e pontual da mudança do paradigma estabelecido.

E a preciosa ferramenta utilizada para atuar como instrumento de aprimorar o uso da língua sem dúvida que é a Bíblia Sagrada a Palavra de Deus.

Falhamos muito na utilização do uso da língua, porém, faz-se necessário esforçar-se para controlá-la. O próprio Tiago nos lembra isso: “ a língua, porém, ninguém consegue domar.” Tg. 3.8a

Não encontrando nada na vida de alguém para se comentar de agradável e positivo, é melhor que não se fale nada, que se cale, pois com a língua nos bendizemos o Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens; e por essa razão o apóstolo enfatiza: ” a fonte de água salgada não pode produzir água doce.” Tg.3.12

Comumente ouvimos pessoas falarem sobre a necessidade de se viver o evangelho, em detrimento de se falar. ” É melhor viver do que falar” argumentam muitos, todavia, Jesus nos ensina que temos que falar IDE E PREGAI, isto é, FALAR. O apóstolo Tiago nos ensina que Deus nos deu dois ouvidos e uma boca apenas, quem sabe, ele pensou que melhor é ouvir do que falar. Como ele criou uma boca, é natural que falemos. Não podemos ficar omissos, quietos diante da necessidade de se falar alguma coisa. E essa fala deve ser condicionada às necessidades dos ouvintes. Uma fala para abençoar, para edificar.

Olhando a necessidade ao nosso redor, descobrimos que o povo precisa ouvir mensagens que tragam vida, e vida em abundância .Muitos estão falando e nem todas as falas trazem conforto, alívio, bem estar, alegria e paz. Os povos que vivem isolados em regiões distantes e sem nenhum tipo de conforto e assistência vivem alheios às falas que produzem vida em abundância.

No Brasil há cerca de 222 tribos indígenas; destas, – pasmem – há 92 que não têm a presença missionária. Isso significa que não há NINGUÉM falando a esses grupos indígenas, isolados no meio da mata, do grande amor de Jesus, oferecido a eles também.

O pedido de oração de Jesus – que deve constar em todas as reuniões de oração – foi para os discípulos ROGAREM ao Senhor da Seara, que mande mais obreiros para FALAR àqueles que nunca ouviram do Amor e do Perdão do Pai Eterno.

Se você é daqueles que falam muito, coloque a sua língua ao bom serviço da causa do mestre Jesus; falando o que abençoa a respeito dele – sua vida, morte e ressurreição. Se você fala pouco, não se omita no momento de FALAR sobre a boa causa que traz alegria e salvação aos que ouvem.

Façamos sempre a oração do rei Davi. “ Coloca, Senhor, uma guarda à minha boca; vigia a porta de meus lábios.” Sl.141.3 (para não pecar contra ti) Grifo do autor.

Jackson Santos, pr

miapibr@uol.com.br

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