Autor: Jonathan Menezes
Por quantas vezes, já não ouvimos esta incansável pergunta: “o que isso tem a ver comigo?” Soa quase banal o que vou dizer mas, todos os dias, em diferentes lugares, de diferentes formas, é possível ouvir pessoas reproduzindo, constantemente, esta e outras expressões de desprezo pela situação do próximo, sempre com aquele velho pensamento: “já tenho uma quantidade de problemas suficiente, portanto não tenho também que ficar me preocupando com os problemas dos outros”. Mas e quando o problema é social, ou seja, de responsabilidade de todos, será que a coisa muda? Não, pois a desculpa é sempre a mesma: “a culpa é dos políticos…” ou “nada que eu faça será suficiente para mudar a situação”.
Alguém poderia até dizer: mas isso que você está colocando é muito óbvio! É sim, e por ser tão óbvia, a questão acaba sendo praticamente ignorada. E para nós, cristãos evangélicos, o que pode ter a ver conosco, por exemplo, o fato de que no mundo há mais de 6 bilhões de pessoas, muitas delas padecendo de fome e miséria, outras por violência, e tantas outras indo para o inferno por indiferença ou desconhecimento do amor de Cristo, e muitas vezes por negligência da igreja que deveria evangeliza-las? Até que ponto, a amplitude do amor de Deus, por toda a humanidade, representado na pessoa de Jesus, tem nos impulsionado a abandonar nosso egoísmo e a nos sensibilizar com o clamor que vem do próximo?
Em provérbios 17:17, há um precioso ensinamento sobre o amor engajado: “Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão”. Pelo menos três lições práticas, podemos abstrair deste texto: 1) O amor engajado acontece quando deixamos de olhar apenas para os nossos próprios problemas; 2) O amor engajado acontece quando nos fragilizamos para encontrar o próximo na dimensão de seu sofrimento; 3) Quando nos tornamos co-participantes dos problemas e aflições dos outros, abençoamos e somos abençoados.
O que Deus quer de nós não é muita coisa. Não precisamos ser ingênuos, a ponto de achar que podemos abraçar o mundo todo, e nem cínicos em pensar que, no mundo, tudo está perdido. Podemos, talvez, seguir a simples filosofia de um indiano, chamado Wai Sin: “não posso amar um milhão de pessoas, assim, começarei com uma”. E por que não dizer algumas.
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