Autor: Jehozadak Pereira
Aprendemos com os nossos próprios erros. Não é assim com você? Pois é assim comigo. São raras as exceções de gente que aprende com os erros dos outros. Quantas vezes somos alertados pelos nossos pais, amigos, esposos e esposas, pastores, de que não devemos errar, e erramos? Quais os tipos de erros que cometemos e que não devíamos cometer?- Pai estou grávida! Foi esta a notícia que recebi de minha filha caçula. Com vinte e um anos havia engravidado do namorado. E agora, o que fazer? Já vi muita coisa na minha vida. Já vi pais e mães mandarem embora filhas que engravidaram, já vi pais espancarem filhas na mesma situação a ponto de provocarem nelas um aborto por causa desta situação. Eu não. Não iria abandoná-la, não iria bater nela, não iria xingá-la, não iria recriminá-la, não iria cobrar nada dela.
Lembrei-me de duas situações que eu vivenciei quando era adolescente. Na igreja que eu congregava com meus pais, uma jovem filha de um obreiro engravidou. O homem enxotou a menina para fora de casa e ela foi morar com os pais do namorado que não eram crentes. Tudo o que o pai lhe negara a família que a acolhera estava lhe dando. Carinho, atenção, cuidados, e a mãe para visitá-la ia escondida do pai. Passaram-se anos para que a filha, o marido e a criança pudessem ser aceitas no círculo familiar da casa paterna de novo.
Outra situação foi com um vizinho. A filha engravidara e o namorado recusou-se a casar. Lembro-me do pai e da mãe preparando cada detalhe da gravidez da filha. Apoiaram, ajudaram, e quando nasceu o neto eles orgulhosamente mostravam a todos. Certa vez alguém lhes perguntou se não se sentiam acanhados ou envergonhados por aquela situação. Não. Foi a resposta dele, ela era sua filha e ele a amava e nada – inclusive – aquela gravidez – iria diminuir o amor dele em relação à filha. Aquilo me marcou. De pronto lembrei-me do que diz o Salmo 127:3 “Herança do Senhor são os filhos…”, como eu poderia jogar fora uma herança preciosa recebida do Senhor? Mas ela havia errado? No entanto, o Senhor quando nos dá um filho, faz conosco um trato implícito – esta é a herança que te dou, portanto cuide bem dela! Mas ela havia errado. E pior, havia sido avisada para que não errasse.
Tive com ela longas conversas, tal como sua mãe, seus irmãos, seus avós, suas tias, e nada disto havia sido suficiente para alertá-la. Eu não iria condená-la não. E agora, o que fazer? Bem, uns dias antes, do comunicado dela, eu havia sentido no meu coração o desejo de orar ardentemente por ela, como nunca havia feito. Mais ainda vi que precisava fazer um período de jejum pela vida dela. Eu não sabia, mas o Espírito Santo estava me preparando para a notícia.Quando ela me comunicou a gravidez, me fez uma pergunta – você continua me amando? Lógico! Foi a minha pronta resposta. Disse a ela também que ela não era obrigada a se casar, e ao namorado dela a mesma coisa. Obrigá-los a se casar por causa da gravidez seria colocar uma espada direcionada para a cabeça deles, e eu não desejava fazer isto.
A decisão deles foi de se casar. Em seguida, começaram a me assaltar dúvidas e mais dúvidas – algumas até cruéis. Onde foi que eu errei?Eu não errei, assim como não errou a mãe na criação dela. A única certeza que eu tive nesta situação é a de que como eu, ela aprende com os próprios erros e falhas. Todos nós sabemos que para cada erro há uma conseqüência. Mas isto é uma outra história.Em momento algum pensei em acobertar o erro dela, ao contrário fiz ela ver que havia errado, e mostrei que apesar do erro ela é minha filha e que eu a amo, e exatamente por isso não poderia deixar passar em branco esta situação.Nós pais, alertamos e advertimos os nossos filhos sobre cada situação que eles vivem nas suas vidas. Muitas vezes discordo do que dizem muitos pais – que os filhos são fardos ou cruzes que eles têm de carregar. Isto não é verdade. Filhos são bênçãos do Senhor, e isto basta.A educação e criação que proporcionei aos meus filhos não me permitiriam jamais abandoná-los em qualquer circunstância que eles passem nas suas vidas. Eu tenho bem nítido que eles são um presente de Deus para a minha vida e a mim, cabe honrar a Deus por estas dádivas que Ele me deu.
Certamente você é um dos que conhecem inúmeras histórias de filhos que erraram e foram perdoados por seus pais, e de outros tantos que foram jogados fora de um contexto familiar, carregando suas amarguras e ressentimentos pelo resto das suas vidas.Muitas vezes ouvi pais e mães lamentando-se dizendo que “levaram” seus filhos para a igreja a vida toda, e não entendem quais são os motivos deles errarem tanto. Uma vez eu perguntei a um pai e mãe – “levaram”, mas apresentaram Jesus para eles? Falaram de salvação para eles? A resposta é um invariável não. Cada um de nós não está isento de errar, e a vida está para nos mostrar que erramos no passado, no presente e erraremos no futuro. O próprio Apóstolo Paulo reconheceu em Romanos 7:19-24 – “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim.Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”.
Já pensaram na luta e no conflito de Paulo? E olhem que ele era um homem preparado para os embates espirituais, e tinha esta dificuldade, imagem nós que vivemos num contexto totalmente diferente?Muitas vezes os erros dos filhos refletem diretamente nas vidas e no bem estar familiar, trazendo prejuízos morais e muitas vezes financeiro. No entanto, o que vemos são pais não fazerem conta destes erros por amor aos filhos. Perdoa-se, mas não trata devidamente os erros e as falhas destes. Outras vezes estes erros estão afeitos a conflitos familiares entre irmãos que não se toleram.Nunca passe a mão na cabeça do seu filho achando que ele é uma vítima inocente da sociedade e do meio que o circunda. Confronte-o, exponha diante dele o erro, faça com que ele veja onde está errado, e corrija-o.
Certa vez, meu filho protagonizou um episódio em primeira mão caricato e engraçado. Mas ao analisar o acontecido vi ali o princípio de desvio de personalidade que se não corrigido adequadamente nos traria problemas sérios no futuro. Próximo do final do ano comprei um panetone, e disse a eles que não era para abrir ainda, pois como em todas as casas onde há crianças, come-se tudo de uma vez. Dias depois ao abrir a caixa vi que faltava uma fatia considerável. Pensei comigo – será que me venderam um panetone faltando um pedaço? Fui olhar a caixa e ela estava intacta, com exceção de onde eu havia aberto. Comentei o assunto à mesa e meu filho riu. Achei estranha a risada dele e o inquiri, e para minha surpresa ele disse que havia aberto a caixa onde ela havia sido colada, e com uma linha aberto-a; depois com cola escolar fechara a caixa. Mas o seu riso o denunciara.Eu estava diante de um impasse e de uma situação gravíssima – se deixasse passar batido estaria incentivando-o continuar, pois ele ficaria impune do erro, se eu o disciplinasse severamente, poderia deixá-lo ressentido, porém, não me permitiria jamais deixar de confrontá-lo, pois ele havia errado e deveria pagar pelo seu erro.
Expus o erro, confrontei-o com a Palavra de Deus, mostrei que ele havia sido desobediente e quebrado o princípio da obediência. Conversamos durante algum tempo e falei para ele que transgressores começavam as suas vidas erráticas daquele modo, e que não havia nada inocente naquela história.Ao confrontá-lo com o erro, eu o fiz ver que havia a necessidade de um conserto. Ofereci-lhe a opção de ser corrigido fisicamente ou de cumprir um castigo. Ele optou pelo castigo e passados mais de dez anos, outro dia ele se lembrou do que acontecera e numa visita a casa de amigos contou e disse que jamais vai esquecer e da vergonha que sentiu na situação e de jamais tornaria a repetir o erro.Fico hoje imaginando se tivesse achado graça da situação – e era engraçado – o que seria dele hoje? Pode ser que ele ficasse somente naquele caso, mas e se tivesse descambado para as coisas erradas? E se tivesse dado uma surra nele? Será que ele se lembraria depois de tantos anos. O que sei foi que ele aprendeu uma importante lição para a sua vida, de que por mais engraçado que fosse a situação ela era sim, grave, muito grave.Na ocasião, circulava pelos jornais a prisão de um dos maiores estelionatários que havia tido na história policial no Brasil, e o homem contava a sua história – havia começado a sua vida de crimes enganando o pai que era dono de uma farmácia. Roubava remédios e colocava nas caixas aspirinas e comprimidos de pouco valor, ou sem efeito terapêutico.Ele havia aprendido com uma amiga a abrir as caixas de remédios e substituía-os por outros de tal modo que ninguém percebia.Certa vez um homem comprara o remédio e não fora curado da sua doença, tempos depois ao morrer a família descobriu que uma das causas era o remédio inócuo, a polícia foi acionada e a culpa acabou caindo sobre um funcionário da farmácia, que negou tudo. Tempos depois um novo caso, e apertado ele havia confessado ao pai que era o responsável direto pelo ocorrido. O pai temeroso pela repercussão do que poderia acontecer calou-se e, o filho sentindo-se impune continuou sua vida de pequenos delitos. Logo estava falsificando atestados médicos, depois documentos e já era um criminoso famoso e com muito dinheiro no bolso. As prisões foram se sucedendo e a cada uma delas ele saia pior do que havia entrado. Condenado a muitos anos de prisão, culpava o pai pelo silêncio e por haver passado a mão na sua cabeça, quando deveria corrigi-lo adequadamente.Quantas vidas dedicadas ao crime e a transgressão começaram assim, enganando seus pais dentro de casa? Eu particularmente nunca aceitei que meus filhos trouxessem para dentro de casa objeto algum de ninguém. Foi deste modo que meus pais procederam comigo. Nunca permitiram que levássemos nada que não fosse nosso, ou que tivesse sido comprado com dinheiro deles ou presenteado por alguém com a anuência e concordância deles.Isto evitou certamente que errássemos, e do mesmo modo aos meus filhos. Muitos pais permitem os erros dos seus filhos e depois quando tentam corrigir é tarde demais. Um fator impressionante de erros dos filhos é as más companhias. Sempre há um amigo ou amiga interessado na amizade e no companheirismo dos nossos filhos que não é recomendável. Amizade de filhos cristãos com filhos mundanos é risco na certa. Sabem por que? Porque o mundano vai prevalecer sobre seus filhos quase sempre. Em I Reis 12:2-11 – “Teu pai fez pesado o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai e o seu pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos. Ele lhes respondeu: Ide-vos e, após três dias, voltai a mim. E o povo se foi. Tomou o rei Roboão conselho com os homens idosos que estiveram na presença de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia, dizendo: Como aconselhais que se responda a este povo? Eles lhe disseram: Se, hoje, te tornares servo deste povo, e o servires, e, atendendo, falares boas palavras, eles se farão teus servos para sempre. Porém ele desprezou o conselho que os anciãos lhe tinham dado e tomou conselho com os jovens que haviam crescido com ele e o serviam. E disse-lhes: Que aconselhais vós que respondamos a este povo que me falou, dizendo: Alivia o jugo que teu pai nos impôs? E os jovens que haviam crescido com ele lhe disseram: Assim falarás a este povo que disse: Teu pai fez pesado o nosso jugo, mas tu alivia-o de sobre nós; assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai. Assim que, se meu pai vos impôs jugo pesado, eu ainda vo-lo aumentarei; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões”. Roboão tinha tudo para ser um rei mais excelente e melhor do que seu pai Salomão, mas aconselhado por jovens que cresceram com ele, mas que não eram da sua linhagem, fez com que o povo sofresse. Será que eram estas as lições que Roboão havia aprendido com seu pai?Entretanto, ao seguir o conselho dos seus amigos ele o fez deliberadamente mostrando que era passível de ser influenciado.
Isto nos dá a idéia de que é possível sim, um adolescente, um jovem, uma criança criada sob os auspícios de uma boa educação ser desencaminhada por maus conselheiros, ou como queiram – más companhias.Cabe aos pais o papel de ensinar, educar, instruir, orientar, encaminhar, insistir, vigiar, acompanhar, seguir junto, etc.Se de tudo que for feito e ainda assim seu filho ou filha errar lembre-se de eles são sua herança e herança não se joga fora. Mesmo que você carregue marcas de desprezo e de ter sido “jogado” por causa de algum erro que você tenha cometido por inexperiência ou mesmo por teimosia. Mude a sua história, é sua obrigação e seu dever. Hoje a Sophia, minha neta – mais um presente de Deus para mim, faz parte da minha vida e da minha história.
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