Deus é nossa mãe

Autor: Elvis Kleiber
Há muitos aspectos que o tempo nos faz amadurecer e mudar. Outros, ele passa a reforçar nossas convicções ampliando os conceitos anteriormente firmados. Certa vez preguei um sermão cujo tema era “A natureza materna de Deus”. Após a prédica, um colega seminarista aproximou-se e disse: – Como você teve coragem de chamar Deus de mãe? Após outros comentários, percebi que todos meus argumentos não removeriam sua visão masculina da pessoa de Deus. O tempo passou e aqui estou novamente escrevendo sobre a feminilidade de Deus. Que os leitores mais fundamentalistas não me interpretem como liberal ou herege.

Quero trazer à memória a figura daquela que ao criar vida tornou-se mãe de toda natureza e deseja gerar muitos filhos espirituais. A Bíblia atribui a Deus muitas características humanas como forma de compreendermos melhor sua revelação, no entanto há uma descrição que revela sua transcendência e imanência. “Deus é espírito e importa que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo.4: 24). Sabemos que Deus não possui sexo, embora haja em nossa formação cristã uma imagem masculina dele como o todo-poderoso, o pai de Jesus, o ancião etc. Muitos comentários da Lei chamados de Talmude eram interpretados por rabinos extremamente machistas e tendo como pano de fundo a cultura patriarcal da época. Por este contexto, dificilmente em toda sua sabedoria Deus se revelaria como uma figura feminina, pois a rejeição seria por demais lógica.

Há, porém, aspectos da sua natureza que manifesta sua feminilidade e seus sentimentos maternos. “…mas agora darei gritos como a parturiente…” (Is.42:14b); “…Trazei meus filhos de longe e minhas filhas, das extremidades da terra.” (Is.43:6). Estas palavras manifestam o sentimento materno de Deus. “Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados” (Is. 66:13); seu amor é maior que o de mãe: “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça dele? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti.”(Is.49:15), o próprio Jesus reivindicou sua filiação celestial ao afirmar: “O pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo” (Jo. 6:33), embora os judeus questionassem: “não é este Jesus filho de José? Acaso, não lhe conhecemos o pai e a mãe? Como, pois, agora diz: Desci do céu?”(Jo.6;42), demonstrando não compreenderem que além dos pais biológicos, Jesus possuía uma filiação espiritual que, embora se revele como Pai, não está longe de ser percebido com sentimentos de mãe. Deus se revela como mãe para muitos que nesta data são afligidos por sentimentos de abandono e rejeição, ou para aqueles que já não gozam da presença dela neste dia.

Quando comemoramos o Dia das Mães, esta data é sempre lembrada no seio da família. Por tradição, muitos filhos reúnem-se para almoçar com aquela que é considerada a rainha do lar e as reuniões quase sempre são um atrativo regado a presentes com preços promocionais. Agradeço a Deus pela mãe que tenho e por nunca me haverem faltado seu amor e amizade. Desejo que neste dia encontremos paz em nos identificarmos com a filiação de Jesus, pois a Maria coube o papel de mãe, mas só Deus reina eternamente com seu filho mais velho e aguarda a remissão e transformação de muitos outros filhos gerando uma família numerosa, onde Ele certamente será a mãe de todos. Deus abençoe todas as mães.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*