Conversão

Autor: Carlos Siqueira
Quando alguém muda de partido político, de religião ou de ponto de vista, entende-se que houve uma conversão. Esta pessoa agora defende idéias ou ideais que provavelmente combatia, pois segundo a sua forma de perceber as coisas, possui um novo referencial ideológico.

A mudança de pensamento possui em conseqüência uma mudança de atitude, onde o ser estará em uma nova geografia existencial, encarando os fatos por um novo prisma.

Mudar de pensamento não é crime, o problema é que não estamos abertos para pessoas que mudam constantemente de opinião, pois isto denota imaturidade, pois a pessoa é facilmente influenciada por outros sem ter um referencial próprio de conduta.

Aprendemos a defender certas instituições como sendo fundamentais para a nossa existência, pois em função de tradições que nos são passadas de geração em geração, muita das vezes não questionamos, apenas aceitamos como certo, pois quem um dia nos ensinou ou influenciou, possuía relevância em nossa perspectiva.

Dificilmente se ouve falar de alguém que muda de time de futebol, ou religião que não sofra as conseqüências de tal ato, pois as ideologias são instituições que defendemos sem perceber, e guerras ocorrem quando uma ideologia coletiva encontra-se ameaçada.

O ser humano por natureza luta para estabelecer padrões que serão representados por uma liderança que representa o inconsciente coletivo do grupo.

A democracia em principio deveria ser assim, um homem é eleito por todos por possuir conceitos que refletem a ideologia do todo ou pelo menos da maioria.

Entendo que unanimidade é impossível pois cada um de nós possui uma forma de ser, com sonhos independentes e estórias singulares, mas quando entramos na área ideológica temos a tendência de unificação, crendo que o diferente precisa estar debaixo da nossa própria ideologia sem admitir a possibilidade do outro não estar errado.

Encontramos assim as coligações, que em defesa do objetivo maior encontrará aliados em divergências menores, pois o intuito é o poder de influencia, pois permite ao homem estar no controle da sua história e também do semelhante.

Enfim , o campo das idéias é enigmático, pois não podemos prever o resultado de alianças que buscam um objetivo comum. Aprendi que não existem inimigos eternos e sim posições ideológicas transitórias. Quando Jesus foi condenado para ser crucificado, algumas pessoas não eram a favor de sua morte, mas não podiam externar a sua divergência devido ao sistema opressor que as situava como marginais. Às vezes algumas pessoas não defendem outras por motivos políticos, pois não querem ficar mal com os inimigos destas, mas quando traçamos tudo isto no campo espiritual fica complicado não ser radical e fiel com aquilo que entendemos como correto. Às vezes eu prefiro lidar com um ateu sincero a lidar com um crente inconstante, que fica em cima do muro, pois não se pode servir a Deus e as riquezas, ou ao Deus deste mundo manifestado através do prazer que não encontra limites, quando colocamos os nossos objetivos como se fossem os desígnios de Deus , para legalizar a nossa desobediência em não olhar para as coisas velhas , mascarando-as como revelação profética.

A conversão acontece de uma maneira inexplicável, pois adentra o campo da fé, onde sabemos que algo mudou dentro de nós, pois a autoridade que possuímos nos capacita para ir além do além, sem com isto estabelecermos vantagens sobre o nosso próximo, pois começamos a caminhada vencendo a nós mesmos, sujeitando a nossa mente a um novo conhecimento que desprovido do medo, nos faz encontrar no Senhor o causador desta mudança e por isto nos prostramos apenas a sua autoridade no campo espiritual, pois ele nos revela que não há outro caminho para encontrar as respostas que o universo interior buscou perdidamente em dimensões tão distantes fora de nós mesmos, conversão não é reforma interior ,mas sim um novo ser interior; não é mudança de comportamento, ou moralidade puritana, mas sim uma motivação impulsionada por vontade divina, que embora continuemos sujeitos ao pecar, não somos submissos ao pecado, ao mundo e ao diabo.

O ser humano na busca da perfeição encontra um ser que não pode suprir a sua necessidade de segurança, a fuga do Éden deixou dentro de nós a percepção do débito por um delito de morte, um mundo de dores e trabalho, deixa-nos a opção de um novo contexto , onde existe a saudade de um lugar melhor. Está em nós a idéia que existe um lugar geográfico melhor tal qual de um ser existencial melhor, que está distante do habitado por esta mente que viaja no passado e no futuro. Encontramos com isto a fantasia que temos o controle em nossas mãos quando na realidade vivemos em busca do caminho de volta ao lar.

Esta ideologia leva alguns a buscarem a sua origem no universo, em outras galáxias, acreditando que viemos de outro planeta, quando na realidade Deus criou os céus e a terra e colocou o homem, primeiramente aqui para o início quem sabe de uma grande jornada , onde apenas os cidadãos da Jerusalém celestial, poderão falar sobre o assunto.

A conversão nos faz habitantes de regiões celestes, onde assentados, apenas cumpriremos os propósitos estabelecidos desde a fundação do mundo até a eternidade para cada um de nós. Deus não revelou ainda, pois as coisas que os olhos não viram , os ouvidos não ouviram, e não subiram ao coração do homem, são as coisas que o Senhor preparou para aqueles que o amam.

Enquanto nesta dimensão seremos os seres que o céu conspira a favor, liberando anjos que trabalham em função dos santos cujos nomes e as obras estão escritas no livro da vida do cordeiro, pessoas que serão fortemente influenciadas pela política opressora que reina no cosmos caído, em função do pecado, mas seremos guardados pelo próprio Deus , pois ele começou um projeto em nós que tem como objetivo restaura a nossa existência , colocando-nos no lugar de origem, onde passeávamos nas tardes festivas, sabendo que seríamos visitados com a sua maravilhosa presença; depositando em nós a possibilidade de brilhar em uma geração que tem prazer com as trevas e a iniqüidade, seremos estranhos aos presente século, mas alvo do investimento divino para abençoar as famílias da terra.

Por enquanto tudo acontece no campo experimentado da fé, onde as provas só podem ser avaliadas por vidas redirecionadas, que praticantes do bem ou do mal, foram alcançados por mérito divino a um conhecimento guardado em vaso de barro, para que a honra repouse apenas na pessoa daquele que os chamou.

Quando acontece esta natividade espiritual, entendemos que tornamo-nos filhos de Deus por adoção, sendo o alicerce da nossa espiritualidade, o próprio Senhor Jesus. Não somos melhores nem piores, somos apenas aqueles que radicais e irredutíveis sempre teremos uma palavra que indique ao incrédulo o caminho que ele não sabe que precisa encontrar. Sabendo que quem nos chamou é o único que tem o poder de revelar ao homem, que ele, o único Senhor e Deus, está vivo e atuante na história, pois venceu a morte e nos deu o ministério da reconciliação.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*