Autor: Glênio Fonseca Paranaguá
Darrel Bridges disse que: Avivamento não é tampa explodindo, mas fundo caindo. Não é trovoada nem terremoto, mas a Palavra santa de Deus falada na suavidade da brisa, para produzir a verdadeira vida. E. Baker mostra que um avivamento pode produzir barulho, mas não é nisso que ele consiste. O fator essencial é a obediência de todo o coração.
Muitas pessoas se impressionam com os movimentos agitados e pensam que aí está a vida de Deus. Animação nunca significou que isto representa a operação do Espírito Santo. É verdade que as pessoas motivadas pelo Espírito de Deus são entusiasmadas e vigorosas. Há um estímulo encantador no progresso da vida cristã genuína. Mas, não podemos misturar animação com avivamento.
No avivamento não é a alma que está no comando. O velho homem é motivado por sua alma, por isso, ele fica animado ou mesmo desanimado, dependendo dos estímulos. Mas o novo homem é acionado pela vida do Espírito de Deus no seu espírito vivificado. Deus, por meio de Jesus Cristo, justifica os pecadores, perdoando-lhes os seus pecados, e pela graça os regenera, dando-lhes vida em seu espírito.
A nova criatura, gerada pela graça de Deus, mediante a ressurreição de Jesus Cristo, ganha um espírito vivificado que passa a viver sob o comando do Espírito Santo. Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados. E estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos). Efésios 2:1e5. Deus nos vivifica em Cristo para vivermos a vida avivada pela graça. Avivamento é pois, a vida de Cristo dada a nós, depois de termos perdido a nossa vida na cruz, juntamente com Ele. Se um morreu por todos, logo todos morreram, e Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. 2 Coríntios 5:14b-15. Mortos para o pecado em Cristo, ganhamos a vida no espírito.
O avivamento bíblico é o esvaziamento da vida animada da alma rebelde, na cruz com Cristo, e a doação da vida inspirada pela graça, na ressurreição de Cristo. Neste ponto todos os regenerados passam a viver pela suficiência do poder vivificador do Espírito Santo. E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita. Romanos 8:11. A presença do Espírito de Deus em nosso espírito nos capacita a viver a vida de Filhos de Deus. É nisto que consiste o avivamento da Bíblia. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Romanos 8:14e16. O avivamento sustentado pelas Escrituras não é um mero movimento de bonecos animados ou a energia das almas ativadas, mas a vida santa de Deus concedida pela graça de Cristo no poder do Espírito Santo.
Edwin Orr disse que a melhor definição de avivamento é “tempos de refrigério… na presença de Senhor.” Muitos confundem tempos de refrigério com tempos de refrigerante. Isto quer dizer: Tempos de boa vida. É assim que alguns interpretam o sentido do avivamento. É viver uma vida isenta de tribulações e com o maior progresso material. Mas avivamento no conceito bíblico não apela para esta idéia esquisita. Quando Deus opera no seio do seu povo de um modo real, este povo se levanta para enfrentar as circunstâncias mais adversas, pois, agora que ficou cheio da vida de Cristo está capacitado para desenvolver a missão de Cristo na terra. Assim, quando o Senhor aviva a sua Igreja ela se torna operante sem ser ativista; vigorosa sem ser meramente animada; sonora sem ser barulhenta; piedosa sem ostentação, vivendo os tempos de refrigério, sem o menor comodismo. Uma igreja avivada pelo poder do Espírito Santo de Deus, vive a suficiência da vida de Cristo no temor do Senhor e na singeleza de coração, sem qualquer preocupação com o rufar dos tambores ou o mover das águas. Deste modo, o avivamento não é uma invenção terrena; é uma criação celestial.
O pecado separa Deus do homem e gera a morte. No avivamento, Deus salva o ser humano, para depois vir habitar no seu ser. No pecado, temos o homem tentando viver sob o regime da morte. No avivamento, Deus liberta o homem do pecado e vem viver a sua vida no coração humano. Avivamento é tão somente Deus vivendo a sua vida santa em pessoas que foram justificadas pelo sacrifício de Cristo e que se encontram regeneradas pela vida de Cristo. Todo avivamento que já aconteceu no mundo ou que ainda está acontecendo se baseia fundamentalmente no caráter da santidade de uma vida perfeitamente santa. A ênfase do real avivamento é o caráter de Cristo na vida do cristão e não o carisma cristão tentando provar ser a vida de Cristo.
Muita gente confunde caráter de Cristo com carisma. Confunde o perfil moral com os dons. O caráter fala daquilo que o homem é no escuro, quando ninguém o vê. O carisma ou dom prefere as luzes e a platéia. No avivamento de Deus há caráter e carisma, mas o caráter sempre precede o carisma. A árvore antecede ao fruto. O carisma sem caráter é o fruto sem a árvore. É plástico e sem vida.
Deus aviva dando a vida de Cristo, e esta vida santa produz frutos de santidade e feitos santos no poder e comando do Espírito Santo. A vida de Cristo é o caráter. A ação do Espírito é o carisma. Todo aquele que foi salvo pela graça e goza da realidade viva de Cristo, também pode ser instrumentalizado pelo Espírito Santo, manifestando os dons da graça. Não se deve misturar as virtudes e poderes da alma com os dons do Espírito Santo. A alma consegue produzir feitos notáveis por meio de seus poderes latentes. Os magos no Egito faziam muitas coisas semelhantes ao poder de Deus que operava em Moisés. Por isso não se deve identificar os poderes da alma com os dons do Espírito Santo. Assim, é preciso separar o falso do verdadeiro. E o caráter é ainda a mais eficiente prova. Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados. 2 Coríntios 13:5.
Se Cristo habita em nossos corações, a sua vida em nós transparece na qualidade moral que marca as impressões da santidade. Só uma vida santa age nos padrões da verdadeira e pura santidade. Não há máscaras nem manipulações. Todos os dons de Cristo são como Ele mesmo: espirituais e celestiais. Só quem experimentou o nascimento espiritual pode ter os dons celestiais. Ninguém pode ter os dons do Espírito sem ter o próprio Espírito. Ninguém pode ter o Espírito sem ter a vida de Cristo. Ninguém pode ter a vida de Cristo sem ter morrido com Cristo. Ninguém pode ter morrido com Cristo sem ter sido atraído por Ele. Foi por este motivo que Jesus Cristo nos atraiu quando foi levantado na cruz, a fim de nos fazer morrer juntamente com Ele, e deste modo, ganhamos a sua vida santa na ressurreição, para que o Espírito Santo viesse habitar em nossos corações.
Com toda certeza o Espírito Santo não habita numa pessoa que não tenha sido regenerada. O Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque Ele habita convosco, e estará em vós. João 14:17. O Espírito Santo habita nas pessoas que foram crucificadas com Cristo e que receberam a vida de Cristo em seus corações. Ele é o Espírito Santo que só habita nos santos que foram santificados em Cristo Jesus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Romanos 8:9.
Se alguém apresenta manifestações de poder e não demonstra o caráter da santidade de Cristo, podemos dizer com segurança que não se trata dos dons do Espírito. O fruto do Espírito não é emocionalismo nem ortodoxia. É caráter. E os dons do Espírito nada tem a ver com a projeção de ministérios ou a confirmação do sucesso. O Espírito Santo vem habitar nos corações regenerados a fim de realizar a missão de Cristo delegada pelo Senhor.
Antes de mandar a igreja para o mundo, Cristo mandou o Espírito para a igreja com a finalidade de capacitá-la com o seu poder, para o desempenho de sua missão principal: Pregar o Evangelho.
O autor é pastor da Primeira Igreja Batista em Londrina-PR.
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