Autoridade para ministrar

Autor: Paulo Macedo
Nas nossas igrejas, e em nossas cidades, existem todos os tipos de Ministérios Musicais. Também incluo a dança nesse âmbito de Louvor e Adoração. Observando algumas características, podemos classificar esses Ministérios em três níveis.

O primeiro deles, são aqueles Ministérios que quando ministram, a presença do Senhor vem de forma inconfundível, a nuvem da glória de Deus, o Shekiná, se estabelece no local, e o poder e a unção contagiam todos os presentes, vidas são libertas, corações são quebrantados e restaurados, pessoas se arrependem de pecados e são salvas, enfermidades são curadas. Aí é poder, fogo do Espírito e avivamento de Deus para o seu povo.

Já no segundo tipo, até existe um mover de Deus, onde acontecem alguns milagres, o Espírito opera, pessoas se quebrantam, mas não é uma manifestação de poder tão forte como sabemos que o louvor deve trazer quando ministrado a Deus.

E o terceiro é um Ministério “Musical”, onde se tocam músicas bonitas e de qualidade ou as vezes nem tão boas assim, e as pessoas assistem, até cantam, e vão embora para casa satisfeitas ou não, dependendo da qualidade do “show” ministrado.

Todos esses ministérios existem em nossas igrejas e em nossas cidades, em maior ou menor número, mas existem e são operantes.

A dúvida que eu tinha em meu coração era porque acontece isso, por que essa disparidade entre ministrações de poder e ministrações totalmente musicais, sem manifestação do Espírito, sem poder. Estudei e através de inúmeras situações e pregações que ouvi, pude chegar a uma conclusão e uma resposta de Deus.

Quero mostrar através desse estudo que não é o que conhecemos como pecado o único responsável pela falta de poder, existem outras causas que muitas vezes se passam despercebidas.

Ministérios sem poder

Hb12:14 “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá a Deus.”/ I Pe 1:16 “pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.”

Muitos ministérios não tem nenhum poder e nenhuma autoridade espiritual simplesmente porque seus integrantes não vivem em santidade. Não existe uma preocupação com a parte espiritual – que é a mais importante de todas.

Em muitos casos existe nestes ministérios uma preocupação excessiva com o lado técnico, com a qualidade dos arranjos, com a musicalidade, e não sobra tempo para se preocupar em orar, em buscar, em se humilhar, se quebrantar e principalmente, se encher do Espírito.

Um princípio importantíssimo que podemos aplicar aí é aquele de que “um saco vazio não para em pé”: não tem como ministrar o que você não recebeu, não tem como ministrar poder se você não recebeu poder, não existe possibilidade de ministrar conversão se você não for convertido. Precisamos nos encher do Espírito, precisamos buscar o conhecimento de Deus e de seus propósitos e precisamos buscar experiências cada vez mais profundas com Deus, fortalecendo a nossa intimidade com o Espírito Santo.

Pastores e líderes, só admitam em suas igrejas, Levitas que antes de mais nada, tenham um compromisso com Deus de viver em santidade, que sejam humildes, sinceros e que tenham uma vida de busca e coração tratável. Essas são as características de um homem que pode ser moldado por Deus e ser usado como um instrumento de benção para a congregação.

Em outros ministérios, a qualidade técnica não existe e o problema é pecado mesmo. E com esse mal não se negocia, ele precisa ser tratado, curado, extirpado – lembrando que um pouco de fermento leveda toda a massa (Gl 5:9).

O que deve ficar de lição para esse tipo de ministério é que se seus integrantes não podem adentrar à presença de Deus por não estarem em santidade e não estarem em comunhão com o Espírito Santo.

Deus tem princípios inegociáveis, e pela sua santidade, Ele exige santidade das pessoas que se chegam a Ele. Se os levitas não estão vivendo este princípio, a unção não vem e a ministração se torna um bom espetáculo, dependendo da qualidade técnica dos músicos, cantores e dançarinos. Isso é uma tristeza, pois sem a unção de Deus, sem o derramar do Espírito e sem a aceitação por parte de Deus de nosso louvor, não existe o menor sentido de estarem ali.

Lembro da parábola das dez virgens em Mateus 25 (recomendo a leitura). O que aconteceu com as virgens insensatas? Elas deixaram acabar o óleo e por isso foram deixadas para fora das bôdas. O óleo representa o Espírito Santo, e quantos ministérios simplesmente deixaram acabar o óleo e suas lâmpadas se apagaram? Ainda há tempo, se apressem em encher as lâmpadas com o óleo puro do Espírito Santo, e transbordem do Espírito, pois a meia noite está chegando.

Ministérios em que Deus opera

Nesses ministérios, já existe um compromisso com Deus, e seus integrantes têm uma vida de santificação e busca da presença de Deus. Têm uma vida de quebrantamento e unção, e existe um operar de Deus através da ministração. Existe liberação de poder, derramar de unção, quebrantamento, libertação e conversão.

Em Marcos 16:17 diz assim: “E estes sinais hão de seguir aos que crerem: Em meu nome expulsarão demônios, falarão novas línguas, pegarão em serpentes, e quando beberem alguma coisa mortífera não lhes fará mal algum, imporão as mãos sobre enfermos, e os curarão.” Como a palavra diz, os sinais hão de seguir os que crerem, mas crerem e buscarem com sinceridade. Assim sendo, num ministério cujos integrantes estejam aos pés do Senhor, são humildes, sinceros e vivem em santidade, o louvor ministrado vai atingir o trono de Deus e Ele vai aceitar e responder com a sua unção, derramando bênçãos sobre o povo.

Só que existe um “porém”. Este tipo de ministério, às vezes, é marcado por uma característica que infelizmente ainda é muito comum em nossas igrejas. Seus integrantes dizem bem assim: “A minha forma de pregar a palavra, e ganhar almas, é através da música.” Desta forma, geralmente desprezam a pregação pessoal e outros meios de evangelização. Se acham no direito de não pregar a Palavra para seus vizinhos, para seus colegas de escola, amigos familiares – pois ele só ganha almas “através da música”.

Na verdade é muito difícil mensurar as almas alcançadas por um ministério musical, elas com certeza existem, e em grandes quantidades. Mas nosso papel não pode ser apenas ganhá-las, mas também, discipulá-las. Então, a falha nessa classe de ministérios é o fato de seus integrantes se eximirem da responsabilidade do evangelismo pessoal e do discipulado. Mateus 28:19 diz “Portanto ide e fazei discípulos de todos os povos…” Jesus nos mandou ir e fazer discípulos, e antes de falar o texto de Marcos 16:17, Ele disse ide e pregai o evangelho a toda a criatura. Jesus não falou: Ide e tocai louvores em toda a terra. Nem disse: Em meu nome farei shows para grandes multidões. Não! Ele mandou anunciar o evangelho e fazer discípulos, essa foi a ordem de Deus, e o que acontece, é que muitas vezes fazemos de tudo na igreja, marcamos milhares de ensaios, e não sobra tempo de fazer apenas o que Jesus mandou: ganhar as almas.

Devemos nos responsabilizar em ser testemunho e pregar para as pessoas que estão a nossa volta, sendo missionários em nossas ruas, escola, serviço, e lugares por onde passamos. Assim estaremos obedecendo a ordem de Jesus e com isso nosso ministério fortalecido.

Ministérios que Deus usa

João 15:16: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo em que em meu nome pedirdes ao Pai, ele vos conceda.”

Este é m ministério que chega diante de Deus e ministra louvores com autoridade. Quando os músicos elevam seus instrumentos e suas vozes, a manifestação do Espírito se torna visual, o reino espiritual é abalado com os louvores, muitas pessoas são tocadas, quebrantadas, outras curadas, outras libertas, espíritos malignos são expelidos – semelhantemente quando Davi ministrava a Saul -, vidas se convertem e são restauradas e pessoas são salvas.

Confesso que muitas vezes pensei muito sobre a diferença desses ministérios. Porque outros ministérios mesmo em santidade e pureza de propósito não têm o mesmo êxito? Qual a diferença entre eles? Por que a diferença tão grande de autoridade?

Essas perguntas martelaram a minha cabeça por algum tempo e as reduzi à uma única: o que confere autoridade para ministrar?

Comecei a observar vários pastores, de várias denominações, e em suas pregações percebi diferença na autoridade de pregar a palavra.

Os pastores que ganhavam mais almas, que discipulavam e influenciavam mais pessoas, tinham mais autoridade que os outros.

Também já percebi evangelistas que têm muita autoridade na ministração da Palavra. E percebi também que a vida dessas pessoas era de muito testemunho e busca pessoal.

Concluí, com tudo isso, que a autoridade espiritual é reflexo primeiro de uma vida reta diante de Deus e de busca constante de comunhão e intimidade, e está intimamente ligada ao ganhar almas e discipular – Cumprindo assim o mandamento de Jesus de “Ide e fazei discípulos de todas as nações”.

Analisando um dos atributos de Deus, a sua justiça, nós sabemos que quem trabalhar mais para Deus, ganhando mais almas, receberá maior galardão. Fazendo uma analogia, essa pessoa também recebe mais autoridade para falar em nome de Jesus, já que verdadeiramente segue os passos de Cristo, cumprindo a grande comissão. E sabemos que a palavra ministrada usando o nome de Jesus tem poder, já que o próprio Jesus é o verbo vivo de Deus (João 1).

Assim sendo, a diferença entre um ministério em que Deus opera, e o ministério que Deus usa, são os frutos individuais que seus integrantes dão. Quando mais frutos, mais autoridade em ministrar.

Creio que todos sonham com um ministério usado por Deus, então ainda há tempo de entrarmos em seus propósitos e buscarmos santidade de vida, compromisso, e ganharmos as almas para honra e glória de Jesus, e assim fazer de nossos ministérios, manifestação de poder e derramar de unção, sendo uma fonte de avivamento para todos os povos, para honra e gloria de Jesus. Amém.

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