Águas de sangue, dilúvio de violência

Autor: Renata Balarini Coelho
Há vários anos, a expressão “onda de violência” passou a ser utilizada por jornalistas e apresentadores televisivos a fim de referir-se ao número crescente de crimes cometidos nas grandes cidades. Desde então, tornou-se corriqueira em qualquer conversa de elevador. Tal fato nos faz pensar que o que acreditaram ser apenas uma torrente passageira de brutalidade e destruição transformou-se em uma inundação incontrolável que nos lembra o trágico dilúvio bíblico dos tempos de Noé.

Segundo a Bíblia Sagrada, Deus ordenou que as águas inundassem a terra ao vê-la corrompida e cheia de violência. A perversidade do homem havia aumentado a ponto de todos os seus pensamentos e inclinações estarem voltados para o mal. Toda a humanidade havia-se desviado, e, diante disto, o Senhor não viu outra solução senão exterminá-la, poupando apenas um casal de cada espécie de ser vivo e a família do patriarca Noé, homem justo e íntegro, que verdadeiramente andou com Deus.

Após tal catástrofe, Deus estabeleceu uma aliança com Noé, seus futuros descendentes e todos os seres vivos que estavam com ele. Todo homem e animal que estava sob a autoridade e os cuidados de Noé foi abençoado por Deus. De acordo com esta aliança, o Senhor se comprometeu a nunca mais destruir a terra pelas águas de um dilúvio.

No entanto, o homem voltou a inclinar-se para o mal e praticar toda sorte de perversidade abominável aos olhos do Criador. Destituído de gratidão e temor, o ser humano passou a viver de acordo com seus próprios desígnios e conveniências. A violência voltou a encher a terra, e a vida perdeu o valor. A tendência humana à brutalidade culmina nos dias de hoje. Nunca foram tão freqüentes crimes acontecidos dentro do próprio lar: pais matam filhos, filhos assassinam pais e avós, e familiares tornam-se apenas obstáculos que devem ser destruídos.

Ao sair de casa, o caos entra na escola, no trabalho e anda pelas ruas, parques e metrôs – a violência deixou de fazer acepção de idade, raça, posição social e lugar: qualquer vida pode ser ceifada durante um curto passeio ou uma volta de carro. Inconformados, os sobreviventes choram, revoltam-se, utilizam todos os recursos de que dispõem para se proteger e, por fim, entregam-se à sorte. Afinal de contas, para que nadar contra a correnteza?

Enquanto Deus espera que Seu nome seja invocado para entrar em ação, as pessoas preferem acionar a polícia e o corpo de bombeiros. Deus parece tão ineficaz… Parece mais fácil conformar-se com as perdas e passar o resto da vida no divã do terapeuta do que pisar o orgulho e reconhecer que o homem necessita da proteção do Senhor, pois, infelizmente, o dilúvio de violência que enche a face da terra é um dos sinais mais claros do fim dos tempos.

O fato é que, até a vinda do Senhor Jesus, não serão mais as águas, mas a própria maldade do homem que exterminará a vida. O dilúvio de perversidade continuará a cobrir a nação com ondas de guerras, terremotos, assassinatos, traições e ódio. Porém, temos a certeza de que o mesmo Deus que poupou e abençoou toda criatura que estava sob os cuidados de Noé preservará toda vida que se colocar sob Sua autoridade majestosa. E aquele que perseverar até o fim será salvo (Mc 13.13)!

*Renata Balarini Coelho é bacharel em Letras, presta serviços de tradução e revisão para diversas editoras evangélicas e é pastora da Igreja Casa de Oração Vivendo em Cristo, em São Paulo. E-mail: rbalarini@yahoo.com.

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