Autor: Raniere Menezes
Não, o título não está errado. Este sentimento de independência e autonomia é tão antigo quanto os portões do Éden. A escalada em direção ao céu é uma velha ambição. Após a Queda o objetivo da natureza humana caída é destronar Deus. Reina no coração da humanidade as palavras do poeta que disse: “chega de deuses! Chega de deuses! O homem é rei, o homem é Deus!”.
As palavras de Rimband, poeta francês do século 19, expressam tão somente o sentimento do homem natural. Não se trata de um poeta mais audacioso do que outros, ele simplesmente é mais sincero e ingênuo. Todo sentimento que exalta o homem, necessariamente, retira Deus do centro.
As pessoas em sua rebeldia e religiosidade doentia; cheias de auto-suficiência, crêem que Deus está sempre à sua disposição. Deus é responsabilizado por ser o Criador, e deve cair de joelhos diante da arrogância humana. Afinal, Ele é responsável! Pensam. Isto parece estranho? Pois é a essência da teologia arminiana.
Lutero dizia ao humanista Erasmo: “deixe Deus ser Deus”. Os arminianos falam implicitamente para nós: “deixe o homem ser Deus” – esta é a idéia central do livre-arbítrio. Biblicamente, há uma tensão entre a soberana graça de Deus e a responsabilidade humana. Mas, hoje esta ordem está invertida. A Carta aos Romanos do capítulo 9 ao 11, não faz mais sentido. Hoje a soberania é do homem e a responsabilidade é de Deus!
O curioso é que o arminianismo afirma que a “predestinação” existe, é bíblica, mas é baseada na “presciência” de Deus (uma espécie de conhecimento prévio; antecipado). Esta falácia implica em dizer que, Deus elege, mas somente aqueles indivíduos que Ele sabia (pré-conhecia) que um dia iriam ACEITÁ-LO. Este argumento “sofisticado” consegue (ou tenta conseguir) encaixar a escolha humana (a decisão) na salvação, e, conseqüentemente “força” Deus a escolher quem O aceita. Isto é um aborto de Pelágio!
A pergunta mais central do universo decaído é: “…mas, e o livre-arbítrio?”. Cegos não entendem que o suposto livre-arbítrio não pode realizar a salvação de ninguém. Mas, o homem insiste em ser soberano e livre em todas as decisões espirituais. Um Deus que escolhe uns e rejeita outros é um “Deus injusto” na perspectiva arminiana. Porém, afirmamos que Deus não se submete ao tribunal de ninguém para ser julgado.
Lutero, com o seu jeito todo especial de articular palavras duras disse: “como se a Majestade, que é o Criador de todas as coisas, tivesse de se curvar a uma das escórias de Sua criação”. É isso, irmãos, Deus não se submete ao tribunal da “justiça humana”. Deus não está obrigado a salvar toda a humanidade! Se existisse algum tipo de obrigação imposta ao Criador seria a de mandar toda a raça humana para o inferno, mas por Sua graça soberana e livre vontade, Ele escolheu alguns – antes da fundação do mundo. A soberania não é do homem. Quem tentar enxergar mais do que isso ficará ofuscado pela luz inacessível de Deus. “A resposta do enigma da predestinação encontra-se no caráter oculto de Deus, por trás e além de Sua revelação”. (Timothy George).
Faça um comentário