A pós-modernidade e o pluralismo religioso

Autor: David Pereira
Entende-se pós-modernidade como um conjunto vagamente de tendências e perspectivas de vários campos culturais e acadêmicos que tem em comum a oposição a Modernidade. Segundo Stanley Grenz em seu livro sobre Pós-modernidade, as pessoas não estão mais convencidas de que o conhecimento é inerentemente bom. O pós-modernismo evita o mito iluminista do progresso inevitável, substituindo o otimismo do último século por um pessimismo corrosivo. Já não há mais crença, segundo o autor, de que estamos melhorando cada vez mais. A vida é frágil e o ser humano não será capaz de resolver os grandes conflitos da humanidade. Precisamos adotar uma atitude de cooperação muito mais do que de conquista numa perspectiva da tendência global. Ainda sobre a pós-modernidade, esta tende a recusar a verdade exata, puramente racional.

Surfando nos mares da pós-modernidade pegamos a onda do pluralismo religioso e faço referencia a um autor chamado Peter Berger que trata do assunto. Segundo ele o “pluralismo religioso por sua vez caracteriza-se por uma sociedade onde as ordens de valores e as reservas de sentido não são mais propriedade comum de todos os membros da sociedade. O indivíduo cresce em um mundo onde não há mais valores comuns, que determinam o agir nas diferentes áreas da vida, nem uma realidade única, idêntica para todos. Ele é incorporado pela comunidade de vida em que cresce num sistema supra-ordenado de sentido.
As religiões são sem dúvida a forma mais significativa de um padrão abrangente, rico em conteúdos e esquematicamente estruturado de experiência e valores”.

Estes conceitos precisam ser entendidos visando uma melhor compreensão das tendências e idéias de nosso tempo. O cristianismo trata de verdades e valores tidos como absolutos e invariáveis. Conceitos que já passam dos 2000 anos.

Observamos que uma das características de nosso tempo é exatamente se contrapor a todo e qualquer tipo de uniformidade ideológica de qualquer natureza. Há um mergulho profundo no campo religioso que se torna cada vez mais o campo da pluralidade de crenças e práticas, o que numa perspectiva jurídica é perfeitamente legítima, uma vez garantido o direito de escolha e liberdade de culto de cada pessoa e/ou grupo religioso.

Não se pode contrariar pessoas e nem agredi-las pela escolha de crença, filosofia ou idéias. As pessoas são livres e não devem ser coagidas em nada.

O cristianismo apresenta a verdade eterna encontrada na pessoa de Cristo o filho do Deus vivo, para todo aquele que nele crê encontre a liberdade e o sentido. Ser cristão é acima de tudo uma questão de fé e não de intelectualidade. Na perspectiva cristã a “fé é o firme fundamento e a certeza das coisas que não se vêem”. A fé cristã não depende de conhecimento científico e nem de provas para que se mantenha viva. Pelo contrário, a fé remove montanhas e vai além de dogmas, ortodoxias e práticas que aprisionam mais o ser humano do que libertá-lo de seu pesado fardo e do estresse sintomático de nossa época.

Nós crentes e discípulos de Jesus aceitamos e caminhamos ao lado da ciência. Postulamos alguns conceitos filosóficos. Entendemos a trajetória da humanidade como humanidade caída. Sofremos as dores da alma como também de nosso afastamento de Deus. Respeitamos toda e qualquer forma de crença, “trânsito religioso”, “religião do self”, ‘turismo religioso’ ou outra nomenclatura possível ao espírito deste artigo. Nossa luta não é corporal e nem ideológica, mas contra toda sorte de mal e trevas que destroem mentes e corações de pessoas criadas a imagem e semelhança de Deus. É inegável que a humanidade passa por um estado de declínio espiritual. O cristianismo verdadeiro é o da “Graça de Deus”. Não é o cristianismo do abandono, nem do ritualismo frio e vazio, ou do farisaísmo legalista. Não é da condenação e julgamento, mas da “graça de Deus que se manifesta salvadora a todas as pessoas que crêem.

Concluo este artigo com uma frase que li a poucos dias: “ Agir por amor é melhor do que agir pela lógica morta do raciocínio”. Como precisamos disso.

O cristão age pelo amor divino como o divino age com/e por amor a ele. Não deixemos a história de nosso tempo presente de lado. Não vivamos alienados e despreparados para responder a razão de nossa fé. Não temamos a ciência e nem a pluralidade como alguns temem, mas vivamos no tempo presente, sábia, justa e piedosamente, crendo naquele que é, que era e que há de vir, o santo, o todo poderoso, o filho de Deus, o Jesus encarnado que nos ensinou o que é o amar e nos ensinou a viver.

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