Estive em Arujá, lecionando num programa conjunto da Faculdade Unida e da FLAM. Foi ótimo voltar ao “acampamento” do Jovens da Verdade e rever um local onde trabalhei no início de meu ministério e retomar o trabalho conjunto com Jaziel e Ivone (além de um monte de gente que trabalha lá). Se vc não acredita em “milagres”, passe por lá. Pena que não há vídeos do JV nos anos 70 e 80 para vc poder comparar!
Passar dois dias lá, respirando ar puro, fora do calor de Vitória, conhecendo novos colegas, semeando novas (ou velhas) “heresias” entre a estudantada (que já é gente formada!), me deu a oportunidade de pensar sobre um tópico da Teologia da Missão Integral.
A TMI nasceu como uma bandeira de protesto e resistência contra a prática reducionista da missão pelas igrejas norte-americanas, em especial, e norte-atlânticas em geral – juntamente com suas “filhas” ou “filiais” abaixo da linha do equador. O ano de nascimento pode ser reconhecido como o de 1970, ano da fundação da Fraternidade Teológica Latinoamericana (assim, em espanhol, para lembrar que se nós brasileiros fazemos parte da América Latina, somos uma parte diferente, tanto pelo tamanho quanto pelo idioma).
Daquele ano até hoje, a TMI deu voltas pelo continetente americano e pelos demais continentes e se tornou uma teologia multi-continental. É claro que isso nos alegra, mas também começa a trazer preocupações, pois temos de tomar cuidado com pelo menos duas coisas: (a) achar que só quem afirma a TMI pratica a integralidade da missão – René Padilla, mais de uma vez, lembrou a turma da TMI de que tem muita gente fazendo missão integral sem nem saber o que é a TMI; (b) achar que quem proclama o nome “Missão Integral” pratica, de fato, a integralidade da missão. TMI pode – e eu considero que já está se tornando em alguns lugares – se tornar mera ortodoxia morta, usada apenas para legitimar práticas reducionistas de missão.
Quatro décadas de TMI! A principal lição que eu aprendi: o que importa não é a TMI, mas a prática da missão na sua integralidade e integridade. Integralidade que é sempre um desafio, uma convocação, uma tarefa – posto que nossos conhecimentos e práticas são sempre contextuais, parciais, limitados. Integridade que é, sempre também, uma tarefa, um desafio, uma abertura de nossa parte ao Espírito de Deus que nos torna íntegros, santos, eticamente “testemunhas” do Evangelho na sua plenitude.
Integr(al)idade da ação missionária e do pensamento teológico – essa é a grande lição da TMI, que deve ressoar mesmo quando o “prazo de validade” da TMI tiver se esgotado.
Autor: Júlio P. T. Zabatiero
Para ler outros artigos do autor visite seu blog: http://teologiafraterna.blogspot.com/
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