A faxina na igreja

Autor: Antonio Carlos Barro
Que a igreja é um mistério todos nós já sabemos desde quando o Apóstolo Paulo escreveu as famosas linhas: “Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja” (Ef 5.32). Veja que Paulo estava referindo-se ao mistério da união de Cristo com os seus seguidores e o quanto ele deu-se a si mesmo em favor do seu povo que se chama igreja. Como explicar tamanha bondade de Cristo em sacrificar-se em favor da Igreja?
Quando Cristo pensou na formação dessa igreja, ela a envisionou como um rebanho, uma família, um corpo, um povo, uma comunidade, uma assembléia, um ajuntamento. O modelo de convivência entre as pessoas chamadas discípulos seria o próprio Cristo. Ele é o primogênito, o primeiro entre todos de sua família. Assim seria interessante olharmos para ele e relembramos algumas de suas características. Ele foi manso e humilde. Foi cordial com as pessoas, foi sincero e honesto. Solidário com os que sofriam e eram maltratados. Ajudou os fracos e curou os enfermos. Deu novas oportunidades a quem estava perdido e desorientado. Foi amoroso, receptivo com os marginalizados. Essas são pequenas amostras do que Cristo foi enquanto esteve na Terra realizando seu ministério. Era assim que ele desejava que a sua igreja fosse. Sendo o fundador e sustentador da mesma, ele não podia conceber que os seus seguidores fossem diferente daquilo que ele foi.
Que lástima olharmos para muitas comunidades nos dias atuais. Algumas são completamente diferentes daquilo que Cristo foi. Temos comunidades intolerantes, inflexíveis, arrogantes e detentoras da verdade. A tendência ao exclusivismo é muito forte – crêem alguns que são melhores do que os outros membros da família de Deus. Deliberadamente afastam-se do convívio com os outros e pregam uma ruptura em relação aos “irmãos” pecadores. Promove-se uma faxina espiritual (da mesma forma que se promove a faxina étnica em alguns países). Vão eliminando sem nenhuma piedade os pecadores, os fracos, os que envergonharam a sã doutrina, os que promovem discórdias (para isso basta apenas não aceitar alguma coisa que os “santos” decidiram).
Não é de se admirar que as pessoas da sociedade têm grande apreço por Jesus e quase nenhum pela igreja. A razão se deve ao fato de que a igreja mesmo afirmando ser seguidora de Cristo não vive as qualidades daquele que proclama ser o seu mestre. As coisas não batem, não se encaixam. Uma igreja para ser chamada de igreja precisa ter a noção de que seu Mestre é chamado nas Escrituras de amigo dos pecadores. Cristo não foi e jamais será o faxineiro que as igrejas gostariam que ele fosse.

acbarro2@gmail.com

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