Muito se fala em mordomia no contexto bíblico, porém, não são poucos os que acreditam que a ação de ser mordomo tem a ver apenas com a doutrina do dízimo. Ser mordomo importa em fazer as coisas certas, servir, em todos os aspectos das interações humanas. Estudemos sobre o tema: A mordomia na preservação da natureza
Dito isso, entende-se que conservar a terra, como Deus a criou, é sim dever do servo de Deus.
A base bíblica para entender a importância da terra para Deus está em Salmos 24: 1, que diz: “Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” e também em Salmos 65:9 : “Tu visitas a terra, e a refrescas; tu a enriqueces grandemente com o rio de Deus, que está cheio de água; tu lhe preparas o trigo, quando assim a tens preparada”.
Sabendo que tudo pertence a Deus, inclusive a terra, o homem tem a missão divina de cuidar bem dela. No episódio da criação fica clara a responsabilidade em zelar pela terra. Veja Gênesis 2:15: “E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar”.
Este estudo convida o cristão a entender qual é o seu papel frente ao desafio de preservar a terra e garantir a sobrevivência das futuras gerações.
Somos passageiros na terra
Como bem alerta a palavra de Deus a vida do homem na terra é curta e passa voando… Salmos 90:10 diz: “Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando”.
Desde a criação a terra vem provendo aos seus habitantes todos os recursos necessários para sua subsistência e desenvolvimento (homem). Boa parte desses recursos são renováveis, mas necessitam de condições climáticas e equilíbrio ecológico para o seu desenvolvimento.
Os animais irracionais e seres vivos, exceto o homem, conseguem explorar a terra sem desgastá-la.
Até a Revolução Industrial, iniciada em meados do século dezoito, onde a capacidade de exploração era baixa, devido à pouca tecnologia disponível, os recursos eram mais que suficientes para atender a população humana.
Com o desenvolvimento tecnológico, novas ferramentas foram inventadas e modernos métodos de trabalho implementados.
Pelo lado da qualidade da vida humana a tecnologia é positiva, não há dúvida a esse respeito. Porém, quanto a exploração dos recursos naturais, é perversa, pois acelera tremendamente o processo de exploração de recursos naturais.
O homem é muito bom em explorar, mas ineficiente para lidar com os rejeitos gerados pelo consumo. A forma como o lixo é descartado é um exemplo de ação que leva à degradação do planeta!
Saiu na revista Galileu de 22/03/2018: “Com 1,6 milhão de metros quadrados de detritos e 79 mil toneladas de plástico, Grande Mancha de Lixo do Pacífico tem tamanho equivalente a duas vezes a área da França”.
Como diria o âncora Boris Casoy no notório telejornal: Isso é uma vergonha!
As necessidades humanas seguem a lógica consumista: mais comodidade, diversão e conforto. Os cristãos têm a obrigação de trabalhar para reverter ciclo vicioso, pois consumismo nada mais é do que o pecado da ganância.
Tito 1:11 condena isso: Aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância.
O homem nasce sem nada e não levará coisa alguma desta vida! É preciso incutir na mente que as gerações futuras não são estranhos. Serão filhos e netos desta geração!
Que planeta lhes será deixado? Onde está o amor ao próximo se dia-a-dia o planeta que Deus criou é destruído irresponsabilidade humana?
A cada móvel novo em casa é uma árvore que cai! A cada carro novo na garagem são mais rejeitos tóxicos em uma barragem! Para cada boi abatido um novo trecho de floresta é queimado e destruído!
E assim, o legado vai sendo corroído! Existe um provérbio indígena que resume bem a problemática do consumismo: “Quando a última árvore tiver caído, …quando o último rio tiver secado, …quando o último peixe for pescado, …vocês vão entender que dinheiro não se come!”
A Bíblia e a ecologia
Não espere encontrar na Palavra de Deus muitos textos que dizem explicitamente que o servo deve preservar a natureza, porém, em alguns contextos, como os já abordados acima, pode-se depreender que a natureza é preciosa e deve ser preservada.
Note-se em Deuteronômio 20.19 que a Bíblia cita uma situação de guerra, mas induz os contendores a cuidar da floresta: “Quando sitiares uma cidade por muitos dias, pelejando contra ela para a tomar, não destruirás o seu arvoredo, colocando nele o machado, porque dele comerás; pois que não o cortarás (pois o arvoredo do campo é mantimento para o homem), para empregar no cerco.”
Mesmo que haja crises a sua volta e dificuldades em alcançar objetivos a Palavra não o exime de preocupar-se com a preservação, pois como diz o final do versículo dependemos da natureza para nossa subsistência no planeta.
O texto de Jó 12:7-10 esclarece a como deve ser o relacionamento do servo com a natureza: “Pergunte aos animais, e eles lhe ensinarão; pergunte às aves do céu, e elas lhe dirão. Fale com a terra, e ela o instruirá; deixe que os peixes do mar o informem. Pois todos eles sabem que meu sofrimento veio da mão do Senhor. Em suas mãos está a vida de todas as criaturas e o fôlego de toda a humanidade”.
Ciente dessa verdade, a pergunta que não quer calar é: como está o seu relacionamento com a natureza?
Em Salmos 104:10-13 fica fácil entender o cuidado de Deus com a terra, providenciando todas condições para o desenvolvimento da vida: “Fazes as fontes derramarem água nos vales, e os riachos correm entre os montes. Todos os animais bebem dessa água, e os jumentos selvagens matam a sede. As aves fazem ninhos junto aos riachos e cantam entre os ramos das árvores. De tua habitação celeste, envias chuva sobre os montes e enches a terra com o fruto do teu trabalho”.
O ensinamento bíblico fecha exaltando o Criador atribuindo-lhe toda a responsabilidade pela criação e manutenção do equilíbrio existencial dos seres vivos.
A máxima que se extrai desse texto é: Se foi Deus quem criou, só Ele pode destruir! A próxima passagem deixa claro que no juízo final aqueles que forem responsáveis pela destruição da terra serão punidos:
Apocalipse 11:18: “Iraram-se, na verdade, as nações; então veio a tua ira, e o tempo de serem julgados os mortos, e o tempo de dares recompensa aos teus servos, os profetas, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra.”
Quão dura é essa palavra para aqueles que no acerto de contas serão responsabilizados por degradar o meio ambiente. Triste situação é ser objeto da ira do Criador!
Conclusão
Um dos grandes paradoxos do ser humano, que está ligado à necessidade de estar em evidência, é fazer todo tipo de sacrifício para mostrar aquilo que a pessoa não é para quem nem conhece e que não ligam ela está viva ou morta!
Basta abrir qualquer rede social para entender a futilidade desse comportamento! A vida fútil também se reflete no cuidado com a natureza, onde os fins justificam qualquer ação, inclusive degradar o planeta.
O Cristão verdadeiro não deve se deixar enganar por esses engodos do inimigo, precisa estar atento à voz de Deus. O Pai deixou o manual completo de procedimento, a Bíblia, revelação de Sua vontade para a vida do servo.
O mordomo fiel, é aquele atento à voz de Deus, pois não se deixa levar pelos pecadores, conhece a Palavra e Nela medita em todo o tempo.
O Salmo 1 é o resumo desse ensinamento precioso: “Feliz é aquele que não segue o conselho dos perversos, não se detém no caminho dos pecadores, nem se junta à roda dos zombadores. Pelo contrário, tem prazer na lei do Senhor e nela medita dia e noite. Ele é como a árvore plantada à margem do rio, que dá seu fruto no tempo certo. Suas folhas nunca murcham, e ele prospera em tudo que faz. O mesmo não acontece com os perversos! São como palha levada pelo vento. Serão condenados quando vier o juízo; os pecadores não terão lugar entre os justos. Pois o Senhor guarda o caminho dos justos, mas o caminho dos perversos leva à destruição.”
Servo bom e fiel, na preservação do planeta, Deus conta contigo!
Faça um comentário