Autor: Antonio Carlos Barro
Tudo transcorria na mais perfeita normalidade naquele dia. De certo modo o povo já estava acostumado com os soldados romanos por perto, a miséria não era novidade para ninguém e até mesmo os líderes religiosos haviam se corrompido. Desse modo, cada pessoa foi cuidar dos seus afazeres. Quem tinha negócios a fazer, foi negociar; quem tinha que entregar um pão, foi fazer o pão; que tinha que ir estudar, foi estudar.
A única coisa que perturbava um pouco a atmosfera era a fluxo de gente de todos os lugares. Foi decretado um censo e ao invés do recenseador visitar as casas, as pessoas é que tinham de voltar aos seus lugares de origem para se cadastrar. Coisa dos romanos, não dava para entender.
Naquela noite, quando todos já estavam acomodados, um casal se desesperava em busca de um abrigo. Chegaram tarde da noite na cidade e não podiam imaginar que todos os hotéis e hospedagens estivessem cheios. A cada lugar que paravam para buscar um leito a resposta era a mesma: completamente ocupado. O problema maior era que a mulher estava grávida e já sentia os primeiros sinais de que a criança estava para nascer. O marido entrou em desespero. A situação era mesmo muito complicada. Ao ouvir os gemidos de dores da esposa, ele não teve alternativa a não ser recorrer a um velho galpão usado como estrebaria. Encontrou um canto, afofou a palha, cobrindo-a com panos, deitou sua esposa para que pudesse descansar um pouco.
Do outro lado da cidade, os pastores preparavam-se para dormir. Tinham tido um dia muito cansativo. Com tantos viajantes passando pelas estradas e com tantas vozes falando alto, as ovelhas tiveram um dia agitado e por isso, eles tiveram trabalho redobrado no cuidado das mesmas. Agora elas repousavam tranqüilas e eles deveriam fazer o mesmo.
Um pequeno grupo de viajantes, também cansados de uma longa viagem se aproximava do final da jornada. Além de cansados, estavam tensos. Não sabiam direito por onde deveriam ir agora. Por muito tempo haviam seguido uma estrela até com certa facilidade, mas agora já perto da cidade, com ruas, casas e ainda gente nas ruas, estavam confusos. Será que achariam o lugar que estavam procurando?
No palácio, o rei Herodes depois de mais um banquete regado com os melhores vinhos, recolheu-se aos seus aposentos para dormir. Os escravos ajudaram-no nos preparativos para o repouso. Todavia, ele não conseguia dormir. Estava agitado, sentindo o peito angustiado, temia que alguma coisa grave estivesse para acontecer. Não sabia o que era, mas algo bom não deveria ser. Esse pressentimento ele nunca tivera tido antes.
Do outro lado do mundo, no distante céu, os anjos estavam alvoroçados. Sentiam no ar que alguma coisa extraordinária estava se passando. Já haviam presenciado muita coisa sobrenatural, mas dessa vez alguma coisa muito, mas muito estranha estava para acontecer. O ar estava carregado de expectativa. Ninguém sabia explicar aquele sentimento que invadia as regiões celestes.
A conspiração divina estava armada.
Os anjos foram chamados por Deus. Deveriam ir a Terra e anunciar aos pastores que naquela estrebaria estava nascendo o Rei dos Reis. Num piscar de olhos eles se apresentam aos pastores e anunciam a nova mais esperada de toda a historia da humanidade: “… nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor”.
Atônitos, correm para confirmar a notícia. São os primeiros a colocar os olhos no infante. Enquanto isso os homens que seguem a estrela erram de endereço e vão bater às portas do palácio. Herodes descobre então porque estava inquieto. Os homens querem saber onde está o novo rei. Não podia ser a noticia mais trágica. “Encontrem o menino, me avisem, quero também adora-lo”.
Mas os anjos ainda estavam por ali e a tudo vigiavam e organizavam.
A história nunca mais seria a mesma. Deus estava agora morando na Terra. Foi assim que tudo aconteceu e assim será até o dia em que estaremos para sempre com Ele. Ele morou na Terra para que nós pudéssemos morar no céu.
Natal de 2010
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