Autor: Elias Teodoro
"As muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-los. Se alguém oferecesse to-dos os seus bens de sua casa pelo amor, seria de todo desprezado." (Cânticos 8:7)
INTRODUÇÃO
Alguém disse que: “o Casamento é uma fortaleza sitiada, cercada, quem está fora quem entrar, quem está dentro quer sair”.
Este tem sido o versículo mais usado nos nossos convites de casamento, muitos dos quais já terminaram num Cartório. Um amor à prova de vendavais precisa de maturidade. Inspirado no amor de Deus será um amor forte, aceso e tão rico que ninguém pode comprá-lo.
Parece que nos envolvemos demais com o romantismo dos contos de fada e desprezamos o amor bíblico e maduro que fortalece os relacionamentos. Os casais precisam redescobrir este livro.
Precisamos com urgência de um programa de apoio às famílias que discuta a fundo as questões diárias que nos levam a essas crises e com coragem tratarmos da saúde conjugal afetada.
I – ESTEJAMOS ATENTOS A ALGUMAS QUESTÕES FUNDAMENTAIS
Sem vigilância mútua nosso casamento se expõe. Essa vigilância implica em avalia-ções freqüentes. Quando nos avaliamos, de algum modo corremos o risco dessa liberdade, mais vale a pena. Alguns mitos precisam ser banidos no começo da vida conjugal:
1 – Nenhum casamento vem pronto e acabado – A felicidade do casamento é artesanal e requer paciência. Durante o noivado traçamos o projeto. Agora temos a vida inteira para a construção e reformo ou aprimorar o acabamento. O amor deverá ser vivenciado pela renúncia, diálogo aberto e liberdade de expressão.
2 – Qualquer casamento está potencialmente sujeito à separação – Somos pecadores, falíveis e o Evangelho não nos isenta de tribulação. Mas alguns preferem ser ufanistas cegos que pensam que serão felizes por causa da sua fé apenas piedosa. Outros influenciados pelo pessimismo que se abate sobre as famílias desistiram na primeira dificuldade. Em ambos os casos, tem resultado uma vivência amarga, porque as fraquezas não foram tratadas com amor.
3 – Nem todos estão preparados para encarar as diferenças individuais – Nosso risco começa no noivado. Nós sabemos da diferença mas disfarçamos por causa da conquista. Não discutimos e até nem “brigamos” por essas questões e “despachamos a bagagem” para dentro do casamento. Ser diferente é simplesmente normal. No aconselhamento pré-nupcial sempre en-contramos noivos que me dizem que são “almas gêmeas”, e isso não raro, resulta em choque futuro. O segredo, para mim, consiste em tirar bom proveito dessas diferenças em função da unidade. Este é um dos grande segredos da vida conjugal.
4 – Muitas vezes os grupos de apoio são também grupos de pressão – Muitos dos casamentos que já acabados resultaram da pressão de pais, familiares, sociedade e mesmo a igreja. Mas nem sempre nós estamos convicto do que queremos. O mesmo grupo que escolhe para nós um casamento poderá nos cobrar depois o nosso fracasso. A Igreja precisa incentivar o poder in-dividual de decisão e apoiar.
II – PRECISAMOS DE SABEDORIA PARA VENCER AS CRISES
Encarar a crise como normal e que precisa ver vencida com amor é preciso identificar o ponto trazido ao casamento ou adquirido na trama doméstica da inter-relação. Falaremos de crises mas na verdade queremos falar de níveis de relacionamento. A crise vem da não compreen-são de um bom relacionamento
1 – Crise de mando e de poder – Os três Poderes em nossa casa – Talvez uma das sérias. Geralmente não resolvida no noivado vai tomando força e prejudicando a boa relação conjugal. O autoritarismo e a subserviência são dois pontos fracos. Na maioria das vezes o autoritário é machista e freqüentemente desfaçado de conteúdo bíblico. Se Deus for mesmo o Senhor da nossa família e aprendermos o que Deus ensinou ao primeiro casal sabe-remos administrar harmonicamente a nossa família.
2 – Crise de economia e finanças – o dinheiro desponde por tudo – Esta crise está intimamente ligada a de mando e poder. Se Deus for o Senhor da casa e a nossa visão de mordomia for bíblica, ninguém será sócio majoritário. Primeiro o Reino de Deus, segundo o casal harmonicamente, com sabedoria, incluindo os filhos discutirão juntos as suas decisões.
3 – Crise sócio-familiar – os demais da família – Quando dois se casam, um leque de fraternidade ou de intrigas podem estar se abrindo. O casal precisa dar espaço aos demais familiares até o limite e não interferir em qualquer decisão a ser tomada pelos dois. Muitos pais falham porque continuam a dirigir seus filhos por “controle remoto”.
4 – Crise de criatividade, falta humor e relaxamento no lazer – Em geral os noivos procuram ser criativos, cheios de bom humor e promovem seu lazer. Quando se casam, em nome de muita ocupação, ganhar mais dinheiro ou muitos cursos, enterram esta chance de vida ao casamento. Saber “quebrar o gelo” e dar um novo toque de alegria a relação conjugal é para muitos a porta da saída da crise.
5 – Crise afetivo-sexual – o que a falta de carinho pode fazer – Muitos casais se queixam sempre da famosa diferença entre ser noivo e ser casado. É como se tivessem sido enganados. Muitas promessas não cumpridas. E no afeto a crise é grande. Quando abandonamos os pequenos gestos começamos a “matar” o afeto do outro por nós. Cada um deve Ter liberdade de se expressar livremente e o outro de entender o seu gesto. As outras crises atingem a esta e quando não temos mais motivo para estarmos juntinhos e aquecidos, em qualquer idade, entramos numa área de risco e não raro tem sido aqui a porta da infelicidade. Este tratamento não tem contra-indicação, serve em qualquer idade.
6 – Crise da fé bíblica – Espiritualidade – Na verdade, a resposta à todas essas crises está na Palavra de Deus. Muitas vezes para convencer a família, igreja e pastor dizemos que estamos “no plano de Deus”, mas é o cultivo diário da Bíblia, oração em família, testemunho da palavra que manterão a família em pé. Sem espiritualismo falso.
CONCLUSÃO
Jamais minimize a crise nem a superestime. Juntos em oração, renúncia e franco diálogo, muitas crises serão vencidas. É preciso incrementar o aconselhamento bíblico da família nas igrejas e grupos de casais de mútua ajuda e que sejam confidentes.
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