Vamos ver se o cabra é macho

Autor: Marcos Inhauser

O recente episódio classificado por muitos como mais um destempero verbal do presidente Lula, que insiste em partir para os improvisos, me fez lembrar do personagem Odorico Paraguaçu, quem sempre tinha um “improviso” preparado para suas falas. O Lula tem se mostrado o anti-Odorico: tem o discurso escrito, deixa-o de lado e parte para as suas metáforas e destemperos.
No caso deste último que tem dado muito pano para manga, ele falou uma coisa que a nação está cansada de saber, que todo mundo repete e que as pesquisas acabam de mostrar uma vez mais: há uma generalizada consciência nacional de que a corrupção é grande no país, que os políticos são corruptos e que os processos de privatização estão sob suspeita popular e de muitos outros mais bem informados e entendidos nos assuntos.
Ele não falou novidades e o que ele falou é crível pela grande parcela da população. O  que ele falou não é problema, nem que ele tenha pedido para segurar a barra um tempo para poder acertar as coisas. O problema é que ele falou, e agora parece que vai “des-falar”, dizendo que o que disse não é o que disse e que o que entenderam não é o que entenderam, bem ao estilo dos discursos odoricoparaguaçuanos.
Como nordestino que se preza em ser cabra macho (no sentido de gente de palavra, que agüenta o tranco, que vai às últimas conseqüências, e não sentido machista do termo), esperava do presidente uma atitude de coragem, de ousadia, de dizer que “o que eu disse eu disse mesmo e vou mandar apurar para provar que o que disse é verdade”. Mas esta atitude tíbia, flácida de dizer e depois ficar no chove-não-molha, em-cima-do-muro, me decepciona.
Neste quesito, a nação tem carecido de gente de probidade, de cabras-macho, que venham a público, denunciem e sustentem suas denúncias e provem o que dizem ou peçam as investigações devidas.
Neste sentido há uma plêiade de promotores públicos que têm saído à caça dos corruptos, há batidas da Polícia Federal em suas operações, mas o fruto final que é a repatriação do dinheiro público aos cofres, nada se vê.
Onde estão os milhões que a Georgina do INSS levou? Quantos voltaram para os cofres públicos? E os milhões do esquema Lalau? Quantos voltaram? E as contas do Maluf? E o dinheiro dos fiscais do INSS na Suíça, que conseguiram uma liminar impedindo os promotores de irem se encontrar com as autoridades da Suíça para tentar reaver o dinheiro?
De que lado está a justiça? Ela é lenta e paquidérmica no julgar ações, mas célere qual bólido de Fórmula 1 quando se trata de elevar os salários dos juízes, desembargadores e outros do colegiado jurídico.
Quero ver o cabra ser macho e a oportunidade está aí!

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*