Autor: Wilson Guimarães
Pedro, Tiago e João tiveram uma experiência carismática e inexplicável ao lado de Cristo no monte da transfiguração. É verdade que, em todo o mundo, cristãos devotos e sinceros afirmam receber ou ter arrebatamentos espirituais diante de uma experiência transcendental e mística. Nós não nos abrimos, diante desses casos, sem antes fazer uma crítica severa e dura, pois o cristão deve viver pelas convicções da fé e não pelos tatos sensoriais. Mas também não temos como negar a aproximação divina junto a nós humanos arrependidos. Vemos isso em toda Bíblia, como é o caso de Jacó diante do anjo que o tocou, Moisés ao ver a sarça, e os discípulos apresentados aqui nesse texto. Deus verdadeiramente fala e toca em seus filhos como quer e onde quer. Mas talvez o problema não é a experiência em si, mas saber por que razão isso ocorre. Antes de acharmos que somos mais espirituais que outros, diante de uma teodicéia, devemos questionar primeiro a finalidade, saber para onde Deus quer nos guiar ou falar. Com isso estou afirmando que a forma que Deus encontra para se aproximar de nós não é tão importante quanto o porquê da aproximação. Qual a mensagem, qual a tarefa que Deus quer nos passar?
Aproveitando a experiência dos discípulos nesse texto de Mateus, alguma lição poderia tirar. Primeiro, é Deus quem nos leva ao monte da transfiguração e não o contrário, ou seja: devemos viver de forma simples e normal como qualquer outro mortal, sem nos preocupar em buscar arrebatamentos espirituais sem que Deus tenha nos convidado para isso. O perigo é trocarmos o andar pela fé, sem ver ou sentir, por experiências sublunares e fanáticas. Segundo, o monte pertence a Deus e não a nós. Não deve haver nenhuma intenção de se criar cabanas para crentes diante do inexplicável. Permanecer no monte desprotegidos e atentos à presença de Deus deve ser a nossa postura. Nada de fazer cabanas para mortais. A idéia é que, quem sobe ao monte deve saber que também deve descer dele o mais rápido que possível for. O perigo da falta de entendimento é formar romarias evangélicas e peregrinações infindáveis diante de lugares ou coisas. Terceiro, o Senhor do monte sempre tem uma mensagem a respeito de Cristo para nos entregar. Todo cuidado de Deus é fazer conhecido o nome do seu filho. Nada de mensagens pessoais, tais como: se vai casar, comprar ou morar em determinado lugar… Quem tem uma experiência carismática deve sair do monte amando mais a Cristo e sua mensagem. Quarto, o monte se tornou interessante e terrível, não pela sua grandeza física, mas pela presença do seu Deus. Mesmo que eu permaneça em minha casa, em meu quarto, o Deus do monte lá está. Não é o lugar o mais importante, mas Deus que nos visita. Isso pode ocorrer no carro, no ponto de ônibus, em qualquer lugar desta terra. Nada, absolutamente nada, poderá impedir a voz de Deus aos meus ouvidos. Depois que o véu do templo foi rasgado, não há mais nada que possa intermediar ou atrapalhar a nossa aproximação diante de Deus.
Vivamos pela fé, que o transcendente nos alcançará
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