Testemunho de um moço recuperado das drogas

Autor: Leandro Damasceno

Sou natural da cidade de Santiago – RS, tenho 20 anos. Aos meus 7 anos de idade vi minha mãe em um leito, vítima de um câncer pulmonar, apontando para uma pentiadeira, ao lado da cama aonde estavam muitos remédios. Estava só em casa, e quando fui chamar meu pai, ela faleceu. Não compreendia profundamente a perda dela, só pensava que toda a dor havia passado.
Antes…

Fiquei morando alguns meses com meu pai, e meu irmão que tinha nove anos foi morar com meus avós paternos. Então meu pai começou a se aprofundar no álcool. Sendo eu muito apegado a ele, começava a ir junto a bares e festas. Passou-se um tempo e fomos todos morar com minha avó, onde com oito anos comecei a fumar cigarro escondido. Me dedicava nos estudos e tinha muitos sonhos. Empenhei-me em ser um atleta de futebol, fiz alguns testes, cheguei até mesmo a passar para jogar no Grêmio Sport Clube Portoalegrense, mas não tinha-mos condições financeiras.
Aos meus 14 anos terminei o 1º grau, precisando trocar de escola, conhecendo novos amigos. Fui convidado para ir a um festival de minha cidade. Peguei dinheiro escondido de minha avó e saí. Lá, em meio a garotas, músicas e bebidas, me foi oferecido a droga… e eu aceitei! Tudo parecia muito colorido, uma festa embalada pela frase: sexo, drogas e Rock in Roll. Comecei mudar radicalmente minha maneira de ser, falar, vestir. Decaí na escola. No começo omiti aos meus familiares, mas não foi por muito tempo, pois eu saía 7:00h da manhã e retornava às 4 ou 5:00h da madrugada da noite seguinte, e cheguei ao ponto de deitar às 6:30h, só para que meu pai pensasse que eu havia passado a noite em casa. Já estava aprofundado; daquele cigarro de maconha no fim de semana, passei a usar de 8 a 10 deles por dia; saía de casa rumo à escola e ia para as bocas de tráfico.
Aos 15 anos de idade foi-me apresentada a cocaína, foi então que comecei a tirar objetos de dentro da minha casa para trocar por drogas (folhas de cheque, roupas). Minha avó já não dormia mais, meu pai, aprofundado no álcool e minha tia tentava me ajudar, mas eu não queria. Certa feita meu pai pediu-me para que eu parasse com as drogas, porque elas me matariam, mas eu lhe respondi: – “Cuide seu vício que eu cuido do meu”.
Passado um tempo conheci um jovem que parecia fazer tudo o que queria, e descobri que ele usava drogas injetáveis, então usei essa droga; não foi durante um ano, um mês ou sequer uma semana, mas foram apenas 5 ou 6 horas. Não tinha como dar errado, tínhamos duas seringas e uma certa quantia de droga, suficiente para as duas pessoas que iam usar. Mas naquela noite aconteceu o que achava que nunca aconteceria comigo: eu contraí o vírus “HIV” (AIDS). Quando descobri que estava doente passou-se um filme em minha mente; meus sonhos, metas e objetivos, haviam sido roubados pela droga.
Daí por diante comecei a afastar-me dos meus amigos e eles me perguntavam o que estava acontecendo, então decidi abrir-me com um amigo e ele me apoiou. Nessa época estava tão afastado da minha família, que meu pai tentava falar comigo e eu sempre estava drogado, e quando conseguiu falar comigo disse que estava programando-se para ir embora. Eu estava muito confuso e revoltado e não aceitava nada mais que eles dissessem. Nada dava certo. Observava meus amigos estudando, progredindo e se estabilizando financeiramente, enquanto eu só regredia.
Certa noite peguei a arma de meu avô, para tirar minha vida, mas não tinha coragem. Internei-me em uma clínica, mas não consegui mudar minha maneira de pensar, depois fui para uma fazenda, mas não adiantava estava sem esperança. Quando estava com 18 anos encontrava-me sentado nas calçadas da minha cidade, todo sujo, sozinho, e olhava para o céu, me questionando: – “Se DEUS existe e me der uma oportunidade eu não vou deperdiça-la. Diz a Palavra de DEUS, que: “Seus ouvidos não estão agravados para que não possa ouvir, e nem sua mão encolhida para que não possa nos ajudar (Isaías 59.1), e Ele me ouviu, na minha angústia em meio às lágrimas que rolavam no meu rosto.

… e depois!

Hoje estou há quase dois anos no DESAFIO JOVEM DE TRÊS COROAS, ajudando pessoas que tem chegado a este lugar para buscar uma vida nova. Dos meus amigos, muitos estão presos outros que tinham tudo para se dar bem perderam a oportunidade por causa das drogas. O jovem que me espelhei para usar a droga injetável, morreu debilitado pelo vírus do HIV, cuspindo sangue dentro de uma prisão, garotas estão na prostituição e outras nas drogas. Não estou aqui como alguém que não soube curtir as drogas ou que vacilou na vida, mas estou aqui como uma placa viva das conseqüências das drogas.
“Irmãos, quanto a mim, não julgo que haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim.” (Filipenses 3.13)

Querendo ajuda ou contribuir com o Desafio Jovem entre em: http://www.desafiojovem.org.br/drogas_relatos.htm

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